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Tipo de Clipping: WEB

Data: 12/09/2016

Veículo: Extra

Jovens estão mais longe da disputa política
12/09/2016

Se as eleições são de fato a “festa da democracia”, os jovens não estão entre os convidados. O país registra, em 2016, o menor número de adolescentes votantes em eleições municipais desde 1992. E os candidatos a prefeito com idade entre 21 e 24 anos não representam nem 1% do total de candidaturas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dos 16.389 candidatos que tentam assumir prefeituras, apenas 78 estão nessa faixa etária. Em 2012, 115 disputaram o cargo. 

A participação de eleitores de 16 e 17 anos, por sua vez, vem caindo nos últimos anos em ritmo maior que a variação de jovens na população brasileira. Em comparação a 2012, a queda chegou a 20,4%. De acordo com o IBGE, em 2014, último ano com dados disponíveis, o grupo de brasileiros entre 15 e 17 anos passou a corresponder a 5,3% da população, uma variação de apenas 0,11% frente a 2012.

O pesquisador Júlio Aurélio, da Fundação Casa de Rui Barbosa, vê contradição entre o pequeno número de candidatos jovens e o ideal de participação política dessa faixa etária manifestado na Constituição de 1988. Ele destaca que é a primeira eleição municipal após os protestos de junho de 2013, que defendiam, na sua avaliação, o direito à cidade. Para ele, a indignação ética, apesar de mobilizadora, não formulou alternativas.

— A realidade contradiz o próprio ideal normativo da Constituição. Isso mostra que se perdeu, ao menos temporariamente, um fio participativo de junho de 2013. Naquelas mobilizações, havia um componente etário. Era um movimento que exigia a renovação da classe política.

Naquele ano, em Araraquara (SP), o hoje candidato a prefeito pelo PSOL, Celio Peliciari, 22 anos, ocupava com outros jovens as ruas da cidade. Se na época ele não tinha a pretensão de concorrer a um cargo político, agora, o estudante de Ciências Sociais tenta se eleger apostando na experiência em mobilizações sociais.

— Os partidos têm dificuldade de se renovar e tentam se reformular. Alguns foram criados, outros mudaram suas plataformas, mas é uma questão latente — reconhece Peliciari.

Na cidade de Caicó, Rio Grande do Norte, o estudante de Medicina Judas Tadeu Alves (PROS) também disputa pela primeira vez uma eleição. Sua vontade de seguir a carreira política, conta, partiu do contato de seu pai, líder comunitário, com as campanhas do ex-governador Vivaldo Costa (PROS).

— Não esperava entrar na política nesse momento caótico que vive o país, mas houve o convite e decidi aceitar. A participação dos jovens ainda é limitada. Na maior parte das vezes, temos uma ditadura dos partidos. Se você não for detentor da sigla, não consegue se lançar. O cenário é hostil.

SEM ESTÍMULO 

Uma entre os 2,3 milhões de adolescentes aptos a votar, a carioca Maria Eduarda Soares conta que foi desestimulada onde menos esperava: na sua zona eleitoral, ao tirar o título de eleitor. A estudante de 16 anos causou estranhamento por decidir votar mesmo sem ser obrigada.

— Eu via a situação do Brasil e sempre quis votar para ter minha participação na mudança — diz Maria Eduarda, que vê as áreas de mobilidade e educação pública como prioritárias.

A socióloga e professora da PUC-Rio Ângela Paiva acredita que a juventude vive um momento de desencanto, mas encontrou outras formas de participação e atuação política com o apoio da internet:

— Há dez anos, havia menos participação, você não tinha muitos canais. As novas mídias trouxeram essas mobilizações, mas são apenas o meio.

Professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Uerj, Ricardo Ceneviva afirma que no país há uma recorrente crise de legitimidade dos partidos. Ela afeta todo o eleitorado, mas é maior entre os jovens, principalmente na geração nascida na virada do século XXI e que cresceu com o PT no poder. Para ele, a sigla era a única capaz de mobilizar eleitores, antes do escândalo do mensalão ganhar as manchetes dos jornais. 

— Como a busca por participação não encontra espaço se tende a encontrar outras formas, como as redes sociais. Não sei se as redes são o meio mais adequado para a manifestação dos mais jovens. Será que isso tem algum impacto político na produção de políticas públicas, participação direta? As redes sociais têm poder muito limitado — conclui.

Para além dos jovens que foram às ruas em junho de 2013, Júlio Aurélio, da Fundação Casa de Rui Barbosa, aponta a emergência de outro perfil: ele acredita que a ampliação do consumo, um projeto que ganhou força com o governo Lula, entre consequências não previstas, alterou a identidade juvenil.

— A identidade baseada no consumo não é favorável à participação. A tendência é que esse jovem consumista seja mais desinteressado pela política eleitoral. O projeto de Lula, de ampliação do consumo e que respondia a uma necessidade, esgotou-se no mesmo período em que se inicia o declínio participativo dos jovens. Esse esgotamento rebate negativamente na juventude, gera desencanto, desmotivação e desinteresse com o projeto governamental.


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