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Data: Segunda-feira, 5 de maio de 2014
As dúvidas e dilemas na escolha da carreira
06/05/2014
A adolescência, fase de amadurecimento intelectual, físico e social, é, naturalmente, uma época repleta de dilemas. É neste período que começamos a descobrir as principais nuances da vida adulta e dar os primeiros passos em direção a ela. A escolha da carreira, para boa parte dos jovens, faz parte deste universo de dúvidas. Afinal, apesar de não ser uma decisão que precisa ser levada para o resto da vida, é uma opção que exige a reflexão sobre diversos pontos.

Satisfação pessoal, salário ou mercado de trabalho? Há profissões saturadas? Qual área está em crescimento e pode oferecer boas oportunidades no futuro? Estudar em uma instituição de ensino conceituada ajuda na conquista de um bom emprego? Até que ponto a vontade dos pais, que em alguns casos vira uma verdadeira pressão em cima dos filhos, deve ser considerada? Responder estas perguntas, em muitos casos, significa tomar a primeira decisão de grande importância da vida.

Para não errar, é preciso ter calma, procurar informações sobre as possíveis áreas de interesse e colocar as características que envolvem cada carreira na balança para descobrir o que mais se adequa aos planos que os estudantes têm para o futuro. É exatamente isso que Camille Furtado, de 16 anos, tem feito. A jovem contou que, por pensar em várias opções, usou o critério da eliminação e seguiu sua busca pelas carreiras escolhidas por seus familiares próximos: o pai fez Direito, a mãe Arquitetura e Urbanismo e o primo Economia. O próximo passo foi pesquisar sobre o dia a dia das profissões e ver qual mais agradava, considerando seus gostos, características pessoais, opções de instituições de ensino e mercado de trabalho.

"Ao ouvir meu pai falando sobre a profissão, acabei me interessando pela área. Como eu moro com ele, sempre perguntei como tinha sido o dia no trabalho, o que tinha feito, como era na faculdade. No meu colégio também tem um programa de orientação vocacional. Fui ouvindo pessoas, participando de palestras e perguntando aos amigos do meu pai o que acham sobre algumas coisas. Além disso, também usei a técnica da eliminação. Tinham várias carreiras que me interessavam, mas não queria como profissão, apenas hobby. Assim, sobrou Direito e Economia", disse, revelando que, pelas características de cada uma, é bem provável que siga os passos de seu pai. "Estou descobrindo que o Direito tem mais a ver comigo. Acredito que se fizer outra coisa vou acabar me arrependendo, então as chances de mudar são pequenas", afirmou.

Carolina Chevalier, que está no 2º ano do ensino médio, ainda não está decidida. Em dúvida entre Comunicação Social, com destaque para o Jornalismo, e Administração, com pós-graduação em áreas voltadas para o marketing ou entretenimento, o certo é que a escolha será feita com base no que a jovem acredita que terá prazer em trabalhar. Para ela, o salário está diretamente ligado ao desempenho profissional e, na medida em que a pessoa gosta do que faz, a dedicação e, consequentemente, a remuneração, serão maiores.

"Acho que é melhor ser feliz por fazer o que me agrada do que ser infeliz e trabalhar só por dinheiro. Mas também considerarei o mercado de trabalho, apesar de saber que atualmente o Jornalismo não anda tão bem neste quesito. Penso que se for algo que a gente faça por prazer, é bem mais fácil ser um dos melhores da área e, assim, ganhar bem. O lado financeiro é importante sim, mas também depende muito do interesse de cada um, que pode ser motivado pelo prazer."

A estudante utilizou a internet, revistas e palestras como meios para obter informações. A opinião dos pais também é levada em consideração. Porém, ela garante que a prioridade é trabalhar naquilo que gosta, independente de qualquer outra coisa. "Meus pais costumam falar o que acham, dizer no que estou certa ou errada. Minha mãe, por exemplo, queria que eu fizesse Medicina, como ela, ou Direito. Mas todos me dão total apoio para decidir o que será melhor para mim", disse, garantindo que não tem medo de errar na escolha. "Se lá na frente eu descobrir que não era bem o que eu queria, paro e faço outra faculdade, ou até termino e depois faço uma segunda graduação. Qualificação nunca é demais, quanto mais preparo eu tiver, maiores serão as oportunidades", completou.

As amigas Mariana Maria e Ursula Martins, ambas de 15 anos, pretendem seguir o caminho das artes. Enquanto a primeira pensa em algo relacionado à música ou moda, a segunda mira o teatro. A decisão das duas também passou pelo interesse pessoal no campo profissional. "Sempre achei incrível como as pessoas se dedicam para fazer uma peça. Além disso, gosto de estar próximo ao ser humano. Escrever ou atuar são formas de tocar as pessoas. Minha mãe tem um amigo que dá aulas de teatro e viaja pelo Brasil. É uma pessoa bem animada, que gosta muito do que faz e costuma conversar comigo sobre o assunto", disse Ursula. Mariana, que escolheu o campo artístico por se julgar uma pessoa alegre e criativa, acredita que o mais importante é gostar do que faz, mas também é possível aliar com o lado financeiro. "Meu plano é, no futuro, abrir uma empresa, talvez uma grife voltada para a moda", contou.

Não é incomum os estudantes ficarem divididos entre profissões bem diferentes. Bárbara Labre é um exemplo. A jovem, que tem 15 anos e está no 1º ano do ensino médio, sempre quis cursar Medicina. Porém, ultimamente, começou a conversar com seu professor de Geografia e surgiu o interesse pelo campo. Para resolver o dilema, ela contou que tem procurado se informar com pessoas das duas áreas. "O mais incrível é que nunca gostei Geografia. Então, estou tentando ver o que encaixa melhor no que eu quero. Geografia ainda é algo novo para mim e a Medicina um desejo antigo. É um conflito grande, mas acho que hoje optaria pela Medicina. O lado financeiro nem pesa tanto, o principal é o que me faria acordar de manhã e trabalhar feliz", comentou.


Para especialista, só bom salário não adianta

Antes mesmo das provas do vestibular, a opção por um curso é a primeira, e talvez mais difícil, pergunta para os estudantes do 3º ano do ensino médio. Para acertar a questão, segundo a professora do Instituto de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Orientadora Vocacional, Maria Elisa Almeida, o mais importante é o autoconhecimento.

Segundo a especialista, existem quatro pilares principais que devem ser consideradas pelos jovens na hora da decisão: o que gostam; o que fazem bem; o retorno financeiro; e o sentido que encontram naquele exercício profissional. "Muita gente foca no objetivo de ganhar dinheiro, mas, na verdade, não é só isso. Não adianta ter um bom salário se a pessoa não se sentir feliz. Por isso, é preciso gostar, se sentir bem. O ideal é tentar conciliar tudo, nem tanto para um lado nem para o outro. Algo que a pessoa veja sentido, que sinta que está contribuindo para o mundo e, ao mesmo tempo, dê o retorno financeiro que espera", aconselhou, durante a oficina "Orientação vocacional: pensando a escolha profissional", no evento "PUC por um dia", realizado em abril.

A maior dúvida entre os estudantes costuma estar entre escolher uma carreira que traga boa perspectiva financeira ou uma entre aquelas que eles mais gostam, mas que não proporcionam salários mais altos. Por isso, segundo Maria Elisa, além do autoconhecimento, é necessário realizar uma ampla pesquisa sobre todas as profissões de interesse e as possibilidades que oferecem. "Vários adolescentes chegam ao ensino médio imaturos, nunca fizeram uma grande escolha, na escola sempre veio tudo pronto e, num belo dia, precisam decidir o que farão pelo resto da vida. Na verdade, nem é algo tão forte assim, mas eles encaram como se fosse. Bem ou mal, muitos ainda ficam presos a Direito, Medicina e Engenharia, e esquecem que há uma série de possibilidades", contou, orientando os estudantes procurem profissionais das áreas de interesse, visitar empresas e universidades para conhecerem mais sobre o dia a dia de cada campo de atuação.

Porém, a responsabilidade não pode ser jogada totalmente sob os ombros dos adolescentes. Os pais também têm um papel decisivo nesse momento. O que precisam tomar cuidado, na opinião da orientadora vocacional, é com os extremos: tanto o de querer impor uma carreira quanto o de não falar sobre o assunto com o filho por medo de influenciar. "Existem os pais que falam que querem apenas que os filhos sejam felizes e podem escolher o que quiserem. Esses, às vezes, se isentam de conversar, o que pode deixar o adolescente muito solto, sem referências. Geralmente, ficam com medo de caírem no outro extremo, que é o de impor. O ideal é que encontrem um meio de dialogar, como levar uma reportagem sobre determinada profissão ou contar sua própria experiência, por exemplo."

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