Revista O Globo

Tipo de Clipping: WEB

Assunto: PUC-Rio 

Data: 3110/2014

Veículo: O Globo

Jesus Landeira-Fernandez, psicólogo e doutor em neurociências: ‘Transtornos de ansiedade não desaparecem’
31/10/2014

“Sou fundador e atual editor da revista “Psychology & Neuroscience”, professor da Puc-Rio, e há 20 anos desenvolvo pesquisa com linhagem de ratos produzida para investigar circuitos neurais responsáveis pelos transtornos de ansiedade. Hoje temos cerca de 300 animais em laboratório”

Conte algo que não sei.

Todo mundo sabe que é possível tratar problemas de ansiedade através de psicoterapia. O que as pessoas não sabem é que podemos testar a eficiência dessas psicoterapias em animais. Emoção não é uma característica exclusivamente humana. As emoções surgiram em outras espécies que chegaram ao planeta bem antes. Existe até uma expressão muito usada mas sobre a qual as pessoas não param para pensar: quando perguntam se você é um homem ou um rato, o que se conclui é que o rato é um animal que sente muito medo. E é verdade.

Mas como reproduzir o transtorno de ansiedade em um animal?

Um rato, quando leva um choque, sente medo, é natural. O que começamos a fazer nessa pesquisa, há cerca de 20 anos, foi, através de cruzamentos, produzir uma linhagem de animais que tenham uma reação de medo muito forte, que é exatamente o que acontece com as pessoas que têm transtorno de ansiedade. A partir daí, começamos a testar formas para aliviar essa resposta de ansiedade.

E que tipo de descobertas vocês já fizeram?

Uma foi sobre um procedimento chamado extinção, que é a forma mais comum para tratar reações de ansiedade, gradativamente colocando o indivíduo na situação que produz o medo. Vimos que embora o procedimento funcione, ele não destrói o transtorno, apenas o inibe. O que parecemos ter descoberto é que esses transtornos de ansiedade que ocorrem em regiões do cérebro mais primitivas na verdade nunca desaparecem.

Descobriram algum tipo de tratamento ou fobia que não conheciam?

Os transtornos não são os mesmos. Há uma coisa interessante: existe o transtorno de ansiedade generalizado, em que a pessoa tem medo de tudo; e o ataque de pânico, em que ela está bem e, do nada, tem uma reação de medo muito forte. Descobrimos que essas duas coisas são inversamente proporcionais. As pessoas mais ansiosas têm menos probabilidade de ter um ataque de pânico.

Você estuda os transtornos de ansiedade há pelo menos 30 anos. Acha que são mesmo um mal contemporâneo?

Não. Claro que hoje as pessoas podem falar mais sobre isso, mas é um transtorno que sempre esteve presente. Hoje existem mais estatísticas, mas será que há 200 anos as pessoas não tinham as mesmas reações? Não podemos saber porque existiam problemas de diagnóstico. O diagnóstico de transtorno de ansiedade é relativamente recente, começou de forma sistemática com Freud, por volta de 1900.

A neurociência também é uma área de conhecimento recente. Como você avalia seu papel hoje?

Sim, surgiu em 1950, é nova. É assim: as nossas emoções, pensamentos, comportamentos, nossos sonhos, acordados ou durante o sono, todas essas atividades psicológicas, elas são regidas por uma atividade neural. Isso pode parecer trivial, mas não foi e para alguns ainda não é. O avanço no estudo do cérebro tem atraído cientistas de várias áreas. Hoje, pesquisadores da biologia, medicina, ciência social, economia, filosofia, educação, todos têm vertentes com o prefixo neuro. Ainda falta uma mas tenho certeza que daqui a pouco vai surgir: a neuroreligião (risos).

A relação da neurociência com a psicologia é fácil?

É uma relação nova. Se eu dissesse que o objetivo da psicologia é estudar a alma da pessoa, você não ia achar esquisito, certo? Porque as pessoas juntam mente e alma, como uma coisa imaterial. Mas se eu dizer que é estudar o cérebro, alguém já vai dizer: “Ih, entrei no lugar errado” . Essa ideia de que toda atividade mental está associada ao cérebro ainda é uma ideia nova. Causa estranhamento, mas é natural, as coisas vão mudando com o tempo.


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