Isto É Dinheiro Tipo de Clipping: WEB
Data: 18/07/2014
Veículo: Isto É Dinheiro
Aplausos para os BRICS
08/07/2014
Muita coisa pode acontecer na economia de um país em dois anos. Empresas nascem e morrem, uma crise pontual pode exigir a intervenção imediata do governo para evitar demissões em massa ou uma crise internacional pode significar a morte de um setor. Em diplomacia, porém, dois anos é um prazo bastante curto. Foi esse o tempo que se passou entre a aprovação da ideia de criar o “banco dos Brics”, em 2012, e a assinatura do acordo para assentar o primeiro tijolo do Novo Banco de Desenvolvimento, como passou a ser chamado.
Os governantes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul oficializaram, na terça-feira 15, em Fortaleza, a criação de um organismo para ampliar o volume de financiamentos entre esses países, cujas iniciais formam a sigla BRICS. Cansados de esperar pela segunda fase da reforma nas cotas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, órgãos multilaterais criados após a Segunda Guerra Mundial e dominados até hoje pelos países mais desenvolvidos, eles resolveram agir.
“Os tempos que nós vivemos exigem essa característica, esse novo arcabouço”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff após a assinatura do documento, junto com o presidente chinês, Xi Jinping, o russo, Vladimir Putin, o sul-africano, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Com US$ 50 bilhões iniciais, divididos igualmente entre os sócios, o banco deve financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Para acomodar o interesse da China, que quer investir um volume maior de recursos, será permitida a criação de fundos adicionais.
Dessa maneira, o país tem a possibilidade de financiar os projetos de seu interesse – especialmente na África, mas também na América Latina – sem que a composição societária seja alterada. Na disputa com Rússia, África do Sul e Índia, a China conseguiu que o banco seja sediado em Xangai. O Brasil perdeu a presidência da instituição para a Índia, que foi quem idealizou o “mini-Banco Mundial”, mas ficou com o comando do conselho de administração. Como a presidência será rotativa e ainda não se sabe qual será o poder real de cada órgão, o governo brasileiro argumenta que todos saíram ganhando.
“No banco dos BRICS, o poder é igual”, diz Guido Mantega, ministro da Fazenda. “Ser o primeiro ou o segundo presidente não tem importância nenhuma”, afirma. Para o professor de relações internacionais Paulo Wrobel, do BRICS Policy Center, da PUC-Rio, mais importante do que a presidência do banco é a maior aproximação entre os países. “Vai se criando um adensamento das relações, com muitas reuniões entre os ministros e outros integrantes dos governos”, diz. Outra instituição formalizada na reunião de Fortaleza – esta, sim, uma ideia brasileira – é o Arranjo Contingente de Reservas, apelidado de “mini-FMI”.
Trata-se de um fundo composto por recursos de cada país – U$S 50 bilhões da China; US$ 18 bilhões do Brasil, da Índia e da Rússia (cada um); e US$ 5 bilhões da África do Sul. Ele servirá como uma rede de proteção financeira para socorrer os países numa crise cambial. Para ter direito a sacar recursos, o país precisa ter um acordo com o FMI. Ou seja, apesar de desafiarem as instituições criadas em Bretton Woods, em 1944, o fundo e o banco dos BRICS não rompem totalmente com os órgãos multilaterais sediados em Washington, nos EUA.
Os emergentes ainda não tiveram a ousadia de rasgar a antiga cartilha porque o mais difícil é flexibilizar as regras de concessão de crédito sem correr o risco de um calote monumental. Porém, o surgimento de uma nova força econômica global pode ser interpretado como um desafio à velha ordem financeira global. Docemente constrangida, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, enviou uma carta de “felicitações” à presidenta Dilma pela reunião dos BRICS e afirmou que terá “grande satisfação em trabalhar” com o grupo. Outra grande novidade da sexta reunião de cúpula dos BRICS foi a presença maciça do empresariado.
Um encontro organizado na segunda-feira 14 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e por outras entidades do setor produtivo teve a participação de mais de 800 empresários dos cinco países. Para eles, trata-se de uma oportunidade de fazer negócio com aqueles que já lideram o crescimento mundial – caso da China – ou os que têm grande potencial para o futuro: a Rússia, com sua grande reserva energética; a Índia, com uma população de quase 1,2 bilhão de habitantes; e a África do Sul, porta de entrada para o continente africano.
Juntos, os quatro países são o destino de um quarto das exportações brasileiras e origem de 21% de tudo o que o Brasil compra do Exterior. “Temos boas perspectivas de negócios”, diz Robson Andrade, presidente da CNI. Embora a indústria brasileira venha sofrendo hoje com a concorrência dos importados chineses, ele comemora o aumento do relacionamento com a Rússia, onde vê oportunidades para o setor farmacêutico. O presidente da CNI reclama, no entanto, da falta de equilíbrio na relação com os chineses.
“Eles têm muita facilidade para investir aqui, mas nós temos dificuldades para investir lá’, afirma Andrade. “As principais barreiras ao aumento do comércio são os acordos regionais, a burocracia e os entraves culturais e linguísticos”, diz o advogado José Nantala, do escritório Peixoto e Cury, especialista nos BRICS. Para tentar atuar nessa frente, empresários dos cinco países entregaram um documento aos governos pedindo esforços oficiais para a convergência regulatória e a retirada das barreiras fitossanitárias, que prejudicam exportações de produtos do agronegócio.
“No meio empresarial há um consenso de que, se o governo não facilitar o ambiente regulatório, o comércio não vai acontecer”, diz Marcos Jank, diretor global de assuntos corporativos da BRF. No caso específico da BRF, ele diz que a empresa enfrenta barreiras para exportar suínos para a África do Sul e frango para a Índia. Por outro lado, na quinta-feira 17, o governo chinês anunciou a retirada do embargo à carne bovina brasileira. Pelo menos no discurso, a presidenta Dilma parece disposta a atuar na melhoria do ambiente de negócios.
“O Fórum Empresarial é a sustentação, também, dos países BRICS”, afirmou. Alguns desses negócios já foram anunciados durante a visita de Estado do presidente Xi Jinping, na quinta-feira. A Embraer vendeu 60 aeronaves E-190 para duas empresas chinesas. A companhia aérea Tianjin Airlines, subsidiária do HNA Group, comprou 40 unidades, por US$ 2,1 bilhões. “O novo pedido reforça o sucesso que a companhia aérea vem tendo com os jatos Embraer”, diz Paulo Cesar Silva, presidente da Embraer Aviação Comercial.
Outros 20 aviões foram negociados com a ICBC Leasing, uma das maiores empresas de leasing de aeronaves do mundo, com uma frota de 380 aeronaves, por US$ 1,1 bilhão. A conversa com os chineses gerou até vendas improváveis. As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) só aguardam as licenças ambientais para embarcar para Taiwan 16 mil toneladas de lixo radioativo que estão estocadas há 17 anos em um depósito na cidade de Caldas, no sul de Minas Gerais. Com valor de R$ 32 milhões, a carga será vendida à Global Green Energy Science, que vai gastar US$ 10 milhões para transportar o material em segurança.
Uma vez do outro lado do mundo, os chineses terão tecnologia para retirar urânio e tório do material, usando-os na geração de energia nuclear, e terras-raras, elementos químicos usados na fabricação de produtos de alta tecnologia, como semicondutores e componentes para carros híbridos. A enorme população indiana, com renda per capita ainda baixa e uma economia com grande potencial de crescimento, também apresenta boas oportunidades de investimento para os empresários brasileiros.
Desde 2006 produzindo ônibus na Índia em uma joint venture com a Tata Motors, a Marcopolo poderia incrementar ainda mais seus negócios com uma ajuda do governo para negociar melhores incentivos fiscais. “Acompanhar o crescimento de um país tão grande é estrategicamente relevante para nós”, diz José Antonio Valiati, diretor de relações com investidores da companhia. Agora que o Brasil é sócio de um clube que reúne quase metade da população mundial e assentou seu primeiro bric (tijolo, em inglês) financeiro, o horizonte das empresas nacionais também se amplia bastante.

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