Tipo de Clipping: WEB
Data: 13/09/2016
Veículo: Extra
Um desafio extra une concorrentes à sucessão municipal no Rio. De olho no percentual de intenções de voto, tentam também reduzir o índice alto de rejeição. Líder isolado no levantamento divulgado na sexta-feira pelo Instituto Datafolha, o senador Marcelo Crivella enfrenta resistência de 22% dos entrevistados. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que desponta na segunda posição, é refutado por 15%. E Pedro Paulo, ex-secretário municipal e candidato oficial do governo, por 27%.
Para cientistas políticos, o “teto eleitoral" enfrentado por cada um dos aspirantes é peculiar — por isso, precisarão tomar medidas diferentes para aumentar a adesão entre os cariocas.
Crivella, hoje com 29% dos votos, tem forte apoio da Igreja e de eleitores evangélicos. Para os especialistas entrevistados pelo GLOBO, este é, ao mesmo tempo, seu ponto forte e o motivo da rejeição.
— É um candidato muito conhecido, devido às eleições das quais participou, e muito competitivo no primeiro turno — analisa o cientista político Ricardo Ismael, professor do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio. — Acredito que ele pode se mover para a esquerda, mas não é um candidato que empolga. E, sem dúvida, a questão religiosa é um problema.
MÁQUINA PARTIDÁRIA
Diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF, Eurico Figueiredo avalia que o grupo político que sustenta o senador é mais frágil do que o de seus oponentes:
— Ele não tem uma máquina partidária enraizada na política municipal.
O candidato, no entanto, nega as barreiras citadas pelos especialistas.
— Não acredito em teto eleitoral — comenta Crivella. — Depois de várias eleições, hoje sou mais conhecido e experiente. Tenho um plano consistente, e nossa campanha é ampla, inclusiva e democrática. Por isso, a tentativa de alguns adversários e setores da imprensa de usar mais uma vez o preconceito religioso para nos prejudicar não vai dar certo.
Já Pedro Paulo, representante do PMDB na eleição e que conta com 8% das intenções de voto, foi bombardeado nos dois debates realizados, com ataques à gestão de seu padrinho, o prefeito Eduardo Paes.
Ismael avalia que Pedro Paulo deve aproveitar o horário eleitoral — no qual tem 3,5 minutos, tempo muito superior ao de todos os adversários — para vencer o “anonimato”. Ao contrário de Crivella e Freixo, o peemedebista nunca participou de uma eleição majoritária.
— Como auxiliar de Paes, Pedro Paulo teve pouca visibilidade — assinala Ismael. — Precisa investir no discurso de continuidade para conquistar o público que aprova o prefeito.
O maior desafio do candidato, no entanto, será se livrar do desgaste provocado pelo episódio das supostas agressões do peemedebista à sua ex-mulher, Alexandra Marcondes, ainda que o inquérito já tenha sido arquivado por falta de provas.
— A decisão do STF pode ter amenizado os questionamentos, mas é um assunto que vai persegui-lo durante toda a eleição — revela Ismael.
Pedro Paulo não se pronunciou.
ELEITORADO DE CENTRO
Com 11% das intenções de voto, segundo o Datafolha, Marcelo Freixo destaca seu tempo no horário eleitoral — apenas 11 segundos — e sua menor infraestrutura de campanha como pontos que atrapalham sua ascensão nas pesquisas:
— Por questões econômicas, há uma grande desigualdade na disputa. Além disso, há muito tempo o Rio não tem um candidato de esquerda.
O deputado tem a militância juvenil a seu lado. Figueiredo ressalta que isto não é suficiente para elegê-lo.
— Ele precisa mirar na indignação da classe média e no funcionalismo público, que estão sendo muito afetados pela recessão econômica — aconselha.
— Como seu tempo eleitoral é pequeno, Freixo dependerá dos debates e das mídias sociais — acrescenta Ismael. — Ele também precisa aprender a falar com o eleitorado de centro, e não apenas com o jovem ideológico. Deve mostrar uma imagem de gestor, que promete continuar o que está dando certo. Se falar apenas em mudança, gera uma incerteza que assusta a classe média.