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Tipo de Clipping: WEB

Data: 02/09/2016

Veículo: IstoÉ Dinheiro

Surge uma nova economia
02/09/2016

A queda de 0,6% do PIB no 2º trimestre em relação ao trimestre anterior, divulgada pelo IBGE na quarta-feira 31, era o último indicador que faltava para a análise do desempenho econômico do governo Dilma Rousseff. “Ruim”, “desastroso” e “catastrófico” são alguns dos adjetivos utilizados pelos especialistas ouvidos pela DINHEIRO. Afastada da presidência desde o dia 12 de maio, a petista deixa como legado seis trimestres consecutivos de recessão, quase 12 milhões de desempregados, inflação acima do teto da meta e uma trajetória fiscal explosiva.

“Foram quebrados todos os recordes negativos”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da agência Austin Rating. “A perda do grau de investimento resume a catástrofe.” Empossado oficialmente na quarta-feira 31, o presidente Michel Temer terá de lidar com essa herança danosa e virar o jogo até o final de 2018. “Espero que possamos recolocar o País nos trilhos do crescimento para que, daqui a dois anos e quatro meses, recebamos aplausos do povo brasileiro”, afirmou Temer. O novo governo poderá provocar transformações profundas na economia, mas, para isso, terá de comprar brigas impopulares no Congresso Nacional. A agenda de reformas é tão necessária quanto polêmica, e demanda extrema habilidade política para executá-la.

Quando formulam projeções positivas para 2017 e 2018, os economistas partem de premissas que consideram realistas ou factíveis. Além do afastamento definitivo de Dilma, fato já consumado, o avanço do ajuste fiscal é condição sine qua non para o êxito da equipe econômica (leia reportagem aqui). O presidente Temer sabe que o voto de confiança de empresários e investidores não é ad aeternum e pode se esfarelar à medida em que não sejam obtidos esses avanços estruturais. A favor de Temer, entretanto, estão a sua capacidade de aglutinar forças políticas e a sua postura favorável ao capital privado, com propostas de concessões e atração de investimentos.“É uma gestão que presa pelo bom funcionamento dos mercados e do ambiente econômico”, diz Flávio Serrano, economista-sênior do banco Haitong.

Temer também acertou na escolha do perfil ortodoxo de sua equipe econômica, que é liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (leia ao final da reportagem). Com um diagnóstico correto dos problemas e uma estratégia crível para resolvê-los, há a expectativa de que a economia volte a crescer ainda no segundo semestre. “A sensação térmica é de uma economia saindo, ainda que lentamente, do fundo do poço, e isso só não é confirmado pelo PIB”, diz Octavio de Barros, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, que destaca dados positivos da produção industrial e da importação de máquinas como exemplos de recuperação da atividade. Para 2017, a mediana das projeções coletadas pelo boletim Focus mostra uma expansão de 1,23% do PIB.

“O crescimento inicialmente será fraco, mas em processo de aceleração”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Manage-ment. “A gestão Dilma foi desastrosa e contaminada por uma ideologia que inviabilizou qualquer ajuste.” A virada de jogo da economia precisará ir muito além do próprio PIB, passando por temas como crédito, desemprego e inflação. Nesse contexto, a DINHEIRO elencou dez indicadores que resumem o legado que a ex-presidente Dilma deixou ao País e os números que, potencialmente, Temer pode entregar ao fim do seu mandato em 31 de dezembro de 2018. Num País recheado de turbulências políticas e com horizontes que dificilmente ultrapassam um ciclo eleitoral de quatro anos, a arte de prever o longo prazo é extremamente desafiadora e as suas fontes, escassas.

Uma das referências do mercado é o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, que divulga projeções no site www.economiaemdia.com.br. Um dos itens mais promissores é a inflação, cujo controle foi negligenciado nos últimos cinco anos pelo Banco Central, corroendo a renda dos trabalhadores. Agora, com o BC sob a direção de Ilan Goldfajn, o tema virou prioridade. Na noite da quarta-feira 31, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. Em nota, o Copom ressaltou os chamados riscos domésticos, como a alta persistente dos preços de alimentos e as incertezas sobre o ajuste fiscal. “Esperamos que estas condicionalidades só estejam satisfatoriamente presentes na reunião de janeiro de 2017, com juros estáveis em 14,25% até o final deste ano”, escreveu a consultoria Rosenberg Associados a clientes.

As principais entidades empresariais não gostaram da decisão do Copom e avaliam que a retração do PIB justificaria um processo de afrouxamento monetário. Porém, elas reconhecem que, sem o ajuste fiscal, o papel do BC fica comprometido. “A redução dos gastos públicos é fator-chave não só para conter a escalada da dívida, como também para abrir espaço para a queda da inflação e da taxa de juros”, afirma a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Apesar de divergências pontuais, o empresariado abraça o governo Temer e já desengaveta projetos. Cada vez mais os investidores estão convictos de que, diante de um programa blindado contra ideologias comprovadamente fracassadas, está surgindo uma nova economia.

A nova escola econômica 

A troca de governo marca também uma mudança profunda no pensamento econômico que prevalecerá até 2018. Com o retorno da ortodoxia, o Brasil deixa de se aventurar em experiências heterodoxas e populistas como a do kirchnerismo, na Argentina, e a do chavismo, na Venezuela. No governo Dilma Rousseff, o chamado novo desenvolvimentismo, que tem a Unicamp como universidade-símbolo, produziu a malfadada “nova matriz econômica”, com ampla intervenção estatal. Elogiada por defender ideias de livre mercado, a equipe montada pelo presidente Michel Temer tem no comando da Fazenda Henrique Meirelles.

Presidente do Banco Central (BC) no governo Lula, Meirelles fez mestrado na UFRJ e estudou na Harvard Business School. Essa linha de pensamento, que predominou no governo FHC, tem como símbolo a PUC-RJ, onde o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, concluiu seu mestrado. “É uma equipe ortodoxa e monetarista, o que é excelente neste momento para o Brasil”, diz Jason Vieira, da Infinity Asset. A nova gestão do BC já melhorou a comunicação e deixou claro o seu rigor no combate à inflação. “Se você prega isso, é natural que o ambiente econômico volte a funcionar normalmente.” diz Flávio Serrano, do banco Haitong.

No Tesouro Nacional, a nomeação de Ana Paula Vescovi, mestre pela Universidade de Brasília (UnB) e pela FGV, encerra as artimanhas fiscais. Uma menor intervenção na economia pode ser constatada no novo papel do BNDES, com menos recursos e subsídios. A troca no comando é emblemática: sai Luciano Coutinho, artífice do bolsa-empresário e ligado à Unicamp, e entra Maria Silvia Bastos Marques, formada em administração pública pela FGV e pesquisadora na PUC-RJ. “A equipe tem um perfil ortodoxo, com foco na estabilidade macroeconômica, para atrair investimentos”, diz Alex Agostini, da Austin Rating.


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