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Tipo de Clipping: WEB

Data: 18/04/2016

Veículo: Extra

Para analistas e empresários, país só crescerá com ajuste e reformas
18/04/2016

RIO - Com a aprovação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados, economistas e empresários acreditam que haverá uma euforia imediata no mercado financeiro, com alta da Bolsa e queda ainda maior do dólar, o que ajuda a reduzir a inflação. O ambiente para negócios tende a melhorar com a possível saída de Dilma — o impeachment ainda terá de ser aprovado pelo Senado —, mas isso não acontecerá da noite para o dia. Dependerá da composição de um eventual novo governo e de sua capacidade de articulação junto ao Congresso para iniciar reformas estruturantes. Só assim, dizem os especialistas, será possível retomar a confiança de empresários e destravar investimentos, apontados como cruciais para a economia voltar a crescer.

— No momento imediato, haverá uma lua de mel com o mercado, com alta da Bolsa e queda do dólar. Se a lua de mel vai durar ou se será passageira, vai depender da troca de ministros, que podem emprestar credibilidade ao governo, mas a chance de melhora de governabilidade é grande — diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores.

Desde o fim de fevereiro, o dólar já recuou do patamar de R$ 4 para pouco mais de R$ 3,50 na última semana — refletindo uma mudança no cenário externo mas, principalmente, a expectativa de analistas do mercado de que a abertura do processo de impeachment seria iminente. 

Com a desvalorização do dólar, a queda da inflação será mais rápida — o custo de produção cai no Brasil e os produtos importados ficam mais baratos. A inflação ficaria em torno de 6,5% este ano e 5% em 2017, nas previsões da LCA. Na avaliação do banco Fator, ficaria em 7,2% em 2016 e entre 5,5% e 6% em 2017. Um respiro para os brasileiros, que viram os preços saltarem no último ano.


ALÍVIO NA INFLAÇÃO


Além do dólar mais fraco, uma acomodação nas tarifas de energia, um menor efeito do clima sobre os preços de alimentos e a menor demanda por serviços também empurrarão a inflação para baixo. Por isso, mesmo na hipótese de o Senado reverter a situação atual e Dilma ficar no poder, a inflação deve recuar, embora num ritmo menor. As projeções nesse cenário indicam inflação de até 8% este ano. Em 2015, o índice superou 10%.

— A inflação vai continuar caindo em ambas as situações (com Dilma ou sem Dilma), mas cairá por causa da recessão. Isso não é mérito de ninguém — frisa Luiz Roberto Cunha, professor de Economia da PUC-Rio.

Se a inflação não é o principal inimigo a se combater num eventual novo governo, os empresários avaliam que, caso Michel Temer assuma a presidência, haverá esforços para a retomada de uma política econômica ortodoxa, com ênfase no ajuste fiscal. No governo Dilma, foram feitas desonerações para o setor produtivo, ampliados gastos sociais e aumentado o crédito subsidiado, levando à deterioração das contas públicas, que devem registrar o terceiro ano seguido de déficit em 2016. De janeiro de 2015 até fevereiro deste ano, a dívida pública bruta subiu de 58,1% do PIB para 67,6% do PIB. E, pelas últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), poderá chegar a 91,7% do PIB em 2021.

— Esperamos que haja um ajuste fiscal sério, com redução nos gastos públicos. Porém, sem aumentos de impostos. Não podemos suportar mais aumentos. O importante é enviar os projetos (de reformas) que até hoje não foram enviados ao Congresso — afirma Robson de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).


INVESTIMENTOS AINDA DEMORAM


Para ele, um possível novo governo teria de seis a dez meses para aprovar reformas — como a previdenciária —, pois 2018 é ano eleitoral e, aí, dificilmente se aprovaria alguma medida impopular. Guilherme Paulus, presidente do Conselho de Administração da CVC, maior agência de turismo do país, também defende cortes, a começar pelo número de ministérios. Mas ele tem dúvidas de como Temer exerceria seu mandato na presidência:
— Teremos 60 a 90 dias de paz política. Depois vamos ver. Estados e municípios estão quebrados. É um problema que o novo presidente terá que enfrentar. Dinheiro não cai do céu. Será preciso retomar a política mais ortodoxa — diz Paulus, que também é membro do Conselhão desde que ele foi criado, na gestão Lula. — Não sabemos como Temer vai se comportar. O que ele fez no episódio do vazamento do discurso (áudio vazado pelo WhatsApp) não me pareceu inspirador de confiança. Mas quem não tem cão caça com gato. 

Francisco Lopreato, da Unicamp, lembra que, caso o PT deixe o poder, deverá fazer forte oposição às reformas no Congresso, o que pode ser uma pedra no sapato de Temer. É uma situação diferente da ocorrida em 1992, quando o ex-presidente Fernando Collor de Melo também sofreu impeachment. Collor havia sido eleito por um partido nanico, o PRN, sem tradição política e havia perdido aliados no próprio partido. Isolado, sua saída não significou a criação de bloco de oposição capaz de barrar medidas que buscassem tirar o país da recessão — sob Collor, o PIB caiu 4,3% em 1990, teve uma alta de 1% em 1991 e depois sofreu nova retração de 0,5% em 1992.


MAIS UM ANO DE RECESSÃO


O economista alerta ainda que, apesar da promessa de Temer de manter programas sociais, dificilmente cortes no orçamento não atingiriam a área social, devido à rigidez das despesas obrigatórias, que deixa pouca margem para cortes:
— Num primeiro momento, vão soltar foguetes. Mas depois vem a fumaça. Nada acontece num passe de mágica — diz Lopreato. 

Flavio Rocha, dono da rede varejista Riachuelo, é um dos empresários mais otimistas com a possível aprovação do impeachment. Para ele, haveria “uma guinada de 180 graus no propósito do Estado”, com a substituição do modelo do Estado provedor pelo Estado regulador, calcado no mercado livre.
— Caso Dilma fique, teríamos o pior cenário, ela não conseguiria governar — avalia o empresário.

Os economistas alertam, no entanto, que, mesmo com a melhora do ambiente de negócios e a retomada da confiança dos empresários num possível governo liderado por Temer, isso não terá efeito imediato sobre os investimentos. A capacidade ociosa do parque produtivo é grande. Os investimentos só voltariam a subir no segundo semestre de 2017. 
O resultado é que o país terá mais um ano de recessão, independentemente de quem estará na cadeira da presidência até o fim do ano. As projeções dos analistas são de um tombo do PIB entre 3,2% e 4% este ano.


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