Tipo de Clipping: Web
Data: 30/03/2017
Veículo: Extra
A fotografia, profissão que seu bisavô exerceu na Galícia há mais de cem anos, foi o fio condutor da vida do economista Daniel de Plá. Nascido na Urca e radicado em Niterói, cidade onde o estúdio da família prosperou, Plá apostou na rede de franquias da famílias que chegou a se tornar uma das maiores redes de lojas do ramo com 150 unidades, na década de 1990. Formado em economia pela PUC-Rio, ele fez mestrado e doutorado na Universidade de Illinois (EUA), e voltou ao Brasil para comandar de vez os negócios da família.
O sucesso da rede foi abatido pela popularização da fotografia digital. Mas o pioneirismo no ramo de franquias e seu empreendedorismo já o levaram à presidência da Associação Brasileira de Franchising e posteriormente à Associação Comercial do Rio de Janeiro, onde foi presidente do conselho editorial. Daniel exerceu ainda o magistério dando aulas em cursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da PUC.
De Plá também cursou a faculdade de Direito, curso que iniciou já aos 50 anos. No primeiro dia de aula, já tinha lido a constituição e o código civil. Foi no decorrer dessa leitura que descobriu uma causa, personificada no terceiro parágrafo do artigo 183, que reza: “Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”. Ali estava um dos maiores problemas dos seus vizinhos do Cantagalo, Pavão e Pavãozinho.
— Esse parágrafo significa que os moradores de favelas erguidas em terrenos públicos jamais terão qualquer segurança jurídica. Precisamos de uma emenda constitucional que resolva isso — disse Daniel, em entrevista ao Globo, em 2012.
Há 10 anos, o economista entrou no morro Pavão- Pavãozinho, comunidade do bairro de Ipanema, onde residia, para fotografar e acabou se interessando pela questão social. Ele, então, passou a dedicar até oito horas semanais a visitas à favela e passou a promover festas de Réveillon com a comunidade pacificada.
— Daniel era muito carismático e roubava sorrisos de seus alunos o tempo todo — lembrou o amigo Beto Filho, presidente da Associação Brasileira de Franchising.
O economista também tentou entrar para política em 2008, quando foi candidato a vereador no Rio. Ele acreditava que o interesse pela política foi despertada na Associação Comercial quando passou a defender os interesses de comerciantes contras as taxas cobradas por administradoras de cartão de crédito.
Daniel de Plá morreu aos 59 anos, nesta quarta-feira, após sofrer um mal súbito durante uma palestra na Fundação Getúlio Vargas. O enterro será realizado, na tarde desta quinta-feira, no Cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, em Niterói. Daniel não tinha filhos.