Valor

Tipo de Clipping: WEB

Data: 15/03/2017

Veículo: Valor Econômico

Tom mais agressivo do Fed poderia afetar rumo da Selic, diz Garcia
15/03/2017

A trajetória da taxa Selic pode ser afetada caso o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) adote um tom muito mais agressivo para o aperto monetário, diz o professor Márcio Garcia, do Departamento de Economia da PUC-Rio. Para o especialista, o principal canal de impacto é o câmbio, e uma disparada do dólar frente ao real teria efeito na inflação,  diminuindo o espaço para o afrouxamento monetário no Brasil. Garcia aponta, entretanto, que esse não é o cenário principal. Na avaliação dele, as atenções estão concentradas no andamento das reformas propostas pelo governo, que podem contribuir para uma queda mais consistente dos juros. 

Valor: O que esperar para o anúncio do Federal Reserve?

Márcio Garcia: Estamos esperando que haja sequência no aperto monetário. Não tenho certeza sobre quantas subidas de juros devem ocorrer até o fim do ano, mas o Fed caminha para normalização da política monetária, num ritmo mais rápido do que se esperava. Certamente, vai ser mais rápido do que a normalização que quase não ocorreu no ano passado, quando só houve aumento de juros em dezembro.

Valor: Olhando para o mercado local, o dólar vem em alta antecipando a reunião do Fed. Qual efeito no câmbio podemos esperar de um tom mais duro do BC dos EUA?

Garcia: Deve ter uma atratividade maior de fundos nos Estados Unidos e consequentemente isso deve gerar depreciação em moedas arriscadas, como o real. Os spreads devem ficar mais elevados e o preço mais baixo. Naturalmente, grande parte desse efeito já foi incorporado, na medida em que essas expectativas já estão no mercado.Mas quando uma informação nova se torna realidade tende a impactar os preços.

Valor: Mas o Fed pode trazer grande turbulência para o câmbio?

Garcia: Boa parte da expectativa já está no preço. O interregno benigno ao qual o Banco Central vinha se referindo está se esgotando. Convém a aceleração do ritmo das reformas. Caso contrário, podem sair de uma situação que alguns estão reclamando de câmbio apreciado para situação de depreciação acelerada, com efeito inflacionário e impacto em empresas endividadas.

Valor: Como a atuação do Fed pode impactar a trajetória da Selic?

Garcia: É afetada na medida em que o câmbio é atingido, pois é um canal fundamental para inflação. Há outros canais, os prêmios de risco das nossas empresas, o crédito para essas companhias pode ficar mais raro e mais caro. Isso dificulta ainda mais uma possível retomada do crescimento. Por isso que, com o fechamento do interregno benigno, é preciso apressar o passo, senão podemos ter conjuntura de crise.

Valor: Olhando no curto prazo, como o Fed pode afetar a decisão do Banco Central nas próximas reuniões do Copom?

Garcia: Dependendo do Fed, o câmbio se enfraquece e o corte de 1 ponto percentual na Selic pode parecer exagerado. Espero que não. Estamos trabalhando num câmbio de R$ 3,00 a R$ 3,20 por dólar. Se for para R$ 3,60 ou R$ 3,80, o BC vai ter de levar isso em consideração.

Valor: Qual o cenário dessa disparada do dólar?

Garcia: Se o Fed sinalizar que vai ser muito mais agressivo, algo que não é esperado, o resultado pode ser de desvalorização maior do câmbio. Ninguém está trabalhando com isso, não é esperado e a probabilidade é muito pequena, mas pode acontecer. E o Banco Central precisa avaliar e o câmbio é uma questão que o Copom está sempre olhando.

Valor: Mantendo condições normais, sem grandes disparadas no dólar, qual a avaliação sobre as futuras decisões do BC no processo de redução da Selic?

Garcia: O BC reconquistou a credibilidade e estão nesse processo de redução acelerada da Selic. Se der tudo certo, a Selic vai cair em 1 ponto percentual, a 11,25%, depois para 10,25% etc. Se as reformas continuarem caminhando, teremos o juro onde já esteve, mas agora com condições de ficar por lá. O juro baixo da gestão anterior estava fora de condições e não resolveu o problema. Não dava para dar certo. Tinha de resolver a parte fiscal e a modernização da economia.

Por Lucas Hirata | De São Paulo


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