Em mais um final de semana, ao andar pelas áreas mais carentes da Rocinha, em meio à pobreza e às piores condições de moradia e sobrevivência, é possível se deparar com rostos e sorrisos falsos espalhados em placas fazendo propaganda em cima da miséria do pobre. A maioria delas são placas de candidatos que só pisam na comunidade de quatro em quatro anos e usam a pobreza do outro como arma para a busca do poder. Com o poder alcançado, estes transformam os gabinetes públicos em currais para supostos enriquecimentos ilícitos, prejudicando quem mais precisa.

É o que estamos acompanhando no caso “Bethlem”, o homem de confiança da Prefeitura e do Governo do Rio de Janeiro. O homem acusado de desviar dinheiro da Secretaria de Assistência Social, ou seja, acusado de supostamente roubar dinheiro do mais necessitado. A missão da secretaria é de implementar a Politica Nacional de Assistência Social no município do Rio de Janeiro, porém Bethlem é acusado de trocar a população alvo para atender aos seus próprios interesses.
Davison Coutinho
São por esses motivos que presenciamos a pobreza nas favelas de nossa cidade. É revoltante saber que todos esses problemas poderiam ser resolvidos se não tivéssemos esses sanguessugas como nossos representantes. Quando o favelado chega ao ponto de cometer até mesmo um roubo para matar sua fome, é preso imediatamente e encaminhado para os presídios sem qualquer possibilidade de defesa. E agora, por que não temos a mesma atuação com os políticos?

A Rocinha e seus 200 mil moradores exigem que todas as medidas sejam tomadas para averiguação desse caso. A proposta da criação da CPI para investigar a atuação do deputado tem que ser aprovada e vamos cobrar de quem não votar a favor.

* Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel emdesenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.