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Tipo de Clipping: WEB

Data: 07/12/2014

Veículo: Extra

De escritório no carro a corrida de mototáxi, o que os atores fazem para driblar o trânsito
07/12/2014

RIO - Todo mundo que já ficou preso em um engarrafamento sabe que o caminho diário para o trabalho pode ser motivo de estresse nas grandes cidades. No Rio de Janeiro, quem trabalha na Zona Oeste e não vive por lá costuma passar boa parte do dia em meio ao fluxo intenso de veículos. E se tem algo democrático nessa vida, é o trânsito. Seja rico ou pobre, famoso ou anônimo, todos precisam esperar o carro da frente andar como o resto da fila. E ali, no veículo ao lado, pode estar uma das caras que o espectador vê nas novelas e séries da TV Globo enfrentando o tráfego a caminho do Projac, situado em Jacarepaguá, na Zona Oeste. 
Enquanto alguns atores programam atividades para tornar útil o tempo que passam presos dentro do carro, outros pensam em formas alternativas de dar conta de todos os compromissos a tempo. Para Maria João, a Diana de “Boogie Oogie”, chega a ser quase uma vantagem passar um tempinho engarrafada no trajeto de sua casa, em Ipanema, até os estúdios do Projac. 
— O horário que vou é normalmente no fim da manhã, então é aquele momento fundamental para organizar meu dia. O carro vira quase um escritório, fico com iPad, celular, agenda, e aí aproveito para fazer coisas burocráticas, mandar e-mails, falar com as pessoas. Porque quando chego no estúdio eu posso desligar e focar — conta a atriz.
Maria, que é portuguesa, vê ainda mais um lado positivo em resolver suas pendências a caminho do trabalho: 
— Tenho muitos negócios em Portugal e esse momento é ótimo, por causa do fuso horário. Consigo falar com todo mundo. Quando saio do estúdio às 21h, o dia já acabou por lá.
TRÂNSITO PIOROU, DIZ ATRIZ
Essa é a segunda vez que Maria João mora no Rio. A primeira foi em 2002, quando veio ao Brasil para fazer “O clone”. Acabou passando mais tempo no país e colocando outros trabalhos no currículo, como a novela “Sabor da paixão” e o infantil “Sítio do Picapau Amarelo”. Apesar de aproveitar a cerca de uma hora que passa diariamente no trânsito de ida (“Muitas vezes mais, se tiver engarrafamento”, diz), ela sente uma enorme mudança nesta volta, depois de quase 10 anos longe da cidade.
— Não sei se aumentou o número de carros, mas senti uma diferença enorme. O trânsito ficou muito mais lento. Pelo menos vou com o carro da produção, com motorista, e consigo fazer algo útil — observa ela, cujo recorde no trânsito foi de 3 horas do Projac até sua casa.
Atriz e escritora, Fernanda Torres já até escreveu uma crônica sobre o assunto, e atesta a mudança sentida por Maria João em seus anos de gravações de “Tapas & beijos”. Há algum tempo, pediu carro com motorista para poder resolver seus problemas no trajeto. Depois, no entanto, desistiu: hoje, leva um travesseiro para dormir no caminho até o Projac. 
No ar em “Império”, Adriana Birolli também tentar dar utilidade ao tempo ocioso dentro do carro: 1h30 na ida e até 2h30 na volta, ela conta. Com a rotina corrida das gravações de uma novela das 21h, a atriz deixa para fazer no trânsito “tudo aquilo que a gente nunca tem tempo de fazer no dia a dia”. Um exemplo? Antes de começar a trama de Aguinaldo Silva, ainda como a versão jovem de Maria Marta, Adriana fazia aulas de inglês online. Teve que desistir em abril por causa da novela. Mas nunca tinha tempo de cancelar oficialmente o curso...
— Só fui cancelar há umas duas semanas. Demorei sete meses! Pelo menos o trânsito serviu para isso — conta ela, rindo: — Eu não pago contas em casa. Aproveito para resolver todas essas burocracias no trânsito, quando estou com motorista. Pago tudo no celular, faço ligações, aquelas coisas que, se você deixar, passa um ano e não faz. Além disso, também leio e adianto o texto da novela.
Embora o fluxo intenso de veículos possa ser estressante, a atriz tenta não se deixa contaminar pela irritação, até nos dias em que vai dirigindo de sua casa, no Jardim Botânico.
— Eu tenho uma playlist da minha personagem. Quando comecei a me preparar para a Amanda, fiz essa seleção pensando em qual seria o gosto musical dela. Vou de casa para o Projac ouvindo e já entro no clima para gravar. Isso também me relaxa. Se você vai pensando no trânsito e se estressando com cada um que faz cagada, já chega para trabalhar de mau humor. 
Nada de estresse também é o lema de Maria Bia, a Soraia da série “Sexo e as negas”. Moradora de São Paulo, ela tem ficado bastante no Rio por conta das gravações, de segunda a sexta. Como boa turista, muitas vezes nem se importa com o trânsito e pede para o motorista pegar o caminho mais longo — pela praia da Barra, bairro onde está hospedada — para “ir respirando o cheiro de mar” no caminho.
Os minutos perdidos nem são tanto problema porque Maria tem muito a fazer dentro do carro. Normalmente ela leva cerca de 40 minutos no trajeto mas, se o fluxo estiver pesado, o tempo chega a 1h30. Praticamente analista de mídias sociais amadora, administra suas páginas no Facebook e no Instagram enquanto se desloca: programa posts, edita fotos e vídeos, responde fãs e busca novidades que possam interessar a seus seguidores.
— Eu criei uma fanpage no Facebook assim que o seriado começou. Adoro interagir com as pessoas e encaro com seriedade. Fico imaginando aquilo como uma publicação, o que vai ser interessante, o que vai fazer essa pessoa voltar na minha página e continuar me seguindo, coisas que não vai ver em outro lugar. Crio posts especiais com as frases da minha personagem, faço enquetes, premio as melhores interações da semana...
O problema, conta, é que gravando a série diariamente, com direito ainda a ensaios semanais dos clipes musicais exibidos ao final da atração, não sobra muito tempo para cuidar disso.
— O tempo que eu tenho é quando estou no trânsito. Normalmente eu escrevo e programo os posts para entrarem durante o dia durante a ida. E, na volta, vejo a repercussão e respondo. Posto fotos de bastidores, vídeos, edito tudo no celular, tenho uns 10 aplicativos só de edição de foto. Já não está mais cabendo! Por isso digo: meu pedido para o Papai Noel esse ano é um celular novo — brinca a atriz da série de Miguel Falabella. 
MOTOTÁXI PARA EVITAR ATRASOS
Enquanto alguns atores “aproveitam” o tempo gasto em engarrafamentos para resolver pendências, outros buscam alternativas para driblar o trânsito. Há um ano, num momento de batalha com os ponteiros do relógio, Marcelo Serrado recorreu aos serviços do mototaxista Alexandre Cosme. E virou cliente.
— Eu gravava no Projac o quadro “A mulher da sua vida”, do “Fantástico”, e estava em cartaz com uma peça no Leblon (o stand up “É o que temos pra hoje"). Precisava chegar no teatro em tempo recorde e, de carro, não daria. As pessoas falavam “Cara, você é maluco”. Maluco é não chegar. O trânsito do Rio hoje em dia é uma loucura — diz o ator, que está gravando a nova temporada da série “Amor Veríssimo”, com estreia prevista para o ano que vem, no GNT.
A dica, Serrado conta, foi dada pela colega Júlia Lemmertz, na época que os dois integravam o elenco da novela “Fina estampa” (2012): 
— Ela estava em cartaz com uma peça às 19h no Centro do Rio e me contou que ia do Projac para o teatro com o figurino do espetáculo de mototáxi, para chegar a tempo. Achei genial. Estou sempre agulhado, faço muita coisa ao mesmo tempo, guardei a ideia.
Desde que descobriu Alex, que hoje considera seu “anjo da guarda”, Serrado virou uma espécie de agente do mototaxista: o indicou para diversos colegas que precisaram de um SOS. 
— Já socorri Fernanda Paes Leme, Caio Blat, Simone Gutierrez. Uma vez, quando peguei o Fábio Porchat no Projac para levá-lo ao aeroporto, começou a chover no caminho. Estávamos desprevenidos e ele me mandou seguir. Chegou todo molhado, mas não perdeu o voo — lembra Alex, que costuma gastar 50 minutos entre o Projac e o Santos Dumont. — De táxi, com trânsito, ele levaria de 1h30 a 2 horas.
O mototaxista entrega que Serrado é o seu cliente “mais doidinho”. 
— Dependendo do compromisso, ele pede para eu acelerar. Na Linha Amarela, faço de 100 a 110 km/h. Mas costumo andar a 80km/h, para preservar a minha vida e a do passageiro — frisa Alex, que cobra de R$ 50 a 70 por corrida. 
Apesar da precaução, ele revela, aos risos, que já teve passageiro famoso com medo de andar de moto: 
— Já peguei o Daniel Rocha e o Hugo Bonemer no Projac em dias distintos. Eles estavam apresentando uma peça em Niterói (“História dos amantes", dirigida por Serrado). Daniel foi tranquilo, mas Hugo foi na garupa com os olhos fechados. Disse a ele: “Tá com medo? Não? Então abre o olho!” Ele não abriu.
Quem também costuma ligar para Alex com pedido de “resgate” é Erom Cordeiro, ator que saiu recentemente de “Império” depois que seu personagem, Fernando, foi assassinado por Cora (Drica Moraes).
— Quando estava gravando “Malhação” (até junho deste ano), já saí do Projac às 16h30 com um voo para São Paulo (onde estava em cartaz com a peça “Quem tem medo de Virginia Woolf?”) marcado para as 18h. O trânsito estava bizarro, se não tivesse ido de moto, perderia o voo certamente — calcula Erom.
Dizendo-se “extremamente pontual”, o ator assume que a possibilidade se atrasar para um espetáculo ou uma gravação é “desesperadora”. 
— Já aconteceu de eu me atrasar para uma peça porque o voo foi cancelado. Cheguei 20 minutos depois do horário marcado, mas o problema foi da companhia aérea. Espero que isso não se repita, porque o coração vai na boca.
SAÍDA PARA A FACULDADE
No ar como Daniele em “Boogie Oogie”, Alice Wegman também recorre aos mototaxistas, mas por um outro motivo. Estudante do terceiro período de Comunicação Social da PUC-Rio, a atriz, às vezes, vai de moto para a faculdade.
— Tenho matérias de manhã e à tarde. Aciono o mototáxi quando saio atrasada do Projac, para não perder aula. Economizo pelo menos meia hora de trânsito até a Gávea — estima Alice.
A atriz relata uma recente salvação em duas rodas:
— Tinha uma prova das 13h às 15h. E uma leitura da novela no Projac, às 14h. Fiz a prova em apenas 20 minutos, escrevi muito rápido, sorte que sabia a matéria. Peguei o mototáxi, chovia, cheguei parecendo um pinto molhado na Globo, mas cheguei. E tirei 8,5 na prova, não foi tão ruim.


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