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Tipo de Clipping: WEB

Data: 15/12/2016

Veículo: Valor Econômico

BC ganha margem para acomodar choques
15/12/2016

Ao afirmar que o Banco Central poderá se concentrar em evitar possíveis efeitos secundários dos reajustes de preços relativos, uma vez que as expectativas de inflação estão ancoradas, o diretor de política econômica, Carlos Viana, confirma que a política monetária retoma uma condição de "normalidade". Há espaço para que as "bandas" - intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo da meta de 4,5% - acomodem eventuais choques de preços, positivos ou negativos. Com isso a taxa de juros não precisa reagir diretamente a notícias como reajustes de preços de combustíveis, que seguem como um risco em 2017, dada a tendência recente de alta do petróleo no mercado internacional.

A alta de preços administrados foi uma questão importante para a inflação em 2015, quando o então ministro da Fazenda Joaquim Levy corrigiu as tarifas públicas para desfazer distorções observadas nos anos anteriores - quando esses preços foram congelados ou reduzidos, com o objetivo de melhorar a fotografia da inflação ou gerar algum impulso na atividade. Ao ajustar esses preços, houve uma forte disparada da inflação, que chegou a superar os 10% em períodos de 12 meses, com o índice reagindo tanto ao ajuste desses preços como seus efeitos secundários, provocados pelo repasse desses custos.

Para o ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários da Fundação Getulio Vargas, José Julio Senna, o BC ganha mais liberdade para dar sequência ao alívio monetário porque o reforço da credibilidade da política monetária, por si só, tende a conter os repasses dos choques de preços. A mensagem do BC, portanto, é que agora cabe flexibilizar os juros - mas que foi preciso gastar um semestre para reancorar as expectativas. "Se o BC explicita seu objetivo e o mercado acredita que ele irá cumpri-lo, os agentes são mais parcimoniosos para fazer esses repasses e o choque não se propaga tão intensamente", explica. "Essa é a diferença em relação ao que ocorreu e 2015."

Senna explica que combater os choques secundários de preços, em vez de ter de acomodar os efeitos primários desses reajustes, é muito mais fácil e menos custoso. "Exige muito menos esforço, porque você nunca combate de fato um choque primário", explica. O reajuste dos combustíveis é um bom exemplo. É a alta do petróleo no mercado internacional que justifica esse aumento e a única coisa que a política monetária pode fazer a esse respeito é atuar para conter uma onda de repasse desse custo para os fretes e outros preços. E quanto mais crível a política monetária, diz Senna, mais brando será esse movimento. Além disso, com as projeções de inflação perto de 4,5%, o BC tem espaço para acomodar esse aumento dentro do intervalo de tolerância.

O professor da PUC-Rio José Marcio Camargo explica que a política monetária havia perdido essa condição de concentrar-se em conter choques secundários de preços nos anos recentes porque o mercado não tinha mais confiança na meta de 4,5% e também porque os próprios preços administrados foram ajustados para que a inflação ficasse acomodada dentro do intervalo de tolerância da meta - à época, de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. "Desde 2011, a inflação não estava na meta. O governo usou o controle de preços para conter a inflação, o que é uma situação limite", diz. "Agora, a política monetária volta a atuar de forma mais normal."

Camargo observa que essa lógica, de que o BC não precisa reagir a choques de oferta de forma direta, tem de valer também para os momentos em que esses eventos são positivos para a inflação. É o caso de preços de alimentos, que podem passar por períodos de queda forte em alguns momentos, sem que isso altere a tendência da inflação. "Essa questão precisa ser vista de forma simétrica e, portanto, pode também vir a limitar uma queda mais forte do juro em alguns momentos", explica.


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