Folha Dirigida Tipo de Clipping: WEB
Assunto: PUC-Rio
Data: 07/06/2014
Veículo: Folha Dirigida
O conhecimento sobre o aluno na ponta do lápis
09/06/2014
Um texto pode revelar muito sobre quem o escreve. Nas palavras, é possível identificar o nível de conhecimento da pessoa sobre o assunto, seu domínio da norma culta e até um pouco de seu estilo expressar o que pensa. As interpretações possíveis, no entanto, podem ir além.

As próprias letras, as formas pelas quais são dispostas, as peculiaridades dos traços, a regularidade (ou falta dela) com que os vocábulos são dispostos em uma folha em branco, tudo isso também diz muito sobre a personalidade, as habilidades e as aptidões de uma pessoa. É isto que estuda uma ciência chamada Grafologia, cujas descobertas podem ser aplicadas em várias áreas, inclusive na educação.

Especialista em Grafologia, a psicóloga Luciana Boshi, formada pela PUC-Rio, ressalta, nesta entrevista, algumas das aplicações que conceitos desta ciência podem ter na área educacional. Uma delas é em relação à escolha da carreira. A forma como uma pessoa escreve, diz Luciana, pode indicar se tem competências que geram maior afinidade com uma área profissional.

“Uma característica da escrita para pessoas com aptidão a seguir Direito é a escrita curva, ou seja, com letras redondas. Este é o tipo da pessoa que tem a habilidade da sedução, sabe envolver, enredar. É típico também de quem tem habilidade para atuar na área comercial”, destacou a especialista, que também possui MBA em Marketing e em Administração de Sistemas Gerenciais pela UFF e é fundadora do Instituto Dom Graphein - Soluções em Grafologia. Autora dos livros.

"A personalidade através da escrita", Editora E-Papers, e "Grafologia e competências – Identificando talentos através da escrita"pela Semente Editorial, a psicóloga lançará, no dia 10 de junho, sua mais nova obra sobre o tema: “Grafologia e Profissões”, também pela Semente Editorial.

FOLHA DIRIGIDA - Pode nos falar um pouco sobre o que é a grafologia?
Luciana Boshi - Grafologia é um estudo da personalidade através da escrita. É uma ciência social, que estuda a personalidade das pessoas através das formas das letras. Na realidade, é o cérebro que escreve. A mão responde aos impulsos cerebrais. Por isso, cada pessoa tem uma maneira de escrever diferente, assim como cada um tem uma forma de falar, de andar, de se vestir, de olhar, etc. A escrita também é individualizada. Por siso, não existem duas escritas iguais, como, no mundo, também não existem duas impressões digitais iguais.

A Grafologia é considerada uma ciência? É estudada há muito tempo?
É considerada uma ciência sim. Há até teses de mestrado que mostram que Jesus citava na Bíblia a análise dos traços para recrutar soldados. Então, já se percebia o quanto eram reveladores. Um exemplo está nos traços inclinados. Quando a escrita é inclinada para a direita é porque a pessoa se move em direção aos seus objetivos, as suas metas. A escrita inclinada à esquerda é característica das pessoas mais resistentes, defensivas, desconfiadas. E há muito existe esta teoria de que o ser humano se expressa através dos símbolos. E a partir daí os pensadores, filósofos, estudiosos foram realizando estudos e comparando aspectos de comportamento individual com os traços da escrita da pessoa.

Pode nos citar exemplos de tipos de letras e os traços de personalidade que eles revelam?
Sim. Por exemplo, escritas muito grandes dizem respeito a pessoas mais extrovertidas, mais falantes, com gestos mais amplos. Uma escrita menor é um traço de pessoas mais introvertidas, concentradas. Quando falo escrita grande ou pequena, refiro-me ao tamanho da letra. Há até algumas medidas: acima de 3mm é grande, abaixo de 2mm é pequena, e neste intervalo é o tamanho médio. Um aspecto importante é que, quando fazemos este tipo de análise, usamos, obrigatoriamente, papel sem pauta.

Por que?
A direção das linhas vai mostrar, por exemplo, o nosso entusiasmo. Escritas ascendentes são características de pessoas mais ambiciosas. Podem ser traços também de pessoas mais extrovertidas, mais entusiasmadas, mas também impulsivas. As escritas com alinhamento descendente são de pessoas que tendem para o desânimo, para o abatimento, para a depressão. Agora, é claro que cada aspecto não é avaliado isoladamente. Devem sempre ser considerados dentro de um contexto. Na verdade, é uma análise quantitativa. Quanto mais aquela característica se repete, mais ela se acentua. Por exemplo, uma escrita grande indica uma pessoa extrovertida, mas preciso ver se esta característica de extroversão se encontra em outros traços também.

Vamos pegar o caso da pessoa extrovertida: quais as características que a escrita deste tipo de pessoa tem?
Temos basicamente dois tipos de letras. Abertas e fechadas. Quanto mais aberta a letra, mais eu interajo com o meio. essa é uma característica da pessoa que troca com o meio. Na cultura ocidental, aprendemos a escrever da esquerda para a direita; de mim para o outro; de dentro para fora. Então, tudo à esquerda vai dizer respeito a passado, ao lado materno, às lembranças, às angústias. E isso vale para qualquer teste gráfico e não só para grafologia. Se, ao solicitarmos a duas crianças para fazerem uma figura, uma desenha mais à esquerda e outra mais ao centro, isto significa que a segunda é a mais adaptada, mais centrada, mais equilibrada. Ela tem um aproveitamento do universo melhor que a outra. A que desenhou mais à esquerda está muito presa ao passado. Em geral, pessoas que usam muito o lado esquerdo da página são aquelas que têm menos iniciativa, têm medo de tomar decisões, sentem-se inseguras, quando têm problemas correm para pedir ajuda aos pais, buscam sempre o acolhimento. À direita, é o futuro. Por isso, quando a pessoa inclina a escrita para a direita, isto significa que ela se inclina para o que está por vir. A parte direita da página é o nosso lado paterno, de conquistas, de ação, de dinamismo.

É possível, através da escrita, identificar qual carreira a pessoa tem uma tendência a se ajustar melhor?
Estou, inclusive, próxima de lançar um livro sobre isso, chamado “Grafologia e Profissões”. Nesse livro, eu listo 85 profissões e apresento quais as características das letras de quem atua nelas. No caso de um jornalista, por exemplo: quais são as características deste profissional? é uma pessoa que tem de ter domínio do idioma, tem de ser comunicativa, com capacidade de planejamento. Pesquisei bastante sobre carreiras e, além disso, os próprios profissionais foram me ajudando a montar a descrição. Tenho feito, inclusive, um trabalho de orientação vocacional a partir disso. Pedimos para a pessoa fazer a redação e, com base no que está escrito, consigo dar um direcionamento profissional, identificando habilidades e competências a partir da letra. Mas, acho importante ressaltar que um trabalho de orientação vocacional, na minha opinião, não deve ser taxativo quanto a que carreira o jovem deve seguir. Acho que todos nós temos várias características, habilidades e competências que nos abrem espaço para seguir várias carreiras. Sou psicóloga mas creio que também poderia ter sido uma boa arquiteta. Então, ao analisar a forma como um texto é escrito, posso listar uma série de características do autor e, a partir daí, profissões em que esta pessoa tende a encontrar mais prazer, ser mais eficaz e ser bem sucedida.

Pode nos citar alguns exemplos baseados em algumas carreiras?
Vamos citar um exemplo de Engenharia. Imagino que sejam pessoas com alta capacidade de disciplina, atenção, concentração. São profissionais bons para trabalhar sozinhos e em campo. É diferente o perfil das pessoas que trabalham na rua daquelas que atuam em escritórios, por exemplo. A letra, para uma pessoa que tem a Engenharia como uma das carreiras mais favoráveis a seguir, seria uma escrita bem regular, pois a regularidade sinaliza disciplina, auto-controle. Além de regular, esta escrita teria uma boa distribuição de espaço entre palavras e linhas e, também, letras angulosas (que formam ângulos nas extremidades). Ainda na área de Exatas, uma escrita angulosa revela outras características como pontualidade, atenção, rigor e frieza.

Pode nos falar sobre qual seria o perfil para um curso como o de Direito, por exemplo?
Para pessoas com aptidão a seguir Direito, uma característica é a escrita curva, ou seja, com letras redondas. Este é o tipo da pessoa que tem a habilidade da sedução, sabe envolver, enredar. Até porque, na área de Direito, a pessoa tem de ter boa capacidade de argumentação, de convencimento, boa fala, precisa dominar o jogo de palavras. Esta escrita mais curva é típica também de quem tem habilidade para atuar na área Comercial.

Há características da forma da letra que diferem, mesmo em carreiras de um mesmo segmento?
Sim. Um exemplo é o espaçamento entre as palavras. Este é um traço que indica a forma como nos relacionamos com o mundo a nossa volta. Se vemos uma redação onde percebemos que o espaçamento é desigual, pode ser uma pessoa que tem problema de relacionamento. Ora ela se aproxima, ora ela se afasta. Ela oscila nesse espaçamento. Uma pessoa que escreve dessa forma pode até atuar na área de Direito. Mas, para um psicólogo, um pedagogo, é diferente. Um pedagogo lida com grupos, trabalha com pessoas o tempo todo. Então, é importante que ele tenha um controle sobre a forma como se relaciona, que tenha boa sustentação de espaçamento.

A grafologia pode contribuir com o dia a dia do professor? É possível, por exemplo, identificar problemas que os alunos possam estar vivendo a partir da escrita deles?
Sim, com certeza. Um exemplo é se a pessoa treme ao escrever. O tremor é um mau sinal grafológico. O ato de tremer ao escrever só se justifica se a pessoa toma remédio ou faz uso de álcool, drogas ou se sofreu um abalo emocional recente, como ter sido assaltada, por exemplo. Quando falamos em sinal de alarme, não podemos também ser taxativos. Se vejo uma letra tremida, não posso dizer que a pessoa é alcólatra ou usa drogas. Mas, é possível acreditar que há algum problema, algum fator negativo. Neste caso, é preciso investigar; por isso chamamos sinal de alarme. Pode ser que a pessoa, por exemplo, esteja tomando remédio para emagrecer, para dormir, para depressão, isso tudo pode gerar tremor.

A letra tremida, como você disse, é um sinal de alarme. Há outros?
Sim. Alinhamento descendente na hora de escrever é outro sinal. Isto significa que há uma tendência a abatimento, ou que a pessoa esteja sofrendo com algum problema pessoal. Esse pode ser um sinal de dificuldade temporária, fruto de uma separação, da baixa autoestima pela perda do emprego ou de outras situações. Outro exemplo de sinal de alerta é quando a pessoa faz o “pingo do i” de forma muito esmagada. Isto pode indicar angústia. Estes e outros sinais podem ser circunstanciais. Até porque mudamos ao longo do tempo e nossa letra muda junto.

Vamos pensar no exemplo de uma criança que sofre bullying. Como um professor poderia identificar isto por meio da letra deste estudante?
Ele pode apresentar o tremor na letra. Outra característica é uma escrita muito pequena, que pode ser sinal de insegurança, de medo. Não tenho como garantir que a criança com algumas características de escrita esteja sofrendo bullying, mas posso dizer que ela está sendo oprimida de alguma forma. Significa que alguma coisa está acontecendo com ela. Posso dizer que, em sua escrita, a criança apresenta sinais de medo, de insegurança, que não está feliz, entre outras coisas.

E em relação ao oposto, ou seja, o aluno que pratica o bullying, que oprime alguém. Como identificar isto a partir da forma como a pessoa escreve?
Neste caso, seria uma escrita mais agressiva, da pessoa que ataca. São as escritas angulosas, características de pessoas mais frias. Uma escrita inclinada para a direita e angulosa é de um perfil de pessoa que parte para o ataque. Outra característica é uma escrita com muita pressão (quando, ao virar o verso da folha, consegue-se ver as marcas das letras de forma mais acentuada). Escritas com muita pressão podem ser um sinal de que a pessoa é violenta. Uma escrita angulosa, inclinada e com muita pressão, com certeza, não possui um bom conjunto de características.

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