Ficamos felizes pela lei do lixo zero que está ajudando a manter nossa cidade mais limpa combatendo o cidadão que suja as ruas com pagamento de multas. No entanto, é impossível visitar a Rocinha e não guardar na memória o triste cenário de imensos lixões espalhados pela comunidade que proliferam ratos, baratas e consequentemente uma série de doenças.

Davison CoutinhoQuando levamos um turista ou amigo para conhecer o local, em geral comentam e se assustam com a quantidade de lixo que fica na rua sem local apropriado e que divide com os moradores os espaços da comunidade.
A Comlurb já conhece o problema e vem prometendo uma solução para o problema, o Prefeito também esteve na favela e até agora não tivemos resultados de sucesso para acabar com o problema do lixo. O lixo é um problema social, sanitário e ambiental e não podemos nos conformar em dividir nosso dia a dia cercado de insalubridade.
Será até quando teremos que conviver assistindo nas televisões os nossos governantes do Rio de Janeiro nadando no dinheiro do povo com empresas em nome de familiares, patrimônio crescendo rapidamente sem explicações, uso de dinheiro público de forma desonesta, esfregando nas nossas caras que estão nos roubando e não fazemos nada.
Enquanto isso nossas crianças de favelas estão crescendo sobre a pressão da violência, com uma educação de péssima qualidade, onde se precisam de muita sorte e muita benção de Deus para chegarem a um futuro melhor. Pior ainda, pessoas continuam sofrendo com as enchentes, poluição e um trânsito caótico. Uma população inteira sofrendo, e assistindo as obras milionárias e desnecessárias que privilegiam as classes mais favorecidas. O retrato da nossa cidade é triste, e das favelas é ainda pior.
*Davison Coutinho, 23 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pelaPUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade, funcionário da PUC-Rio.