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Tipo de Clipping: WEB

Data: 29/10/2016

Veículo: UOL

Palco de disputas acirradas, Rio teve um prefeito com vitória "confortável"
29/10/2016

As últimas pesquisas Datafolha e Ibope apontam o senador Marcelo Crivella (PRB) na liderança no segundo turno da eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro, que acontece no domingo (30). Sua vantagem no confronto com deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) chegou a 34 pontos percentuais e, no mínimo, esteve em 22 nas estimativas de votos válidos. 

Desde 1992, o eleitor carioca voltou às urnas por uma segunda oportunidade em quatro eleições municipais (1992, 1996, 2000 e 2008). Delas, em apenas uma disputa o vencedor teve uma vantagem com mais de 20 pontos percentuais, como a que se desenha para Crivella neste ano.

Isso aconteceu em 1996, quando Luiz Paulo Conde (PFL) venceu Sérgio Cabral (PSDB) com vantagem de 679.422 votos. Conde teve 62,2% dos votos válidos (1.735.415 votos) e Cabral, 37,8% dos votos válidos (1.055.993).

Nas outras três ocasiões, os vencedores tiveram vitórias apertadas na disputa final pela prefeitura carioca. Na mais acirrada, Eduardo Paes (PMDB) venceu Fernando Gabeira (PV) com 55.225 votos a mais.

As quatro vezes em que o Rio foi ao segundo turno:

1992: Cesar Maia (PMDB), 51,9%; Benedita da Silva (PT), 48,1%

1996: Luiz Paulo Conde (PFL), 62,2%; Sérgio Cabral (PSDB), 37,8%

2000: Cesar Maia (PTB), 51%; Luiz Paulo Conde (PFL), 49%

2008: Eduardo Paes (PMDB), 50,8%; Fernando Gabeira (PV), 49,2%

A chance de haver uma vitória "tranquila" no pleito deste ano é grande, na avaliação do cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio. "O cenário mais provável é uma vitória folgada de Crivella."

Apesar do favoritismo do senador, Dulce Pandolfi, professora do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil), da FGV (Fundação Getulio Vargas), alerta para o crescimento de Freixo. "Crivella está em um pé de barro", diz, em referência à divulgação pela imprensa e pelas redes sociais de posições antigas do político.

De acordo com a pesquisa mais recente do Datafolha, de quarta-feira (26), o senador venceria com 63% dos votos válidos --que não considera os nulos e em branco-- contra 37% do deputado. Já o quadro apresentado pelo Ibope na quinta 27 mostra Crivella com 61% e Freixo, com 39%.

Os números são parecidos com os obtidos por Conde e Cabral 20 anos atrás, que tiveram, respectivamente, 62,2% e 37,8% dos votos válidos.

A vitória de Conde foi confortável, em parte, por causa de seu antecessor, Cesar Maia, então no PFL. Em 1996, a reeleição não era permitida. Maia, que tinha uma gestão bem avaliada pela população, acabou escolhendo seu secretário de Urbanismo como sucessor.

"Ele é uma cria de Maia. Conde não era político e teve que se afirmar como tal ao longo da eleição", diz Ismael. Para o acadêmico, a grande margem de votos que o separou de Cabral deveu-se a seu padrinho. "Ela reflete a avaliação da gestão de Cesar Maia", lembrando que o programa de obras públicas do político o ajudou a obter o resultado positivo perante o eleitorado.

Posições

Em parte, a distância entre Crivella e Freixo seria culpa do próprio candidato do PSOL, segundo o professor da PUC. "Ele fala para a esquerda, se recusa a ter um discurso que agregue o centro; [para virar,] ele tem que falar para esses eleitores", diz Ismael.

Na visão do acadêmico, Freixo não querer discutir alianças com partidos que são distantes da ideologia do PSOL dificulta sua entrada nas zonas norte e oeste da capital fluminense, onde está a maioria do eleitorado de Crivella. 

Para chegar nessas regiões, ele precisaria da atuação de sua militância --majoritariamente composta por jovens da zona sul carioca-- nessas duas regiões da cidade. "Elas são a grande dificuldade para Freixo crescer", explica a professora da FGV. "Essa militância é um dado importante para conseguir penetrar nessas regiões", comenta Dulce.

Além disso, o discurso de que o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi um golpe afasta eleitores de Pedro Paulo (PMDB), Flávio Bolsonaro (PSC) e Indio da Costa (PSD).

"Ele chama de golpistas os apoiadores do impeachment, o que torna sua situação difícil de ser revertida." Assim, quem votou em outros candidatos no primeiro turno apresenta tendência de escolher Crivella ou não escolher ninguém, avalia Ismael.

Já a professora da FGV acredita que, se Freixo muda de posição sobre o processo contra Dilma, ele perde o apoio de quem está com ele agora. "Ele pode perder votos com isso", diz Dulce.

Diferenças nas votações de segundo turno:

1992: 104.119 votos a mais para Cesar Maia (PMDB) contra Benedita da Silva (PT): 1.430.797 a 1.326.678

1996: 679.422 votos a mais para Luiz Paulo Conde (PFL) contra Sérgio Cabral (PSDB): 1.735.415 a 1.055.993

2000: 66.849 votos a mais para Cesar Maia (PTB) contra Luiz Paulo Conde (PFL): 1.610.176 a 1.543.327

2008: 55.225 votos a mais para Eduardo Paes (PMDB) contra Fernando Gabeira (PV): 1.696.195 a 1.640.970

Semelhanças

Além de 1996, o Rio de Janeiro teve segundo turno em outras três oportunidades, nas eleições de 1992, 2000 e 2008. Esta última foi a que apresentou a disputa mais acirrada, quando Eduardo Paes (PMDB) conseguiu seu primeiro mandato como prefeito por uma vantagem de 55.225 sobre Fernando Gabeira (PV).

Gabeira em 2008 é semelhante a Freixo em 2016, segundo o professor da PUC. "A diferença é que ele tinha mais diálogo com o centro do que o Freixo", o que pode ter ajudado o candidato do PV a encurtar a distância para Paes.

Algo que pode tê-lo atrapalhado foi não querer fazer alianças --tal como o postulante do PSOL, que tem apoio de partidos de seu espectro ideológico--, o que daria força, tanto a Gabeira quanto a Freixo, nas comunidades do Rio. "É onde vereadores, partidos começam a fazer diferença na campanha, na busca por votos", diz Ricardo Ismael.

Paes também estava mais próximo do dia a dia do carioca enquanto Gabeira era deputado federal, em Brasília. Antes de decidir ser candidato, o peemedebista era secretário de Esporte do governador Sérgio Cabral (PMDB), cargo que exerceu entre 2007 --ano em que a cidade sediou os Jogos Pan-Americanos-- e 2008.

"E ele se beneficiou de um acordo a nível nacional entre PT e PMDB", lembra o cientista político. Os petistas --que comandavam o governo federal na época-- apoiaram Paes no segundo turno.

Duas viradas

Nas quatro oportunidades em que o Rio decidiu o comando da prefeitura em um segundo turno, em duas o vencedor do primeiro turno perdeu a liderança na votação decisiva. Em ambas, o personagem vitorioso é o mesmo: Cesar Maia.

A diferença é o partido ao qual ele pertencia em cada uma das ocasiões. Em 1992, Maia, no PMDB, venceu Benedita da Silva (PT). Do primeiro para o segundo turno, Benedita ganhou 493.119 votos. Já Maia, 879.418.

A proporção foi praticamente a mesma na disputa de 2000, quando Maia, no PTB, derrotou o então prefeito, Luiz Paulo Conde (PFL). Conde agregou à sua votação 418.412 eleitores entre um turno e outro. Maia conseguiu mais que o dobro: 863.044. Na eleição seguinte, já filiado ao PFL, ele conseguiu se reeleger em primeiro turno, com 1.728.853 votos.

As viradas, na opinião do professor da PUC, aconteceram em função de duas características de Maia. "Ele é bom de análise de conjuntura e é bom de estratégia eleitoral e debate". Isso pode explicar por que, em 2000, Maia conseguiu vencer seu antigo pupilo, que tentava a reeleição.

"Conde era um técnico, que teve uma gestão até razoável. Mas era um técnico contra um político, um profissional da política. Maia foi nocauteando Conde nos debates", diz Ismael. No pleito de 2000, eles estavam rompidos. Maia, inclusive, havia trocado o PFL pelo PTB para poder disputar a eleição carioca.

Atualmente no DEM, Maia foi reeleito vereador no Rio de Janeiro este ano com o apoio de 71.468 eleitores, o que qualificou como terceiro mais votado. Em entrevista ao UOL, Maia relembrou as vitórias de virada. Para ele, "o eleitor não tem essa sequência, de primeiro e segundo turno", falando que são dois momentos com características distintas em uma disputa eleitoral.


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