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Tipo de Clipping: WEB

Data: 27/03/2017

Veículo: Valor Econômico

BC quer ancorar expectativas mais amplas
27/03/2017

Depois de ancorar as expectativas de inflação de economistas e operadores do mercado, o Banco Central (BC) ainda trava uma batalha para colher progressos definitivos no convencimento de empresas e consumidores de que o país volta a ter maior moderação nos reajustes de preços da economia.

A inflação esperada pelos consumidores para os próximos 12 meses caiu de 7,6% em fevereiro para 7,5% em março, depois de ter atingido um pico de 11,4% no começo de 2016, segundo o indicador de Expectativas de Inflação dos Consumidores coletado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Apesar dos significativos avanços, as expectativas de consumidores ainda não recuaram aos níveis de 6% observados até 2010, na gestão de Henrique Meirelles no BC, quando a instituição acumulou um histórico de cumprimento das metas anuais de inflação.

Desde que Ilan Goldfajn assumiu a presidência do BC, em junho de 2016, a instituição tem sinalizado que o seu objetivo é ancorar as expectativas no sentido amplo, e não apenas dos segmentos mais especializados do mercado financeiro.

Os consumidores e, sobretudo, as empresas têm um papel mais direto na dinâmica da inflação. "Na prática, são as empresas que definem os preços na economia", explica o professor Eduardo Zilberman, do Departamento de Economia da PUC-Rio. Não há pesquisa semelhante com expectativas de empresas.

O Banco Central afirma, nos seus documentos oficiais, que depois de manter os juros altos para ancorar as expectativas, agora pode ser mais flexível na condução da política monetária. Mas a ancoragem plena das expectativas de inflação de consumidores e empresas ainda deverá levar alguns meses para ser concluído.

"Até o fim do ano, as expectativas dos consumidores deverão cair para cerca de 6%", afirma o economista Pedro Costa Ferreira, do Ibre/FGV. Segundo ele, as expectativas dos consumidores de renda mais alta, que costumam ser mais bem informados, já estão em 6% - e normalmente eles são um indicador de onde caminharão as expectativas gerais.

Mesmo se cair, a inflação esperada pelos consumidores seguiria acima da meta de inflação de 4,5% definida para 2017 e 2018. Embora fosse desejável índices mais baixos, historicamente os consumidores e firmas têm uma percepção de inflação mais alta do que a realmente medida, mesmo em países desenvolvidos.

O primeiro passo no ancoramento das expectativas de inflação foi nas projeções do boletim Focus, mas esse progresso não foi suficiente para o BC acelerar a distensão monetária. Esse grupo costuma ter um raciocínio mais sofisticado, mas nem sempre reflete o que ocorre com as expectativas de quem move as engrenagens da economia.

O passo seguinte foi o ancoramento das expectativas de inflação implícitas em títulos públicos. Na sexta-feira, Ilan apresentou gráficos numa aula inaugural na FGV que mostram que, no começo de 2016, as expectativas de inflação por esse termômetro chegaram à faixa entre 8% e 9%. Hoje, estão ancoradas em percentuais perto de 4,5%.

As expectativas de consumidores também tiveram ganhos, sedimentando a visão do BC de que havia espaço para juros menores. Mas, em geral, elas caem mais devagar porque são muito influenciadas pela inflação passada.

As expectativas de inflação de consumidores subiram a partir do começo de 2013, passando de 6% para 7,5%, com um surto inflacionário cujo símbolo maior foi a alta do preço do tomate. Tiveram impulso novo no começo de 2015, depois que a inflação corrente subiu puxada pela alta das contas de luz.

Levar as expectativas mais amplas exatamente para a meta será um trabalho hercúleo. Não é fácil até em países com inflação baixa. Uma pesquisa mostra que, na Nova Zelândia, pioneira na adoção do regime de metas, o empresariado superestima a inflação de forma recorrente. Suas expectativas são muito influenciadas pelas compras em supermercados e visitas aos postos de gasolina.

Mas esse pode ser um sinal de que as coisas andam bem por lá. Zilberman pondera que, com a estabilidade de preços, as empresas não teriam muitos motivos para gastar tempo e dinheiro prevendo a inflação. O ex-presidente do Fed Alan Greenspan definia a estabilidade de preços como uma inflação baixa ao ponto de empresas e pessoas não levá-la em consideração ao tomar decisões econômicas, como consumo e investimento.


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