Extra

Tipo de Clipping: WEB

Data: 03/07/2016

Veículo: Extra

Mais de 60% dos cariocas acreditam no sucesso dos Jogos, segundo pesquisa
03/07/2016

RIO - Que seja em meio a turbulências econômicas e políticas. Mas cariocas e fluminenses parecem dispostos a superar o baixo-astral da crise e vencer de virada na Olimpíada. Esperançosos, 61% dos moradores da cidade do Rio e 63% dos que vivem no estado confiam no sucesso dos Jogos, aponta uma pesquisa sobre o legado do evento realizada pelo Sesc RJ e pela FGV Projetos, divulgada com exclusividade pelo GLOBO. Otimismo à parte, o estudo também evidencia as principais preocupações dos anfitriões da festa: falta de segurança e deficiências no transporte público, disparadas na frente como obstáculos que podem pôr tudo a perder na hora decisiva, quando os olhos do mundo estiverem atentos à primeira sede olímpica da América do Sul. 

Aficionado por esportes, o ator João Muniz, de 33 anos, morador de Bangu, é um dos que declaram torcida pelo triunfo dos Jogos. Ele pretende acompanhar todos os detalhes das disputas, comprou ingressos para clássicos do vôlei no Maracanãzinho e aposta em modalidades como o judô e a natação para garantir medalhas ao Brasil. Entre as transformações pelas quais o Rio passa para receber os atletas, João cita os BRTs e a ampliação da rede hoteleira como legados positivos. Ele faz coro, porém, com a maioria dos entrevistados quando o assunto é segurança. 

— Com certeza é meu maior receio em relação à Olimpíada. Não acredito que vão acontecer atentados, nem problemas dentro dos locais de competição. Mas a cidade como um todo passa por um momento bastante crítico quanto à violência. Nas ruas, a sensação é de muita insegurança — diz ele, sem perder o entusiasmo com os Jogos em casa. — Estou muito empolgado para assistir às competições. Espero que mais cariocas fiquem animados quando os turistas começarem a chegar e as disputas começarem.

Mais de 80% temem a insegurança

Da mesma forma que ele, oito em cada dez pessoas (85% na cidade e 81% no estado) disseram que a violência é um dos aspectos que podem contribuir para o fracasso dos Jogos ou para prejudicá-los. Ao mesmo tempo, quando a pergunta foi sobre o que poderia fazer a diferença para o sucesso da Olimpíada, a segurança também surgiu no topo, citada por 72% dos cariocas e 63% dos fluminenses. O combate à violência dominou ainda entre os maiores desafios à realização do evento — foi citado por 52% dos moradores da capital e 44% do estado. Resultados que, para Roseane Xavier, consultora associada da FGV e coordenadora da pesquisa, reforça como a apreensão com o tema é consistente na percepção de quem mora no Rio:

— Esperávamos que as respostas sobre o que contribuiria para o sucesso e para o fracasso dos Jogos fossem diferentes. Mas a segurança apareceu sempre em primeiro lugar. Isso revela como, para as pessoas, essa é uma questão que vai definir para onde a Olimpíada vai tender. A violência é um problema que atinge todos. Até por isso, percebemos que foi mencionado de forma muito homogênea nas várias regiões, escolaridades e faixas de renda e etárias pesquisadas.

Roseane destaca que foi outro drama vivido diariamente por quem mora ou trabalha na cidade olímpica, o transporte público, que apareceu em seguida à criminalidade entre as inquietudes apontadas no estudo. Foi a segunda resposta mais recorrente sobre o que poderia levar os Jogos a fiasco (39% na capital e 32% no estado). Ficou na vice-liderança entre os aspectos fundamentais para o êxito do evento (apareceu em 41% das respostas na capital e em 49% na Região Metropolitana e no interior). Ocupou também o terceiro lugar (com 7% na cidade e 6% no estado) na lista de maiores desafios para sediar a Olimpíada. Além disso, foi considerado o serviço menos pronto para receber turistas e atletas.

Apesar desses receios, especialistas acreditam que, se tudo sair como planejado, segurança e transportes não devem ser grandes empecilhos à realização dos Jogos. Professor de engenharia de transportes da PUC-Rio, José Eugênio Leal diz que, supondo-se que a Linha 4 do metrô fique pronta a tempo e que os serviços especiais prometidos pela prefeitura funcionem, nem o público nem a família olímpica — que terá faixas exclusivas em parte das vias da cidade — devem ter problemas para chegar a seus destinos. 

— Como eles serão priorizados no trânsito, não devem enfrentar grandes transtornos. O restante da cidade, sim, pode sofrer com congestionamentos, por exemplo — diz Leal.

Já Ignacio Cano, integrante do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, afirma que o patrulhamento ostensivo, o aporte de verbas extras em segurança e a presença de forças federais nas ruas devem ser fatores que farão com que, durante os Jogos, haja até redução da criminalidade. O que mais o deixa temeroso é como ficará a segurança após a Olimpíada. Pensamento que, para ele, pode ter perpassado as respostas à pesquisa: 

— Durante os Jogos, os riscos devem ser os mesmos de qualquer cidade. A questão realmente é o que pode acontecer depois, quando os reforços à segurança deixarem o Rio.

Nesse sentido, o próprio estudo aponta o aumento dos índices de violência como uma das respostas mais comuns quando os entrevistados foram perguntados sobre os legados negativos dos Jogos — ficou atrás apenas das citações a possíveis gastos desnecessários, a prejuízos à população com menos investimentos em saúde e educação e a obras que poderiam ficar inacabadas.

Por outro lado, ao serem questionados sobre o principal legado positivo dos Jogos, foram os BRTs a resposta da maior parte dos cariocas e fluminenses: 27% e 21% deles, respectivamente, fizeram referências a corredores de ônibus como o Transcarioca, que liga o Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra da Tijuca.

Moradora de Magalhães Bastos, a universitária Laís Goulart, de 24 anos, vê perto de casa os últimos retoques nas obras de outro BRT, o Transolímpico (Deodoro-Recreio), que na Olimpíada vai funcionar exclusivamente para quem tiver ingressos dos Jogos. Embora não tenha demonstrado tanta euforia em relação ao evento, Laís não hesita ao dizer que a abertura do corredor de ônibus ao público em geral, depois das competições, representará mudanças na região. 

— Para mim, vai ser o principal e praticamente único legado para quem vive aqui. Muita gente no bairro trabalha na Barra. Hoje, precisa pegar uma condução até Sulacap ou Madureira e, de lá, um ônibus. Esse trajeto ficará mais rápido. As pessoas vão ganhar qualidade de vida — diz ela.

Perto dali, em Deodoro, na Rua Tenente Serafim — acesso ao Parque Radical, que sediará modalidades como a canoagem slalom —, o explicador Claudio de Freitas Ferreira, de 40 anos, chama de “expressivos” os investimentos para asfaltar e reformar calçadas no bairro. Mas logo aponta falhas nas obras, como um poste deixado no meio de uma rua recapeada pelo programa Bairro Maravilha:

— Houve melhorias, mas parece que foi uma região montada para apresentar ao mundo uma mudança fictícia. No detalhe, há muitos problemas. 

Sentimentos contraditórios

Esse misto de percepções em relação à Olimpíada é outro aspecto comum indicado pela pesquisa do Sesc RJ e da FGV Projetos. Em várias perguntas sobre a afeição dos cariocas e fluminenses em relação aos Jogos, as respostas se dividiram. Cerca de metade dos entrevistados (49% no município do Rio e 51% no estado) disse ser a favor dos Jogos. Também foi parecido o percentual de quem acredita que a cidade está preparada para receber o evento: 49% na capital e 52% no estado. Já menos da metade (41% na capital e 45% na Região Metropolitana e no interior) afirmou estar interessada ou muito interessada nas competições. E, ainda nessa tendência, 80% das pessoas na cidade do Rio e 79% no estado declararam não ter adquirido nem pretenderem comprar ingressos para assistir às disputas.

Por outro lado, a pesquisa aponta que os principais sentimentos relacionados aos Jogos são positivos: alegria, esperança, orgulho e entusiasmo, à frente de medo, vergonha, tristeza e raiva. A maioria também diz que o evento será importante ou muito importante para o Rio: 59% na cidade e 62% no estado. Entre os legados positivos, além dos BRTs, foram citados o VLT, o Museu do Amanhã e a revitalização da Praça Mauá. A rede hoteleira, o turismo, os esportes e o setor de comércio e serviços foram indicados como as áreas mais beneficiadas pela Olimpíada, que, para a maior parte das pessoas ouvidas, deixará mais ganhos do que perdas.

Para a pesquisadora Roseane, essas contradições mostram um clima de expectativa, mas com cautela diante do evento, que começa dia 5 de agosto.

— O fato de as pessoas acreditarem no sucesso da Olimpíada fala um pouco da autoestima da cidade. Cariocas e fluminenses esperam que o Rio faça bonito, o que não ofusca as preocupações das pessoas. O legado é uma aspiração, uma expectativa — afirma. 

Na pesquisa, foram ouvidas 2.400 pessoas entre 19 de maio e 1º de junho. Procuradas, as secretarias municipal de Transportes e estadual de Segurança não comentaram os resultados. 


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