O ex-aluno morto na ditadura será nome do Diretório Central de Estudantes da Universidade
Nesta sexta-feira, 19, a Editora PUC-Rio lançou o livro "Raul Amaro Nin Ferreira: Relatório", com documentos que mostram o caminho do ativista político desde a sua prisão até a morte, no Hospital Central do Exército. O encontro foi realizado na Vila dos Diretórios da PUC-Rio, em frente à árvore que leva o nome do ex-aluno, com a presença de familiares e amigos. Durante a cerimônia, representantes do Diretório Central dos Estudantes da PUC-Rio anunciaram que o diretório passará a se chamar Raul Amaro Nin Ferreira, em homenagem ao ex-aluno da Universidade.
A pesquisa, realizada pelos sobrinhos Felipe e Raul Carvalho Nin Ferreira e pelo vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais e membro da Comissão da Justiça e Paz de São Paulo, Marcelo Zelic, resultou em um relatório extenso sobre o tratamento dado ao ativista e inclui relatos de tortura. O relatório de Raul Amaro ressalta a herança de solidariedade e heroísmo que a luta do ativista representa para seus familiares e amigos, os quais tiveram de conviver e aprender com a perda.
“Para ser franca, o que eu faço questão é de que a verdade venha à tona e que seja revelada para todas as famílias que sofreram porque elas têm o direito de saber”, disse Maria Coleta de Oliveira, irmã de Raul, acrescentando que não pensa em punição para os agressores.
Durante um ano e meio, os pesquisadores reuniram todos os dados já divulgados sobre o caso e buscaram novas informações. De acordo com Felipe Nin Ferreira, a família teve grande importância para que a verdade aparecesse porque insistiram na investigação do crime. "Esse trabalho é um material de denúncia, que revela o que significou o HCE e a repressão nesse período. A ideia é que essa pesquisa não coloque um ponto final na história. Queremos que isso tenha repercussão", afirmou Ferreira.
O Vice-Reitor para Assuntos Comunitários da PUC-Rio, professor Augusto Sampaio, explica que a ideia principal do livro é registrar o episódio de repressão e tortura. Para ele, é uma oportunidade de aprendizado para a juventude que não viveu o período militar no Brasil. "O livro será doado a bibliotecas e centros culturais", destacou. Além de "Raul Amaro Nin Ferreira: Relatório", a família ainda está produzindo um filme. A jornalista Joana Nin dirige o documentário "Tira-me desse horror" com o intuito de atingir um público maior para divulgar a história de seu tio.
Aos 21 anos, o ex-aluno de Engenharia Mecânica da PUC-Rio Raul Amaro foi assassinado por agentes do Estado, no Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica. Durante anos, a mãe de Raul, Mariana Ferreira, lutou para tentar conseguir um esclarecimento sobre o sumiço de seu filho.
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