Valor

Tipo de Clipping: WEB 

Data: 19/05/2017

Veículo: Valor Econômico

Renúncia é cenário menos doloroso para especialistas
19/05/2017

Cientistas políticos ouvidos pelo Valor ressaltam que a situação do governo Michel Temer é extremamente delicada depois da revelação dos áudios com conversas entre Joesley Batista, dono da JBS, e o presidente da República. Para Celso Barros, "o governo Temer acabou" e o principal debate do país agora é se um eventual impeachment será seguido por eleições indiretas, como prevê a Constituição, ou diretas, o que requer a aprovação de uma emenda constitucional. "A briga agora é essa", diz.

Caso Temer seja afastado - oito pedidos de impeachment foram protocolados em 24 horas - o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, assume interinamente para convocar eleições pelo Congresso Nacional, a serem realizadas num prazo de 30 dias. O problema da eleição indireta, afirma o doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, é a dificuldade de ungir o vencedor com legitimidade suficiente para exercer o cargo, em meio à longa e grave crise política. Em sua opinião, não há um nome que possa se sustentar na Presidência sendo eleito dessa maneira. Temer, como vice de Dilma Rousseff, impedida no ano passado, já ascendeu ao cargo com grande déficit de legitimidade.

Para Luis Felipe Miguel, da UnB, a condição de manutenção do governo Temer é praticamente nula, mas não há saídas fáceis para a substituição do presidente da República. O ideal, defende Miguel, seria a convocação de eleições gerais, para a Presidência e para renovar o Congresso, como ocorreu na crise política argentina no começo dos anos 2000.

Em sua opinião, a realização de eleições indiretas não dotaria de legitimidade o próximo presidente. "É difícil que o país aceite que ele seja eleito por esse Congresso Nacional. A maior bancada de parlamentares é a que foi financiada pelo grupo JBS", diz.

Octavio Amorim, da FGV-Rio, diz que o impeachment "já está colocado" e o cenário "mais rápido e menos doloroso" para a economia e as instituições políticas brasileiras seria a renúncia do presidente da República e a convocação de eleições indiretas.

Para ele, o país não tem condições de passar por mais outro processo de impedimento, como ocorreu com a petista Dilma Rousseff. "Desde a aceitação do pedido de impeachment por Eduardo Cunha [PMDB-RJ],em dezembro de 2015, até a destituição de Dilma, foram nove meses. A gente vai passar por isso de novo, até março de 2018?", questiona.

A decisão de não renunciar, como anunciada por Temer ontem, é "temerária, sem fazer trocadilho", um "ato de irresponsabilidade política o fato de não reconhecer a dimensão da crise", avalia Renato Lessa, professor de filosofia política da PUC-Rio.

Para Lessa, Temer deve ter suas razões para ganhar tempo, mas essa "dilação só vai aumentar a dificuldade para o país enfrentar a gravidade do momento". Ele disse: "Numa renúncia imediata, automaticamente o presidente da Câmara dos Deputados assumiria e seguiria o rito congressual. Temer abriu mão de ter a solução para a crise política e está passando para a sociedade a responsabilidade da crise política. Vamos ver agora as consequências. A sociedade é que vai dizer que tipo de solução quer encaminhar", afirma.

Na avaliação de Lessa vai crescer o movimento das ruas em prol das diretas já. O professor considerou o pronunciamento de Temer "uma narrativa muito pueril": "O vigor retórico não foi acompanhado da substância em termos de conteúdo" da defesa. E acrescentou: "O presidente da República não pode exigir, como disse, que o Supremo [Tribunal Federal] investigue qualquer coisa, não depende da disposição do Supremo que vai investigar seguindo suas prerrogativas constitucionais".

No caso de eleições indiretas, Amorim vê como essencial a escolha pelo Congresso de uma figura centrista, moderada e suprapartidária, que consiga dialogar com todas as forças políticas. O problema, diz, é que está difícil encontrar um nome à altura. Pelo currículo, o jurista Nelson Jobim, por exemplo, seria uma das opções, por ter sido ministro dos governos Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, deputado constituinte e presidente do Supremo Tribunal Federal. "Ele ocupou posições proeminentes nos três poderes da República, mas hoje trabalha no banco BTG Pactual, cujo presidente tem sérios problemas com a Lava-Jato", diz, numa referência a André Esteves.

Outro nome lembrado é o do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), pela trajetória independente, fora do grupo que domina o PMDB. "E sempre se opôs à aliança do partido com o PT", afirma.

A formação de um governo de união nacional seria o melhor caminho, como o que Itamar Franco tentou, mas não conseguiu, depois do impeachment de Fernando Collor, destaca. À época, o PT ficou fora do governo. Hoje, concorda Amorim, num momento de polarização no país, a dificuldade seria ainda maior. "A política brasileira está tão escangalhada, tão avariada que soluções óbvias e efetivas são inviáveis", diz.


Mais sobre Valor
Tipo de Clipping: Web Data: 07/06/2019Veículo: Valor Econômico / Cultura e Estilo

Tipo de Clipping: ImpressoData: 05/04/2019Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: ImpressoData: 03/04/2019Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: WebData: 15/03/2019Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: WebData: 12/03/2019Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: WebData: 12/03/2019Veículo: Valor Econômico

Veículo: Valor Econômico Seção: Opinião Data: 07/03/2019

Tipo de Clipping: WebData: 27/11/2017Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: WEB  Data: 28/07/2017 Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: Impresso Data: 28/07/2017 Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: WEB Data: 26/07/2017 Veículo: Valor Econômico

Tipo de Clipping: WEBData: 20/07/2017     Veículo: Valor Econômico

Telefones:
(21) 3527-1140 e (21) 99479-1447 | Ramais: 2252, 2245, 2270 e 2246
E-mail:
imprensa.comunicar@puc-rio.br