Tipo de Clipping: Web
Data: 14/05/2017
Veículo: Extra
SÃO PAULO - Ao iniciar a vida profissional e começar a receber salário, o jovem logo pensa nas possibilidades do que fazer com o dinheiro, agora seu. Mesmo quando o salário é baixo, como acontece no início de carreira, é natural querer planejar viagens, compras e acesso a novos serviços. Mas cuidado, antes desses rendimentos começarem a cair na conta, é bom ter um planejamento mínimo do que fazer com ele, e evitar despesas excessivas.
Especialistas em planejamento financeiro advertem que, nessa fase, o ideal é o jovem já ter tido acesso a alguns conceitos de educação financeira, para assim evitar consumismo exagerado. Mas, como em geral isso não acontece, é importante fazer ao menos um exercício, simples: colocar no papel quanto será seu salário (ou bolsa de estágio) líquido, e o que pretende fazer com esse dinheiro. Se as expectativas forem maiores que o que de fato receberá, é preciso ajustar essa conta.
— Depois de ingressar no mercado de trabalho e começar a ter uma renda, é preciso saber onde o dinheiro vai ser gasto. Uma planilha básica, com os compromissos que serão assumidos, é simples de fazer. Se, nesse exercício, o saldo final for positivo, vamos ter um poupador em potencial. Se negativo, um devedor precoce, que certamente vai entrar no cheque especial — explica Graziela Fortunado, professora da IAG Escola de Negócios da PUC do Rio de Janeiro.
Diante de tantas possibilidades, é natural que nesse exercício o saldo fique negativo. Por isso é importante, de largada, fazer o redimensionamento dos gastos, o que muitas vezes inclui adiar alguns desejos, como comprar uma roupa nova, ou fazer uma viagem, para bancar gastos básicos (transporte, alimentação).
Parece difícil, mas a professora vê o ato de controle das finanças como uma questão de hábito. Ela observa que, depois de algum tempo fazendo isso, deixa de ser um esforço e se torna algo natural. Nessa fase, é importante combater os gastos por impulso. Uma dica é sempre questionar se aquilo que se quer comprar é uma necessidade de fato.
A quem consegue chegar com um excedente de recursos no final do mês, nessa fase, o ideal é começar a poupar. Graziela lembra que, mesmo com pouco dinheiro, há opções interessantes além da caderneta de poupança.
— Não precisa ser a caderneta, que tem uma rentabilidade baixa, mesmo considerando a isenção do Imposto de Renda (IR). É importante que esse jovem comece a buscar informações sobre essas opções — disse.
Entre as alternativas que não exigem muito dinheiro, há o Tesouro Direto, em que é possível comprar títulos públicos com menos de R$ 100. No entanto, é necessário fazer o cadastro em uma corretora de valores, mas algumas dão isenção de taxas de custódia.
Mas poupar apenas não é a única opção. Os especialistas dizem que é importante ter objetivos para tornar esse processo mais fácil -- e também para não colocar o dinheiro em uma opção que seja boa somente para o curto prazo, se o poupador tem planos de usar o dinheiro só lá na frente.
O primeiro objetivo, dizem, deve ser fazer uma reserva para emergências -- uma vez que o mercado de trabalho não está aquecido o suficiente e o desemprego deve demorar a cair. O ideal, por isso, é que esses recursos sejam suficientes para cobrir três meses dos seus gastos. Depois disso, é possível traçar outros planos, como poupar para um intercâmbio no exterior, ou mesmo uma reserva para o futuro -- quem está entrando no mercado de trabalho agora terá de trabalhar muitos anos a mais para se aposentar, se as novas regras da reforma da Previdência forem aprovadas.
Andrea Ramal, doutora em educação, defende que para isso é importante que o jovem dedique uma parte do seu tempo a obter conhecimentos básicos sobre a vida financeira, como saber como é a incidência dos juros nas compras a prazo.
Tendo esses conhecimentos e com objetivos de vida, que vão mudar ao longo dos anos, será mais fácil não só poupar, como também escolher a melhor aplicação.
— É preciso ter disciplina para se informar e saber qual a melhor aplicação. Quando se diz que uma ação é para o longo prazo, não quer dizer que nunca vai mexer. De tempos em tempos é preciso avaliar se aquela aplicação ainda faz sentido, porque os cenários econômicos mudam e as perspectivas — explicou.
Andrea explica que é preciso ter consciência de que ao ceder aos impulsos, menor será a capacidade de guardar dinheiro e, assim, o objetivo vai ficando mais distante.
No entanto, os objetivos de investimentos, segundo ela, só serão alcançados com o investimento em conhecimento. Quem não faz isso terá que buscar uma assessoria financeira.
— Ter um plano para a aposentadoria é importante, mas nem por isso um plano de previdência vai ser o mais adequando. É preciso saber o quanto ele rende, a taxa de administração e outros custos. Se não tiver auto-disciplina para aprender, é bom buscar ao menos alguma assessoria financeira, ou sesse jovem vai investir na primeira coisa que oferecem — disse.