Tipo de Clipping: WEB
Data: 19/06/2016
Veículo: Extra
A diferença você vê e sente. Nas costas, nos amortecedores, nos pneus e, principalmente, no bolso. Apesar do nome dado pela prefeitura às ações de recapeamento pelo Rio, o verdadeiro “asfalto liso” está em pistas administradas pela iniciativa privada, como a Linha Amarela e a Ponte Rio-Niterói. Já nas vias públicas cariocas, as crateras surgem pouco depois de a pavimentação ser recuperada. O motivo da disparidade está, segundo especialistas ouvidos pelo EXTRA, não na qualidade do material nem da mão de obra, mas em cuidados que incluem planejamento, colocação e controle de qualidade.
— Em vias de concessionárias, o processo é mais rigoroso realmente, fazem questão de extrair provas da pista e mandar para laboratório, para ver se ficou como consta no projeto. O cuidado é para que a coisa fique realmente boa e como foi planejada — aponta Michéle Casagrande, especialista em asfalto da PUC-Rio.
Ela diz que o material é o mesmo utilizado nos dois casos e a mão de obra, em ambos, é qualificada. Especialista em pontes e grandes estruturas, o engenheiro civil Antônio Eulálio tem a mesma opinião:
— O poder público quer inaugurar a obra a qualquer custo e acaba atropelando o projeto, sem cuidados, como evitar a colocação do asfalto em dias de chuva, o que é prejudicial à compactação do material — afirma.
Para Fábio Stocco, gerente de engenharia da concessionária Ecoponte, que gere a Ponte Rio-Niterói, a pista lisa é interesse não só do usuário, mas da empresa:
— O pavimento é o nosso negócio. Temos de cuidar dele durante 30 anos (prazo da concessão). O investidor que não perder o ativo dele — diz.
Embora um buraco na Ponte Rio possa custar uma multa federal de R$ 20 mil diários à Ecoponte, como prevê o contrato, Stocco diz que a preocupação é garantir o conforto do usuário e evitar prejuízo.
A Linha Amarela S/A (Lamsa) diz monitorar e estudar constante as condições do pavimento, planejando intervenções quando necessárias. A prefeitura não informou o valor da multa para problemas na pista da via, que é municipal. Mas o contrato informa que a manutenção está sujeita a punição.
Pavimento é para durar
Michéle Casagrande diz que o asfalto é projetado para para durar dez anos, podendo apresentar os primeiros desgastes em cinco, nas vias de grande movimento. Não foi o caso do Elevado do Joá. Nem nas nove ruas de seis bairros da Zona Norte visitadas pelo EXTRA esta semana.
Algumas, como as ruas das Oficinas, Goiás e Henrique Scheid, no entorno do Engenhão, integraram um pacote de benfeitorias no fim de 2015, que consumiu R$ 115,7 milhões. Nos três casos a prefeitura culpou concessionárias de serviços públicos pelos buracos, que teriam sido notificadas. Nas outras prometeu reparos. Em nota, informou ainda que o asfalto usado nas suas obras é produzido em quatro usinas próprias e uma delas, a do Caju, é considerada a maior e mais moderna do país.