Extra online

Tipo de Clipping: WEB

Data: 04/11/2015

Veículo: Extra

Cientistas provam pela primeira vez que homem consegue ter empatia com robôs
04/11/2015

RIO — Observar uma faca com o lado serrilhado sobre o dedo de uma pessoa, na iminência de cortá-lo, faz a esmagadora maioria dos seres humanos virarem os olhos e fazerem uma careta involuntária de angústia. Se, no lugar da pessoa, entrar um robô, prestes a perder seu dedo, a reação continua a mesma? De acordo com um estudo publicado ontem na “Nature Scientific Reports”, sim. Conduzida por cientistas do Japão — país em que o uso de máquinas robóticas na vida cotidiana é intenso —, a pesquisa traz a primeira evidência neurofisiológica de que humanos conseguem sentir empatia por robôs. Isso significa que o mesmo instinto que nos faz querer preservar nossos semelhantes pode ser estendido a máquinas.
Tal ideia serviu de premissa para filmes como “O homem bicentenário” — em que há até mesmo uma relação amorosa entre mulher e robô — e nunca havia sido comprovada cientificamente até agora. O feito da Universidade Toyohashi de Tecnologia, em parceria com a Universidade de Kioto, foi alcançado com a ajuda de eletroencefalogramas de indivíduos saudáveis expostos a testes. Em alguns deles, os participantes precisaram observar imagens de outras pessoas em situações de sofrimento, como a perda de um dedo, e em situações de normalidade. Assim, foi possível determinar as mudanças que ocorrem no cérebro ao se ativar o “modo empatia”.

FUTURO COM MÁQUINAS MAIS AMIGÁVEIS

O mesmo teste foi repetido, desta vez substituindo-se seres humanos por robôs, e novos eletroencefalogramas revelaram que os cérebros dos participantes responderam de forma bem parecida. Só existe diferença no início do processo de empatia, segundo os pesquisadores. Quando se vê um ser humano possivelmente com dor, a reação é mais imediata do que quando se observa um robô. No entanto, o final do processo empático se mostrou igual: depois de pouquíssimo tempo de observação, a carga de empatia passa a ter a mesma intensidade, tanto em relação a humanos quanto a robôs.
“A fase inicial parece estar relacionada a uma tomada de perspectiva”, explicou na divulgação do estudo o professor Michiteru Kitazaki, do Departamento de Ciência da Informação e Engenharia da Universidade Toyohashi de Tecnologia.

A dificuldade do ser humano de assumir a perspectiva de um robô faz com que o início do processo de empatia seja mais fraco, consideram os pesquisadores. Mas isso não impede que, no final das contas, ela exista. Os cientistas japoneses esperam que o estudo contribua para o entendimento de quais fatores nos levam a nos sentir mais próximos dessas máquinas. O objetivo é usar esse conhecimento para construir robôs cada vez mais “amigáveis” no dia a dia.

Característica única do ser humano, a capacidade de sentir empatia por meio de ideias abstratas simbólicas é considerada a origem evolutiva mais primitiva da moralidade e do altruísmo. É a possibilidade de se colocar no lugar do outro e experimentar sentimentos que, a princípio, apenas ele deveria ter. De acordo com Marco Antonio Meggiolaro, doutor em Robótica, cada pessoa tem um nível diferente de empatia, mas, como a busca por relacionamento faz parte da necessidade de viver bem em sociedade, a evolução tem nos tornado mais propensos a nos afeiçoarmos a objetos inanimados. 

— O ser humano é muito adaptável e é geneticamente programado, por exemplo, para detectar rostos em qualquer coisa: em nuvens, carros, bolsas. Isso nos torna capazes de sentir algum tipo de afeto por quase qualquer coisa. Por isso, nem é preciso que o robô seja semelhante a nós. No caso do estudo, foi usada uma mão de forma parecida com a humana, o que faz as pessoas se reconhecerem. Mas a sensação de empatia também pode ser construída pelo contexto. Se formos apresentados a uma máquina que tenha um nome, um “passado”, podemos ter compaixão por ela mesmo que ela não seja um humanoide — afirma ele, que coordena a área de Robótica do Departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio

O estudo não especifica se os testes foram feitos apenas com japoneses, o que poderia influenciar na empatia, já que aquela sociedade é fortemente ligada a robôs. Porém, Meggiolaro acredita que, como a pesquisa trata de reações instantâneas a determinadas imagens, essas respostas seriam mais inatas do que racionalizadas. Segundo o psicólogo social João Ascenso, é possível que pessoas muito acostumadas a ter apego por celulares, por exemplo, tenham mais facilidade para desenvolver empatia com robôs, em comparação com aquelas que são distantes dessas novas tecnologias.

— Apenas por uma questão de familiaridade, é provável, sim, que isso ocorra. Mas o significado e a profundidade de uma relação com um ser humano nunca será igual a de uma relação com um objeto. A não ser que determinada pessoa se relacione com seres humanos de modo extremamente superficial.


Mais sobre Extra online
Tipo de Clipping: WEB Data: 11/07/2019 Veículo: Extra

Tipo de Clipping: Web Data: 13/05/2019Veículo: Jornal Extra / Economia

Tipo de Clipping: WebData: 10/04/2019Veículo: Extra Online / Rio

Tipo de Clipping: WebData: 22/03/2019Veículo: Extra Online

Tipo de Clipping: Web Data: 12/03/2018 Veículo: Extra  

Tipo de Clipping: Web Data: 07/03/2018 Veículo: Extra Online

Tipo de Clipping: Web Data: 28/01/2018 Veículo: Extra Online

Tipo de Clipping: Web Data: 22/01/2018 Veículo: Extra online

Tipo de Clipping: Web Data: 22/01/2018 Veículo: Extra online

Telefones:
(21) 3527-1140 e (21) 99479-1447 | Ramais: 2252, 2245, 2270 e 2246
E-mail:
imprensa.comunicar@puc-rio.br