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Tipo de Clipping: WEB

Data: 09/01/2016

Veículo: Extra

Artigo: Pequena inflação e pequena gravidez
09/01/2016

RIO - Uma comparação feita pelo ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen diz que uma pequena inflação é como uma pequena gravidez. E não existe pequena gravidez. Nos anos 70, Simonsen tentou “controlar” as pressões inflacionárias depois do primeiro “choque” do petróleo e não conseguiu. Nos anos 80, com o segundo “choque” do petróleo e a crise da dívida, a indexação fez com que o Brasil convivesse com uma superinflação, que chegou a quase 100% ao mês em março de 1990, às vésperas da posse de Fernando Collor de Mello na presidência. Ou seja, se não formos cuidadosos, assim como a beleza da gravidez, a inflação tende a crescer — mas seu resultado não é um final feliz. Lembranças que são importantes após um IPCA de 10,67% em 2015, “coroando” seis anos de inflação acima do centro da meta, com um resultado muito acima do teto da meta.

Quais as perspectivas para 2016? Temos um ambiente de grande incerteza, com crise política contaminando a economia e maus resultados econômicos contaminando a política. Basta ver as divergências entre o governo e o PT, mesmo depois da saída do ministro Joaquim Levy. Incerteza também na economia mundial, instabilidade na China e agravamento das tensões no mundo islâmico, afetando preço das commodities em geral.

Temos diversas questões dificultando a intensidade da desaceleração da inflação, mesmo com mais um ano de recessão e desemprego elevado. Vamos trocar o “tarifaço” de 2015 por um “impostaço” em 2016. As dificuldades financeiras em todos os níveis de governo geraram elevações expressivas em diversos tributos. Aumentos nos ônibus urbanos, além de repassarem custos (inclusive dos combustíveis, fortemente controlados por razões políticas nos últimos anos), também são impostos disfarçados, pois estão reduzindo subsídios, para melhorar as contas públicas. 

Indexação, velho problema, ainda é muito forte (15% do IPCA são escolas, empregados domésticos, planos de saúde e remédios, sempre reajustados pela inflação passada) e resistente, mesmo com a recessão e o desemprego, especialmente nos serviços, que, com o aumento real do salário mínimo, junto com o “tarifaço”, exercem pressões de custo sobre as empresas. Essas pressões quando a inflação é alta, mesmo com recessão e queda de vendas, acaba tendo de ser repassada para os preços.

Infelizmente, em 2016 devemos continuar acima do teto da meta. O que vai determinar se ficamos mais para 8,0% do que para 7,0% é a energia elétrica, o grande vilão de 2015, com 51% de aumento, devido à crise hídrica e à correção dos erros do governo Dilma Rousseff. A incerteza é grande. Ontem, tivemos, ao mesmo tempo, declarações otimistas do governo e preocupações realistas dos especialistas.

Luiz Roberto Cunha é economista e professor da PUC-RJ.


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