Estadão

Tipo de Clipping: WEB

Data: 07/06/2016

Veículo: Estadão

Senado aprova indicação de Ilan Goldfajn à presidência do Banco Central
07/06/2016

BRASÍLIA - O Plenário do Senado Federal aprovou nessa terça-feira, 7, a indicação do economista Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central. A indicação foi feita pelo presidente em exercício Michel Temer. Ilan ocupará o cargo de Alexandre Tombini. A indicação contou com o apoio de 56 senadores e apenas 13 votaram contrariamente, mais um vez reforçando a expressão da base de Temer no Senado. 


Apesar da aprovação da indicação, Goldfajn não deve participar da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que se iniciou nessa terça e vai até quarta. Conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o governo não deve correr com a posse de Ilan. A reunião do Copom define a taxa básica de juros da economia brasileira.

Apesar de o governo Temer possuir maioria no Senado, a discussão sobre a indicação de Ilan foi acirrada. Os senadores da oposição pediram a palavra diversas vezes para questionar a troca da presidência do BC durante um governo interino e possível conflito de interesses, já que Goldfajn é sócio do Itaú Unibanco.

Em nome do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ) recomendou voto contrário. O discurso mais ferrenho contra a indicação de Goldfajn, entretanto, veio de um peemedebista, o senador Roberto Requião (PMDB-PR). "Gostaria de saber como se vota a indicação de Ilan, se tenho que votar no sistema do Senado ou se será pelo site do Banco Itaú", ironizou Requião. Ele afirmou que o Senado estava aprovando a indicação de um "banqueiro para cuidar da economia do País".

"Esse é mais um erro brutal do meu colega Michel Temer, no início de um governo que, dessa forma, será muito curto", afirmou Requião. O senador disse ainda que é uma "irresponsabilidade" indicar um novo presidente para o BC em um governo interino, "sem a certeza de que o impeachment irá prosseguir".

Senadores da base de Temer argumentaram que presidentes anteriores do BC e membros da equipe econômica também possuíam ligações com bancos privados e o mercado financeiro. Os senadores relembraram que Henrique Meirelles, que presidiu o BC durante o governo Lula, foi presidente do BankBoston no Brasil e que o ex-ministro da Fazenda de Dilma, Joaquim Levy, foi diretor superintendente do Bradesco.

Goldfajn é economista, com mestrado pela PUC e doutorado pelo MIT. Ele foi diretor de política econômica do BC entre 2000 e 2003. 

Inflação. Mais cedo, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Ilan afirmou que o objetivo da autoridade monetária será o de cumprir plenamente a meta de inflação, "mirando o seu ponto central" (atualmente de 4,5%), destacando que a manutenção de nível baixo e estável de inflação é condição essencial para o crescimento sustentável. O economista disse ainda que haverá "respeito ao regime de câmbio flutuante", caso assuma o BC, e também defendeu a reconstituição do tripé macroeconômico.

Banco Central já teve 21 presidentes (todos homens brancos)

Sem mulheres e sem negros

Criado em 1965, o Banco Central do Brasil já foi comandado por 21 nomes diferentes. O ex-economista do Itaú Ilan Goldfajn deverá se tornar, a partir de junho, o 22º presidente da autoridade monetária. Ele foi indicado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e já passou por sabatina do Senado. Agora, seu nome precisa ser aprovado no plenário da Casa. Em mais de um século de atividade, só homens (e brancos) estiveram à frente do BC. O debate sobre a diversidade no poder público voltou à tona com o novo ministério do presidente interino Michel Temer, que também não conta com mulheres ou negros.

Curiosidades

Ernane Galvêas, Gustavo Loyola e Francisco Gros foram os únicos que lideraram o BC por mais de uma vez. O recordista de tempo no cargo foi Henrique Meirelles, atual ministro da Fazenda, que ficou no posto durante os oito anos da Era Lula. Há, também, quem esteja marcado por uma passagem relâmpago - é o caso de Francisco Gros. Na sua primeira temporada na autarquia, não passou de 79 dias no comando.

Veja todos os nomes que passaram pelo Banco Central.

Primeiro presidente do Banco Central, o carioca Dênio Nogueira exerceu o mandato por quase dois anos durante o governo do General Castelo Branco, primeiro presidente na ditadura militar.

Nascido em 1925, em São Paulo, Ruy Leme comandou o Banco Central durante parte do governo de Arthur Costa e Silva. Com formação em Engenharia Civil (diploma que conquistou antes de cursar Economia), Leme também foi Pró-Reitor da USP.

Segundo presidente com o maior tempo à frente do BC, Galvêas foi o escolhido de Costa e Silva - com quem trabalhou por pouco mais de um ano - e de Emílio Garrastazu Médici. Nascido no Espírito Santo, Galvêas liderou a autoridade monetária durante o milagre econômico. Neste período, o prédio do BC foi transferido para Brasília.

Com passagem pelo Banco do Brasil, o carioca Paulo Lira foi alçado ao cargo de presidente do BC por Ernesto Geisel.

Mineiro, Carlos Brandão comandou o BC durante cinco meses no período inicial do governo Figueiredo. Também foi funcionário de carreira do Banco do Brasil. Brandão faleceu em março deste ano.

No seu retorno à presidência, ficou por apenas cinco meses, que somaram-se aos outros seis anos durante os quais comandou o BC anteriormente.

Ao assumir as rédeas do BC em janeiro de 1980, aos 35 anos, Langoni tornou-se o mais jovem presidente da instituição. Nascido no Rio de Janeiro, foi colocado no cargo também por Figueiredo.

O paulistano Affonso Celso Pastore foi o últimos dos quatro presidentes do BC durante o mandato de Figueiredo. Hoje, é professor da FGV no Rio de Janeiro.

Primeiro presidente do BC após a ditadura militar, Lemgruber foi escolhido por José Sarney a assumir o comando da autarquia, mas acabou ficando no cargo por cinco meses. Nascido no Rio de Janeiro, foi presidente do Banco Liberal, vendido em 1998.

O paulista Fernão Bracher foi o segundo homem alçado ao cargo por José Sarney. Atualmente é vice-presidente do Itaú BBA, braço de Atacado, Tesouraria e Investimentos institucionais do conglomerado Itaú.

Terceiro presidente do BC no governo Sarney, Francisco Gros (à esq.) não passou de dois meses no comando da autoridade monetária. Também presidiu o BNDES e a Petrobrás. Morreu em 2010, vítima de câncer.

Mais um nome de Sarney, Fernando de Oliveira ficou no cargo pouco menos de um ano.

Carioca, Elmo de Araújo foi mais um dos seis nomes que comandaram o BC durante o governo Sarney. Administrador de formação, Araújo, antes de assumir o cargo, foi funcionário do Banco do Brasil.

O turco naturalizado brasileiro foi presidente do Banco Central durante o governo de Fernando Collor de Mello. Ele fez parte do grupo que implantou o Plano Collor, que antecedeu o Plano Real. 

Antes com uma passagem relâmpago de menos de três meses, Gros (à esq.) retornou ao BC em 1991. Desta vez, para ficar mais de um ano na presidência. 

Comandou o BC quando Collor anunciou sua renúncia ao cargo de presidente do Brasil, enquanto sofria um processo de impeachment que tramitava no Senado.

Comandou o BC durante o governo transitório de Itamar Franco.

Foi presidente do BC no final do mandato de Itamar Franco e, na sequência, assumiu o Ministério da Fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso, cargo que ocupou de janeiro de 1995 até janeiro de 2003.

Foi o homem que presidiu o BC durante a implantação do Plano Real e que comandou as mudanças de política econômica arquitetadas pelo governo FHC. Após a passagem pelo BC entre 1992 e 1993, retornou à presidência da autarquia no governo de FHC.

O economista também fez parte da equipe que idealizou o Plano Real.

Último presidente do BC a ocupar o cargo durante o governo do PSDB, Fraga foi apontado por Aécio Neves como o nome que ocuparia a Fazenda em seu governo, caso vencesse as eleições de 2014.

O atual ministro da Fazenda do governo em exercício de Michel Temer comandou o BC durante os dois mandatos de Lula e se tornou o recordista de tempo no cargo.

Tombini, nascido em Porto Alegre, ocupa o cargo desde o início do primeiro mandato de Dilma Rousseff. É funcionário concursado da instituição e deve ser substituído por Ilan Goldfanj, que ainda precisa passar pela sabatina do Senado.


A fala ajudou o dólar a cair em relação ao real, com alguns operadores entendendo que Ilan teria indicado ser favorável a menos intervenções no mercado de câmbio.

Segundo o ex-economista chefe do banco Itaú, o cenário atual é desafiador, com níveis de instabilidade política e econômica superiores à média histórica. Mas considerou que as medidas recém-anunciadas pelo governo interino de Michel Temer estão na direção correta.

Ilan afastou a ideia de que o país vive período de estagflação e ressaltou que o País atravessa umas das piores recessões de sua história.

Durante a sabatina, ele disse que é preciso criar condições para a queda dos juros básicos da economia e que as reformas são um pilar para tanto. 

Pouco antes de deixar o banco Itaú por causa da sua indicação ao BC, Ilan via espaço para corte na Selic no segundo semestre, a partir de julho, diante da contínua melhora no balanço de riscos para a inflação.

Volta ao crescimento. Aos senadores, Ilan disse acreditar que a volta do crescimento econômico no fim deste ano ou no início de 2017 é factível, mas condicionada a medidas concretas, como a aprovação das reformas pelo Congresso Nacional.

Ele disse que a criação de um teto para as despesas públicas, proposta anunciada pelo governo mas ainda não encaminhada ao Legislativo, é fundamental. "Nós precisamos dar ordem à dinâmica da dívida", disse.

Ilan defendeu a autonomia técnica e operacional do BC, ao invés de independência, para que tenha "liberdade de usar os instrumentos para perseguir os objetivos do governo". Ele destacou ainda que uma diretoria composta por funcionários de carreira e do setor privado é a "combinação ideal".


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