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Tipo de Clipping: Web

Data: 16/03/2017

Veículo: Extra

Cidadãos comuns ficam indignados com a lista da corrupção de Janot
16/03/2017

A lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgada nesta terça-feira, comprometendo pelo menos 170 políticos, que serão arrolados em mais de 80 inquéritos que serão abertos no supremo Tribunal Federal (STF), estarreceu o cidadão comum, que vive num mundo onde não há espaço para propinas, negociatas e caixa dois. Para os trabalhadores que acordam cedo para defender o pão de cada dia, motivo de orgulho é não estar nesta lista, fazendo companhia a ministros, ex-presidentes e ex-presidenciáveis, entre outros "colarinhos brancos" .
O gari Ivanilson Moreira da Silva, de 50 anos, diz que os políticos da lista não o representam e, se pudesse, varreria a corrupção para bem longe do Brasil. Morador em Magalhães Bastos, se orgulha de manter a família com o salário de R$ 1.300 mensais que ganha na Comlurb, para varrer as ruas do bairro da Glória, na Zona Sul do Rio, por oito horas diárias.


— Foi assim que consegui dar uma vida melhor para meu filho, hoje com 27 anos e na Aeronáutica. A importância de ser honesto é poder andar com a cabeça erguida. Se não fosse corrupção sobraria mais dinheiro para a saúde, educação e criação de mais empregos para a população. Os políticos corruptos não me representam e nem o povo brasileiro — afirma o trabalhador.
Sentado no volante de um ônibus oito horas por dia, em média, o motorista Marcos Davi Carvalho da Silva, de 53 anos, morador do Alto da Boa Vista, diz acreditar em valores como dignidade. Para o rodoviário, a corrupção é a causa da maioria dos problemas enfrentados pela população, entre eles o descaso com a saúde pública.


—- Se eu pudesse mandar um recado a esses políticos pediria a eles para parar de roubar e de matar o brasileiros que estão numa maca de hospital ou até mesmo no chão à espera de atendimento, numa hora dessas. Tomem vergonha na cara e vão ganhar dinheiro honestamente — dispara.
Há trinta anos no Rio, vindo de Governador Valadares em busca de uma vida melhor, o encarregado de obras Roberto Gomes de Brito, de 50 anos, acredita que se não fosse a corrupção sua jornada seria menos sofrida. Ele desafia os políticos corruptos a se submeterem à sua rotina de cinco horas dentro de três conduções - ônibus trem e metrô - no trajeto entre sua casa em Campo Grande, na Zona Oeste, e o Glória, onde trabalha, para defender os R$ 2.600 com os quais sustenta mulher e dois filhos, de 15 e 20 anos.


— Isso eles não fazem. Se pudesse mandar um recado para esses políticos (os da lista) pediria para terem mais piedade dos pobres, como eu, que trabalham para fazer um país melhor e do Rio uma cidade maravilhosa.


Na opinião do taxista Marques Teixeira de Oliveira, de 75 anos, todo corrupto é ladrão. E o pior deles, porque rouba do povo. Sua indignação maior é com a quantidade de envolvidos e com os cargos políticos ocupados por eles, no presente e no passado recente.
— A representatividade deles é zero. O povo brasileiro não merece isso. Nunca estaria nesta lista porque fui criado de outra maneira. Meu pai me passou valores como honestidade e dignidade e me reprimia se saía do caminho considerado certo por ele. É o que falta aos nossos políticos, além da vergonha na cara. A punição para eles é obrigá-los-los a trabalhar 16 horas por dia, como já fiz, Hoje minha média caiu para dez.
A jornaleira Cristina Santoro, moradora na Taquara, que divide com o marido uma banca no Centro, diz que adora o Brasil, mas tem vergonha dos políticos. Porém, é esperançosa e acredita em dias melhores.


— Meu pedido para aqueles que ainda têm mandato é que renunciem o mais rápido possível, para que pessoas honestas possam assumir o lugar deles. O Brasil precisa disso. Com certeza esses políticos não representam a nação. A corrupção sempre existiu, mas nunca nesse nível. Isso me envergonha.
Dono de um bar, na Rua de Santana, no Centro, Francisco Rodrigues, de 68, não vislumbra mudanças no horizonte, ao contrário da jornaleira. Para o comerciante a corrupção é endêmica.
— Mudam os políticos mas a falcatrua continua. Isso não me surpreende, pois sempre foi assim e não vai passar. Agora eu procuro fazer o meu. Acordo às 5 e meia e só vou me embora no fim do dia, com a consciência tranquila de um cidadão ciente de seus deveres. Meu tempo é para o meu trabalho. Infelizmente poucos políticos têm caráter. mas o Brasil é maior que isso.
O pipoqueiro Josemar Gomes de Lima, de 32 anos, morador da Saúde, que ganha a vida em pé diante de uma carrocinha estacionada na Avenida Presidente Vargas, no Centro, queria que os políticos soubessem o que é ganhar dinheiro suado, como ele:
— Temos que melhorar nosso país. Do jeito que está é uma vergonha. Por causa da roubalheira falta médico nos hospitais e não tem escola para nossos filhos. Isso é uma vergonha.
Para o antropólogo e professor da PUC-Rio Roberto Da Matta, a relação do brasileiro com a classe política é reflexo de contradições sobre seu comportamento público e o privado. Segundo o especialista, a população tende a se afastar da classe política diante de denúncias. Entretanto, se esquece — propositalmente — que é responsável por levar os políticos ao poder.
— O brasileiro é pouco dado ao confronto. Por isso, num momento de crise na política, com denúncias envolvendo praticamente todos as lideranças e partidos, a reação é a de afastamento. “Eu não, eles é que são corruptos” — diz Da Matta.

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