Para José Márcio Camargo, 61, professor da PUC-RJ e economista da Opus Gestão de Recursos, a queda do superávit primário não preocupa - o ruim é a qualidade dos gastos que o governo tem feito a fim de tentar estimular a economia.
FOLHA - O superávit primário vai continuar caindo?
JOSÉ MÁRCIO CAMARGO - Existe espaço para que seja reduzido ainda mais, pois haverá uma diminuição da taxa de juros e a relação entre a dívida pública e o PIB está menor do que no passado. Não vejo problema aí, e sim na qualidade dos gastos públicos que estão sendo feitos.
FOLHA - Por que são ruins?
CAMARGO - Diminuir o IPI de automóveis e material de construção apenas faz com que uma demanda seja antecipada -ou seja, o consumo deve cair quando esse estímulo acabar, portanto a perda de arrecadação agora não compensa. Além disso, a desoneração beneficia apenas certos setores que têm mais poder político.
FOLHA - O que seria o ideal?
CAMARGO - Cortar impostos sobre a folha de pagamento, o que favoreceria mais trabalhadores e a atividade econômica.