Assembléia Universitária Relatório da Reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 1999
Autor: Padre Jesus Hortal
Relatório da Reitoria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 1999
16/12/2008

 

 

 

 

Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1999.

 

 

 

De:      Pe. Reitor

Para:   Membros da Assembléia Universitária

 

 

 

Prezado Membro da Assembléia Universitária,

            Tenho a satisfação de colocar em suas mãos o Relatório da Reitoria relativo ao ano de 1999. Como em anteriores ocasiões, nele não pretendi ser exaustivo em relação a tudo o que foi feito, na Universidade, no ano que está terminando. Apenas destaco alguns pontos que me parecem mais significativos. O trabalho executado é de tal grandeza que precisaria de muito mais espaço para enumerar tantas realizações, dificuldades, esforços e metas conseguidas. Peço desculpas, se omiti algo que deveria ter sido destacado.

            Dada a impossibilidade de uma discussão em profundidade, durante a sessão da Assembléia, que, por sua própria natureza, é limitada, peço que, se assim o achar conveniente, me encaminhe por escrito os seus comentários e sugestões, que poderiam posteriormente ser examinadas nas reuniões de Diretores ou do Conselho Universitário. Poderá fazê-lo inclusive, se assim o desejar, através do meu endereço eletrônico:  hortal@mail.rdc.puc-rio.br   A colaboração de todos é fundamental para o bom andamento da nossa Universidade e a todos prometo não apenas uma consideração atenta das suas mensagens, mas também uma resposta pessoal.

            Obrigado pela sua compreensão e pelo trabalho desenvolvido neste ano de 1999,

 

 

                                                                                              Pe. Jesús Hortal Sánchez, SJ

                                                                                                                  Reitor

 

 


RELATÓRIO DA REITORIA 1999

 

Srs. Professores,

Srs. Membros do Conselho de Desenvolvimento,

Por quarto ano consecutivo, compareço perante esta Assembléia Universitária, de acordo com os nossos Estatutos, a fim de apresentar uma visão panorâmica do ano de 99, na nossa PUC. Tentarei ser o mais objetivo possível, embora para quem, como todos nós, a Universidade forme parte de nossas vidas, seja difícil tomar distância e falar sem paixão, especialmente após um ano tão cheio de dificuldades, mas também de realizações, como o de 1999. A minha tarefa não é a de apresentar realizações pessoais ou as da Administração Central. A PUC vive e progride graças ao esforço de muitas pessoas idealistas, que lutam no dia-a-dia. Tudo o que foi realizado é fruto do esforço delas e a elas é que devem ser dirigidos os elogios. Por isso, não cito pessoas em particular. Todos compartilham os mesmos trabalhos e a todos dirijo o meu agradecimento.

 

 

 

I. A excelência acadêmica.

 

Transformou-se num lugar comum a afirmação de que a PUC se caracteriza pela excelência acadêmica. Por isso mesmo, corremos o perigo de contemplarmos com visão distorcida a nossa realidade atual, embalados pela lembraça de glórias passadas. A excelência não é uma meta que se atinja uma única vez, mas um ideal que deve sempre ser perseguido. E esse ideal não se pode restringir a certas áreas do conhecimento ou a um determinado nível de estudos. Não pretendemos uma Universidade que se distinga apenas na Graduação ou na Pós-Graduação, nas Ciências Humanas, nas Sociais ou nas Tecnológicas. Todas esses campos e níveis do saber são o horizonte da nosssa excelência. Ainda mais, ela se volta não apenas para a formação científica, mas visa também e de modo especial para a formação humana. Se trabalhamos na Universidade, não é apenas para formarmos cientistas capazes ou pesquisadores eficientes, mas homens e mulheres que, inspirados no humanismo cristão, saibam contribuir para o aperfeiçoamento da nossa sociedade, dando-lhe um rosto mais humano. Nesse sentido, gostaria de chamar a atenção para o nosso Marco Referencial, documento fundamental para compreendermos a nossa identidade e a direção de nossos esforços. Seria desejável que todos os professores o lessem e o relessem, individualmente ou em grupos, a fim de assimilar o seu espírito e poder transmiti-lo. Com essa finalidade, está sendo distribuído, mais uma vez, a todos os participantes desta assembléia.

Não tendo havido novas avaliações da CAPES, não creio necessário repetir, para a pós-graduação stricto sensu, as considerações que teci no meu relatório do ano passado. Creio que não houve variações significativas ao respeito. Por isso, estender-me-ei algo mais sobre a graduação.

Para nós, a graduação não é apenas uma série de cursos que preparam para o mercado de trabalho, mas um conjunto harmônico com o esforço da PUC de transmitir e produzir o conhecimento científico. Podemos lembrar, a esse respeito que, neste ano, celebramos o nosso VII Seminário do PIBIC. O volume com os resumos dos trabalhos apresentados atesta eloquentemente o quanto progrediram os nossos alunos de graduação, no trabalho de pesquisa. O pessoal do CNPq que acompanhou esse seminário ficou favoravelmente impressionado. Neste ponto, só temos a lamentar as incertezas que o citado organismo governamental lança sobre a continuidade de um programa tão auspicioso. A mesma coisa se diga do PET, agora oficialmente prorrogado por mais um ano.

Sem dúvida, os diversos indicadores de qualidade em relação aos estudos, publicados pelo MEC ou pelos meios de comunicação social, embora não sejam suficientes, são importantes para medir as nossas realizações. Nesse sentido, alegra-nos ver que publicações especializadas, como o Guia do Estudante, continuam a colocar-nos entre as quatro ou cinco melhores Universidades do país, dentro de um conjunto de mais de cento e quarenta.

Também neste ano, os integrantes das comissões de visita do MEC manifestaram admiração e emitiram pareceres muito favoráveis a respeito das condições de oferta dos nossos cursos de graduação, refletindo a grande qualidade do nosso corpo docente, assim como o esforço de atualização constante dos nossos laboratórios, bibliotecas e instalações em geral. As nossas tradicionais dificuldades orçamentárias, contudo, impedem-nos atingir os níveis ideais em relação à jornada de trabalho do nosso corpo docente, o que se reflete sobretudo nos conceitos emitidos pelo MEC sobre este item, concomitantemente à publicação dos resultados do Exame Nacional de Cursos (o “Provão”). Precisamos melhorá-lo, na medida do possível. Mas tal esforço seria inútil, na prática, se não houver uma permanência e um trabalho dos professores na Unniversidade concordes com a jornada de trabalho contratada. É necessário encarar seriamente o problema da inserção múltipla e da falta de dedicação plena à PUC de alguns integrantes do quadro principal do nosso corpo docente. O Estatuto da Carreira Docente exige de todos os membros do quadro principal não só um ensino de qualidade, mas também um trabalho empenhativo de pesquisa e uma colaboração nas tarefas administrativas. Nesse sentido, publiquei uma portaria bem clara. Para além dos limites de caráter legal, que talvez poderiam ser invocados no caso do pessoal mais antigo, espero da lealdade dos nossos professores e do esforço sincero dos Departamentos que, cada vez mais, possamos aproximar-nos do ideal.

Continuando a falar da qualidade, não nos podem deixar satisfeitos, conforme já indiquei no ano passado, as notas do referido ENC, em relação a alguns cursos. Houve neste ano uma melhora clara, é verdade: dois cursos - Jornalismo e Direito passaram de C para B - e nenhum caiu para conceito inferior ao do ano anterior. Repetiram-se, porém, algumas notas inferiores, que nos deixam extremamente preocupados. Ora, a excelência se demonstra com a nota máxima e com esforço permanente para obtê-la. Mesmo levando em conta a falta de responsabilidade fomentada nos alunos pela não divulgação das notas individuais, estamos longe de apresentar resultados plenamente satisfatórios. Se, nos primeiros anos, caberia alguma dúvida sobre o sucesso ou fracasso desse tipo de avaliação no Brasil, creio que hoje se pode dizer que ele se firmou e que a opinião pública olha para ele como para um dos indicadores mais seguros de qualidade. Daí o esforço redobrado que deveremos envidar para melhorar os nossos resultados.

A nossa avaliação interna continuou a ser aplicada sistematicamente. Devemos reconhecer que os alunos a tomaram suficientemente a sério, até o ponto de fornecer-nos um indicador precioso do nosso desempenho em sala de aula. Já no ano passado, chamei a atenção para a necessidade de que as Comissões Gerais e da Carreira Docente se debruçassem com todo empenho sobre os resultados dessa avaliação. Este ano, renovo o apelo nesse sentido. Falta ainda uma aplicação sistemática dos mecanismos previstos no Estatuto da Carreira Docente, a fim de assegurar a manutenção da qualidade e a renovação do corpo docente.

A demanda pelos nossos cursos, medida pelas inscrições no vestibular, pode ser também um indicativo daquilo que deve ser melhorado. Sofremos este ano uma baixa quase geral no número de inscritos, apesar do redobrado esforço de divulgação que fizemos. Sem dúvida, a crise econômica tem muito a ver com esse fato, mas há cursos nos quais podemos estar recebendo um sinal negativo do modo como são vistos pela opinião pública. Por isso, julgo necessário continuar os esforços de revisão de currículos, de inovação e de introdução dos nossos estudantes na pesquisa. É um esforço contínuo, que não pode esmorecer.

Duas novidades podem ser mencionadas nesse sentido: o início do curso sequencial em Relações Internacionais - agora já aberto para o público externo - e o início das atividades da Coordenação de Educação à Distância. Neste último campo, não há dúvida que podemos ocupar um lugar de destaque. Dispomos de magníficas ferramentas, produzidas na própria PUC e temos a capacidade de oferecer produtos da mais alta qualidade. Para uma instituição como a nossa, com fortes limitações de espaço físico, a Educação à Distância possibilitará uma forte amplição de nossas atividades, que, de outro modo, seria impossível.

Mais uma vez, ao longo deste anos de 1999, a nossa excelência acadêmica teve o reconhecimento externo, manifestado nos numerosos prêmios que recebemos. Cito alguns:

·         Primeiro Prêmio de Integração Universidade-Indústria, “Programas de empreendedorismo nas Instituições de Ensino Superior”, concedido à Universidade, pelo Instituto Euvaldo Lodi.

·         Segundo lugar no Prêmio Literário CIEE/ABL – Escritor Universitário Alceu Amoroso Lima, obtido pela aluna de Desenho Industrial Renata Muniz.

·         Primeiro lugar no concuso de Madeiras, Móveis e Design, promovido pelo IBAMA, através do Laboratório de Produtos Florestais, e concedido ao Prof. José Luiz Ripper.

·         Prêmio do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais, obtido pela aluna de Publicidade Fernanda Vilela Cauli.

·         Prêmio Margarida de Prata, concedido à longa metragem “Castro Alves”, do nosso professor Sílvio Tendler.

Também neste ano, foi intensa a participacão dos nossos docentes em Congressos e Seminários. Seria interminável enumerar todos eles. Destaquemos apenas alguns que se celebraram no nosso campus:

·           XIX Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (SBC ’99).

·           Encontro de Escritores Portugueses, promovido pelo Departamento de Letras.

·           XI Encontro Nacional de Novos Editores.

·           Encontro Multidisciplinar sobre Novas Epistemologias: Desafios para a Universidade do Futuro.

E não podemos esquecer, a enorme variedade de palestras, seminários, encontros e promoções culturais de todos os tipos, que se realizam no campus. Todos eles contribuem para a formação e a abertura de novos horizontes dos nossos alunos.

Um indício do apreço de que gozamos na comunidade científica e acadêmcia internacional é o crescimento das solicitações que recebemos de intercâmbio internacional e das possibilidades crescentes que podemos oferecer, neste campo, aos nossos alunos. Eu mesmo pude comprovar pessoalmente esse apreço na inauguração do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Middlesex, no Grande Londres, onde participei como orador convidado. Estamos  sendo procurados, quer diretamente, quer através dos serviços consulares, por uma gama variada de centros de estudos superiores das Américas, da Europa e da Austrália. A presença de perto de sessenta estudantes estrangeiros de graduação no nosso campus - sem contar os da a pós-graduação, bastante numerosos nas áreas teçnicas - alarga também os horizontes do nosso corpo discente.

A Coordenação Central de Extensão continuou a ampliar o seu campo de ação, especialmente com cursos de especialização, ou seja, pós-graduação lato sensu. Também aqui temos que procurar a excelência, pelo que seria muito bem-vinda uma avaliação externa, que nos indicasse a qualidade dos nossos produtos.

 

II. A Comunidade Acadêmica.

 

Com muita frequência, escuto, nas inumeráveis reuniões e recepções em que tenho que participar, referências aos estudos realizados e aos anos transcurridos na PUC por personalidades de destaque na vida pública brasileira e mesmo do exterior. O ser puquiano é uma realidade exaltada com orgulho pela imensa maioria dos que passaram pelo nosso campus. Como também deve sê-lo para os que atualmente nos encontramos nele. O trabalho de construção da comunidade não é fácil nem rápido. Sem dúvida, da parte da Universidade, espera-se uma valorização dos corpos docente, discente e administrativo, ao mesmo tempo que se procura melhorar as condições de oferta para os alunos. Por isso, ao longo dos anos em que me encontro à frente da Reitoria, apoiei todas as ações para manter os salários num nível digno. Há tempo que as remunerações da PUC-Rio se encontram num patamar superior ao das Universidades Federais. Devemos, porém, reconhecer que o nosso plano de aposentadoria é insuficiente, pelo que a renovação necessária do nosso quadro docente se tem processado com medidas, às vezes, traumáaticas, embora sempre com rigoroso reconhecimento dos direitos de cada um.

Instrumentos fundamentais para a construção da nossa comunidade são as associações que congregam os diversos segmentos da Universidade: AFPUC, Coopertiva dos Funcionários, DCE, CCAA. No momento, a associação dos docentes (ADPUC) parece adormecida. É verdade que o amplo sistema representativo - das comissões gerais  e da carreira docente, aos conselhos departamentais, de Ensino e Pesquisa e Universitário; sem esquecer o Conselho dos Titulares e o da Pastoral - pode parecer suficiente. Eu me pergunto, porém, se não seria desejável um órgão representativo do corpo docente, que pudesse servir de interlocutor com a administração central.

São lamentáveis os incidentes ocorridos com motivo das eleições estudantis. Ninguém pode negar o direito de recorrer à justiça comum, para resolver pendências e discórdias, mas pergunto-me se, considerando a autonomia da Universidade, era esse o meio mais adequado, nas circunstâncias atuais. Prescindiu-se das instâncias internas, que, como a Vice-Reitoria Comunitária e a Assessoria Jurídica, sempre atuaram com correção e justiça. Criou-se assim uma situação esdrúxula de acefalia estudantil, que não nos pode deixar satisfeitos.

Uma outra associação, a dos Antigos Alunos, merece destaque neste relatório. Por primeira vez no fim do ano passado, celebrou o “Dia do Antigo Aluno”, que neste ano de 99 atingiu volume significativamente maior. A Associação possui um amplo programa cultural, colabora com a PUC no apoio a alunos carentes e mantém relacionamento fraterno com associações congêneres de outras instituições jesuíticas, no Brasil e na América Latina.

As atividades pastorais se enquadram também no esforço de construção comunitária. Continuaram a marcar presença no campus os numerosos grupos de professores, funcionários e alunos, vinculados ou não aos diversos movimentos de espiritualidade. Mais uma vez, tivemos participação destacada na celebração do Congresso Universitário Católico do Rio de Janeiro, celebrado este ano na UERJ, com forte presença sobretudo dos alunos da PUC. Notável e tocante foi também a administração do sacramento da confirmação a 26 dos nossos alunos, alguns dos quais receberam também a primeira Eucaristia. Também foi importante a celebração de missas e outros eventos religiosos em oportunidades como a abertura do ano escolar, a Páscoa, a Festa do Sdo. Coração de Jesus ou as formaturas. E seria injusto esquecer o Centro Loyola de Fé e Cultura, com tão numerosos eventos que evidenciam o diálogo vivo entre fé e cultura, que acontece cotidianamente no nosso campus.

 

 

 

III. O espaço físico

 

Continuamos, ao longo do ano, nossos esforços, a fim de oferecer melhores condições para o desenvolvimento de nossas tarefas. A adaptação da antiga residência para as novas finalidades, já praticamente concluída, permitirá uma melhor instalação não só da Fundação Pe. Leonel Franca e dos projetos por ela apoiados - que deixarão o espaço que atualmente ocupam para a expansão do Departamento de Informática -, mas também dos Departamentos de Letras e de Serviço Social, do NEAM, da CCESP, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais e da Associação de Antigos Alunos, assim como das  Coordenações de Intercâmbio Internacional e de Educação à Distância. Igualmente, naquele prédio está sendo instalado um novo restaurante, de nível superior ao das atuais opções de alimentação existentes no campus, que responde a uma velha aspiração de muitos professores.

Após um esforço que começou ainda no tempo do Pe. Laércio, para conseguir os fundos necessários - exclusivamente provenientes de doações e patrocínios -, começou e progride a bom ritmo a construção do novo ginásio, em substituição ao atual, que por imposição do IPHAN deve ser demolido. No lugar deste, iniciaremos, logo que possível, a igreja universitária, que ficará assim localizada, como corresponde ao seu caráter, no coração do nosso campus. Após sessenta anos de existência, em 2001, a PUC passará a contar então com um símbolo bem visível de seu caráter católico. Para essa construção, contamos com a generosidade dos fiéis católicos, que já aportaram uma quantia significativa, embora ainda insuficiente, através das coletas das missas celebradas nos fins de semana na nossa capela.

Está começando também a construção do primeiro bloco do Centro de Direção e Gerência, ou seja, do nosso Departamento de Administração, cujas atividades se encontram atualmente muito limitadas pela falta de espaço físico. Os recursos são do próprio Departamento e de patrocínios diversos. E já temos perspectivas firmes para a construção do novo Departamento de Artes, que espero poder iniciar no próximo ano.

Creio que não preciso repetir cansativamente as notícias a respeito da atualização de laboratórios e facilidades acadêmicas no nosso campus. Baste citar dois empreendimentos que, por serem em áreas não tecnológicas, mostram a nossa preocupação de excelência em todos os campos: o novo laborartório de ensino de línguas, do Departamento de Letras, e o laboratório de computação gráfica do Departamento de Comunicação, com 27 Computadores McIntosh. e Continuamos e continuaremos o esforço de melhoria de nossas instalações, por ser um dever para com os nossos alunos.

 

 

 

IV. A Situação Financeira

 

No fim do ano passado, nesta ocasião, mostrei as consequências que se derivariam, para a PUC-Rio e para as Universidades Comunitárias, em geral, da nova legislação sobre filantropia. Não obstante os esforços de todo o tipo, realizados perante as autoridades públicas, a regulamentação da Lei veio agravar ulteriormente o problema. Vimo-nos, então, constrangidos a demandar amparo à Justiça, contra o que nos parecia um desrespeito dos princípios constitucionais. Durante três meses, tivemos que recolher em juízo as quantias supostamente devidas da quota patronal do INSS, no montante de mais de três milhões de reais, que até agora se encontram bloqueados em conta específica na CEF. Obtida, primeiramente, uma liminar em nível local e, depois, com base na liminar concedida pelo STF à Confederação Nacional da Saúde, ficamos eximidos, provisoriamente, dessa recolhida. Não podemos, porém, esquecer que a situação atual é provisória, até o julgamento do mérito pelo STF. Se esse julgamento nos for desfavorável - o que espero que não aconteça -, a nossa situação financeira se tornaria extremamente delicada. Por isso, a nossa administração deve ser acentuadamente cauta.

Como um modo de compensar as instituições pela perda das vantagens da filantropia, e a fim de substituir o CREDUC, fortemente degradado nos últimos anos, o MEC lançou o programa de Financiamento Estudantil (FIES). É ainda prematuro fazermos uma avaliação dele. Pairam, sem dúvida, sobre ele alguns pontos de incerteza: a tradicional impontualidade do MEC e da CEF, administradora do programa, na liberação dos recursos; o pagamento em papéis da dívida pública, cuja utilização, por enquanto, está restrita ao pagamento de obrigações junto ao INSS; condições muito duras para os alunos, que impossibilitam receber ajuda precisamente aos mais carentes. De acordo com as normas promulgadas, os alunos que tinham bolsas das instituições que gozavam da isenção do INSS devem receber o financiamento com valor retroativo ao mês de maio. Contudo, nenhum pagamento foi liberado até esta data. Entretanto, a Universidade continua a não cobrar nada deles, arcando assim com um financiamento que não deveria ser dela.

Também em anos anteriores, falei das dificuldades crescentes para obter a liberação das assignações orçamentárias que tradicionalmente nos eram concedidas como apoio à pesquisa. A linha declinante constatada já desde a década de oitenta, continuou. O orçamento da União de 1999 destinava a esta rubrica apenas R$ 500.000,00. Até agora, conseguimos liberar apenas R$ 150.000. Pior ainda, o Secretário Geral do MCT manifestou claramente que não haverá renovação do nosso convênio atual, que expira com este ano; a mesma coisa foi comunicada à COPPE, que tradicionalmente recebia uma verba análoga, embora bem maior do que a nossa. Cada vez fica, pois, mais clara a política de retração do Governo Federal em relação à pesquisa científica. As instâncias governamentais acenam com os projetos financiados pelos fundos gerados, através das agências reguladoras pelas empresas e serviços privatizados (ANP, ANATEL, ANEEL, etc.),.  Sem dúvida, esses fundos são importantes, mas não podem cobrir todas as nossas necessidades de financiamento no campo da pesquisa, pois, além de dirigir-se fundamentalmente para as áreas tecnicas, praticamente não prevêem gastos de pessoal. Contrariamente ao Governo Federal, o Estadual está fortalecendo a sua atuação nesse campo. Na FAPERJ, temos encontrado um apoio como nunca antes tivemos, inclusive com programas inovadores, como o de Cientista do nosso Estado. Mas é evidente, pela própria natureza das coisas, que a FAPERJ não tem capacidade para suprir todas as demandas do fomento à pesquisa no Rio de Janeiro.

As dificuldades de que falei nos obrigaram, neste ano de 99, a reajustar as nossas mensalidades numa proporção que não desejávamos. Por isso, para o próximo , o faremos numa percentagem menor, de 6,8%, inferior portanto à inflação do período.

 

 

V. Conclusão

 

Neste bvreve panorama de nossa Universidade, que acabo de traçar, pudemos contemplar lutas e realizações, preocupações e esperanças ao longo do ano de 1999. As luzes são muito maiores do que as sombras. Sem dúvida, uma vez mais, podemos afirmar, com gratidão, que a providÊncia divina nos acompanhou ao longo do ano. Mas tamb[em é verdade que tudo o que foi feito foi fruto do esforço de uma comunidade que, para caminhar, deve permanecer unida. Todos almejamos as mesmas metas e queremos atingi-las. A esse respeito não seria justo encerrar este relatório sem mencionar ea agradecer o esforço realizado, ao longo dos anos que trabalhou no nosso meio, por alguém que nos deixou, chamado à presença de Deus: o professor Paulo Fiúza Bocáter. Sempre atento às necessidades dos diversos departamentos, suportando com coragem as dificuldades inerentes a um cargo que, por causa da escassez de recursos, nunca foi fácil na PUC. Na sua última doença, soube lutar com valor e dignidade, até o último momento, deixando-nos um exemplo inesquecível de fortaleza e dedicação. Certamente, Deus Nosso Senhor já o terá recompensado por tantos trabalhos como realizou. Para nós fica a lembrança emocionada e o estímulo para - como o nosso brasão insinua -, remontarmos o vôo na direção do infinito, para trabalharmos com toda a dedicação na construção de um centro de excelência que corresponda ao ideal que traçaram os fundadores da Pontifícia Universidade católica do Rio de Janeiro, a nossa PUC.

Muito obrigado!

Rio de Janeiro,  16 de dezembro de 1999.

 

 


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