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Tipo de Clipping: WEB

Data: 01/12/2015

Veículo: Extra

Unidade de polícia letal
01/12/2015

RIO — Um levantamento baseado em dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revela que, de janeiro de 2011 a outubro deste ano, ocorreram 323 mortes em intervenções policiais na área do 41º BPM (Irajá), o que representa aproximadamente 13% do total registrado em todo o estado. A estatística joga luz sobre a alta letalidade das ações do batalhão, que, responsável pelo patrulhamento de 13 bairros, é o que mais mata no Rio de Janeiro. No sábado à noite, quatro de seus homens executaram cinco jovens com mais de 50 tiros, disparados contra o carro onde estavam as vítimas, em Costa Barros. A gravidade do caso levou, nesta segunda-feira, à exoneração do comandante da unidade, o tenente-coronel Marcos Netto, depois de uma reunião da cúpula da segurança. 
O crime foi classificado como “abominável” pelo governador Luiz Fernando Pezão. 
— Cinquenta tiros não são algo trivial. É abominável ver uma atitude como essa em pessoas treinadas para levar a paz. Mandei apurar o caso. O estado não vai tolerar isso. Eles (os policiais) vão ter o direito de se explicar, mas, se erraram, serão punidos — afirmou Pezão, acrescentando que estuda instalar uma UPP na região.
Para o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, foi uma ação “trágica e indefensável”. Ele disse que a brutalidade não é uma questão de má formação, mas sim de “falta de caráter”:
— O que aqueles PMs fizeram transcende qualquer discussão sobre a capacitação da tropa. Para mim, foi a demonstração do caráter deles. Foi uma ação absolutamente desnecessária, exagerada. Todos já estão estão presos e vão responder criminalmente e administrativamente pela barbárie. E, pelo que está registrado no indiciamento, o grupo pode ser excluído rapidamente da corporação.
Beltrame reconheceu a alta letalidade de alguns batalhões. 
— Nos dois batalhões da região, o 9º BPM (Rocha Miranda) e o 41º BPM, a gente percebe um nível de letalidade maior, assim como no 7º BPM (São Gonçalo) e no 14º BPM (Bangu). Também observamos que eles ficam em áreas onde não temos UPPs — observou, frisando, no entanto, que a execução dos jovens foi diferente. — Estamos falando de outra coisa. Com relação ao caráter adquirido (pelos PMs) ao longo de uma vida, não há capacitação que resolva.
‘ISSO NÃO É ERRO, É EXECUÇÃO SUMÁRIA’
Manoel Peixinho, professor de direito constitucional da PUC-Rio e especialista em segurança, também criticou os PMs.
— Isso não é erro, é execução sumária. Um número de balas desse equivaleria ao de um confronto com vários policiais que durasse horas — afirmou, observando que não há despreparo que justifique tamanha brutalidade e que a lógica do “atira primeiro, pergunta depois” ainda prevalece em regiões pobres da cidade.
Diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF, Eurico de Lima Figueiredo disse que os PMs demonstraram que queriam assassinar as vítimas:
— Pelo número de tiros, eles tinham a intenção de matar quem estivesse dentro do veículo.
Ele chamou a atenção para um problema recorrente no comportamento de policiais em favelas. 
— É como se, no imaginário desses PMs, submetidos a grande tensão, todo cidadão dessas comunidades fosse inimigo. Por outro lado, os policiais também são vistos pela população local como forças de ocupação, e não de pacificação.
ALGUNS CASOS DE TRUCULÊNCIA POLICIAL
7 de novembro. O bancário Marco Antônio Pereira, de 51 anos, foi baleado nas costas pelo major PM Carlos Ludwig quando o carro em que viajava furou uma blitz em Jacarepaguá. Ele estava no banco do carona e foi hospitalizado. Em nota, a PM informou que o oficial atirou “devido à atitude suspeita do condutor do veículo e em defesa da vida de um outro policial, que se jogara ao chão para não ser atropelado”.
29 de outubro. Os mototaxistas Jorge Lucas de Jesus Martins Paes, de 17 anos, e Thiago Guimarães Dingo, de 24, morreram após um sargento do 41º BPM (Irajá) confundir o macaco hidráulico que um deles carregava com uma arma. Em depoimento, o policial disse que, ao vê-los numa motocicleta que ia em sua direção, pensou que os jovens estavam com um fuzil. O PM efetuou um único disparo, que acabou atingindo as duas vítimas. 
16 de outubro. O PM Wanderley Siuves da Silva baleou um jovem de 16 anos no Alto Leblon. O policial alegou que foi a uma área de mata verificar uma denúncia de que homens armados vendiam e consumiam drogas no local. Durante a abordagem, o jovem escorregou, e, ao fazer um movimento brusco para se apoiar em um skate que estava aos seus pés, assustou o policial, que atirou em seu braço direito. O PM confundiu o skate com uma arma.
29 de setembro. Eduardo Felipe Santos Victor, de 17 anos, foi morto por policiais da UPP do Morro da Providência durante uma operação. Depois de balearem o adolescente, que teria envolvimento com o tráfico, policiais fraudaram a cena do crime, colocando uma arma na mão direita do jovem e fazendo dois disparos enquanto ele agonizava. A farsa foi flagrada por moradores, que filmaram toda a ação e divulgaram o vídeo.
2 de agosto de 2014. A estudante Haissa Vargas Motta, de 22 anos, foi morta a tiros após o motorista do carro em que viajava não ter obedecido a uma ordem de PMs para parar o veículo, em Nilópolis. Os policiais deram início a uma perseguição e um deles fez vários disparos de fuzil. Imagens gravadas pela câmera interna do carro-patrulha usado na ação mostram que o PM abriu fogo sem checar quem eram os passageiros do automóvel.
10 de fevereiro de 2014. Gleberson Nascimento Alves, de 28 anos, e Alan de Souza Pereira, de 20, foram mortos depois que três policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) confundiram uma peça de motocicleta que carregavam com um fuzil. Câmaras de segurança mostraram o momento em que Gleberson levou um tiro na testa ao entrar, de moto, na Rua das Safiras. A bala saiu pela nuca e entrou no rosto de Alan, que viajava na garupa.


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