O ator Milton Gonçalves esteve presente no 7º Muticom para a exibição do filme “Eles não usam black-tie”, do diretor Leon Hirszman. O filme possui quatro prêmios e indicações, dentre eles: o prêmio FIPRESCI e o Grande Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza, 1981; o Prêmio Grand Coral no Festival de Havana, 1981; e ganhador do Prêmio Margarida de Prata pela CNBB, em 1982. A obra faz parte da programação do último dia do Sétimo Muticom. O evento começou às 9h no auditório do RDC e contou com a presença do professor Flávio Kactus, como moderador da mesa.

“Eles não usam black-tie” se passa em São Paulo, durante a ditadura. Tião (Carlos Alberto Riccelli) engravida sua namorada, Maria (Bete Mendes), e resolve casar. Enquanto isso, na fábrica em que trabalhava, começa uma greve pelos direitos dos trabalhadores. A história se dá com o conflito de Tião, personagem que busca conquistar uma posição melhor na fábrica para oferecer melhores condições para sua nova família. Para isso, ele vê como única saída furar o movimento de greve e acaba batendo de frente com seu pai, líder dos trabalhadores.

Após a exibição, foi aberto um momento para perguntas no qual o ator contou detalhadamente sua história de luta e superação. Mineiro, veio com a família morar em São Paulo, nos anos 50, e ali ingressou na carreira de ator no Teatro Arena, pelo qual é formado: “O Teatro de Arena, em São Paulo, tornou-se um núcleo de discursão e aprendizado importante para formação do teatro brasileiro”, conta Milton, emocionado pelas dificuldades vividas em tempo de ditadura e discriminação.

Além disso, ele comentou sobre as barreiras políticas e econômicas existentes, hoje em dia, para se fazer cinema nacional. Diante da pergunta sobre sua preferência da versão para o teatro ou cinema, o ator comentou que preferiu fazer o teatro: “No teatro é uma conquista diária. Minha formação é no teatro e a sintonia com o público é maior”, ainda que o elenco do filme seja composto por um círculo de amigos, complementa Milton.