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Data: 27 de dezembro de 2013
O combustível do crédito
07/01/2014
Nos últimos 20 anos, duas teorias têm dividido as opiniões dos economistas. A primeira, a predominante, defende que a estabilidade econômica criou um ambiente adequado para a evolução do crédito no País. Mais confiantes no futuro, os trabalhadores ousaram assumir financiamentos de longo prazo para adquirir a casa própria, comprar um carro novo ou trocar a televisão e a geladeira. A segunda tese é de que o aumento da oferta de crédito estimulou o consumo e, por consequência, gerou crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), do emprego, da renda e, na ponta, resultou em uma maior solidez da economia, a base da estabilidade.




Os novos consumidores: embalados pelo crédito, os brasileiros, como a família Assunção,

de Diadema (SP), puxaram a economia nos últimos anos



Seja causa ou consequência, o fato é que o crédito assumiu um papel protagonista na Era do Real. Em 1994, ano em que a moeda entrou em circulação, o volume total de financiamentos no País não passou de R$ 625 bilhões, o equivalente a 28% do PIB (veja gráfico ao final da reportagem). Neste ano, o montante de empréstimos deve ultrapassar R$ 2,6 trilhões, ou 58,9% do PIB, segundo projeções do Banco Central (BC), uma alta de 320%. Essa dinheirama garantiu o melhor período da história para a indústria da construção civil, o maior volume de produção de carros e caminhões, uma explosão de vendas de pacotes turísticos, entre muitos outros recordes em diversos segmentos da economia.



“Não há como dissociar a estabilidade e o crédito”, afirma o economista Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC. “Os dois caminham juntos, e um depende do outro.” A explosão do crédito no País nos últimos anos chama a atenção tanto pelas cifras alcançadas quanto pela rapidez com que tem crescido, mas poderia – indiscutivelmente – ser ainda maior. A relação crédito/PIB nos países desenvolvidos é muito superior aos números registrados no mercado brasileiro. Nos Estados Unidos, pelos cálculos do Banco Mundial, o crédito representa 163% do PIB, pouco abaixo dos 166% da Holanda, dos 176% da Espanha e dos 183% da Irlanda.








“Dinheiro em excesso pode, talvez, fazer algum mal a uma economia, mas a ausência de crédito é um problema muito mais difícil de se enfrentar”, diz o economista Renato Werneck, da PUC-Rio. Se, por um lado, a alta do crédito se tornou um importante combustível para o crescimento, por outro gerou grandes desafios ao País. Entre 2009 e 2011, anos marcados pelos estímulos ao consumo, os bancos foram agressivos na busca por tomadores de financiamentos – com destaque para os consignados, de baixo risco – e o governo lançou uma série de incentivos, como a redução de IPI para automóveis e eletrodomésticos. O resultado foi além do esperado, para o bem e para o mal. O consumo interno disparou, mas o endividamento bateu no teto e a inflação mudou de patamar, para 6% ao ano.



Para não perder as rédeas, os juros voltaram a subir e o IPI voltou. “A dose do estímulo foi exagerada”, diz Luiz Rabi, da Serasa Experian. Mesmo diante da recente alta dos juros, a estabilidade gerada pelo Real desenhou um novo cenário para a economia nas últimas duas décadas. Em 1994, a Selic era de 64% ao ano. Atualmente está em 10%. À medida que o crédito, gradativamente, tornava-se mais barato, os brasileiros saíam às compras. “Quem toma dinheiro emprestado para comprar algo novo é quem está confiante em sua capacidade de pagamento”, diz o economista Rafael Leal, da FGV. Um dos motores da expansão do crédito nos últimos anos é o mercado imobiliário.



As linhas de financiamento voltadas à compra da casa própria crescem a um ritmo de 35% ao ano desde 2009, segundo o BC. Entre 2012 e 2013, a participação dessa modalidade passou de 6% para 7,5% do PIB. “O financiamento imobiliário tem sido o destaque no mercado neste ano”, afirma Maciel, do BC. Embora o crédito imobiliário tenha brilhado nos últimos tempos, há sinais de que o crédito vive um período de acomodação. “Os consumidores ficaram cautelosos diante da alta da inflação e dos ganhos salariais mais modestos”, diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos. A cautela, para alguns especialistas, deve dar lugar a uma retomada do crédito em 2014. “Teremos um ambiente de recuperação internacional e de maior competição interna e demanda por crédito”, diz Ivo Telles, da Lopes Consulting.












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