Passadas as eleições ficaram de sobra os estragos de uma campanha que nunca esteve à altura daquilo que se espera de um povo crescido intelectual e culturalmente. Já era esperado. Nada que não pudesse ser diferente uma vez que o Brasil, há década, está atolado no lamaçal da corrupção, da falta de ética e da moral, dos desvios de conduta política e agora com mais agravantes, a falsidade e mentiras como instrumento de persuasão eleitoral. Como disse o ex mito Lula, vale tudo pelo Poder nem que para isso tenha que destruir com a formação cultural e a personalidade de uma Nação, de um povo. Como é desprovido de princípios elementares de um cidadão de bem, esses requisitos lhe passam ao largo, assim como o dito a um jovem (gravado em vídeo/youtube/zuandonanet) em Pelotas/RS dizendo que aquela cidade é exportadora de ‘viados‘. Esse é o nível do ex presidente. 

Não bastasse, começa um movimento de intrigas sobre a culpa da permanência da Dilma Rousseff na Presidência da República. Ela recai sobre os nordestinos. Nada que não justifique em razão do voto recebido pelo PT naquela região formada de grande contingente de pessoas de baixa renda, fora a faixa do litoral e suas capitais. O interior é diferente, é sofrido e nunca se teve notícia de um governo que tenha dedicado a ele sua atenção, sua preocupação com a situação vivida, nem mesmo nos últimos anos, última década de forma a resolver e dar solução àquele povo, seja o governo federal, estadual ou municipal. É abandono completo e tudo que é feito no nordeste tem objetivo de atender o sul maravilha, hotéis praias, aeroportos. Saúde, Educação, Infraestrutura, um par de sapatos e um pão menos duro para se comer, não passam de meros discursos. 

Então, que história de preconceito com nordestino é essa minha gente? Como pode um povo pensar politicamente com a barriga vazia e filhos a chorar de fome? É aí que entra a maldade do governo que pela boca e terrorismo amarra essa gente nessa escravidão, nessa camisa de força que se tornou o programa Bolsa Família. Nem eu nem você leitor, nem ninguém quer dar passo para trás, voltar a ficar sem comer e ver os filhos sofrerem. Como ter consciência política em cenário como esse? Não poderia ter outro resultado que não o voto sem consciência política e gerido pelo medo. Não se pode esperar que tenham a consciência de que seu voto prejudicou e prejudica o futuro do Brasil. Tem mais, sem mostrar a eles essa consciência acoplada a uma proposta de solução para sua vida, teremos os mesmos resultados e estragos para o desenvolvimento brasileiro, perderemos de vista o mundo desenvolvido e neste caso o nordeste chegará ao sul. 

A falta de respeito com a grande massa do eleitorado foi de uma crueldade imensa. A candidata Dilma e o seu partido, em momento algum se furtaram em usar dessa arma que é a mentira e a enganação. O PT aproveitou-se com plena consciência e sabedoria canhestra da falta de informação e ignorância política que ainda convive na mente de enorme contingente da população brasileira. Usou de tudo, até mesmo de artifícios desonestos como espalhar o terror aos nordestinos de que perderiam o seu cartão do Bolsa Família em caso de vitória dos adversários. Impuseram o pânico nos eleitores de todo o Brasil. 

Ficou bem claro nesta eleição que o Brasil carece de lideranças consistentes. Aécio Neves não é ainda uma liderança nacional, recebeu o voto da mudança, do antipetismo, da rejeição a Dilma e a Lula, este construído pela mídia como mito, mas que nunca ganhou uma eleição no primeiro turno e está se desfazendo em pedaços. Aécio Neves preparou uma trilha, mas é preciso construir uma estrada para que todos possam trafegar com tranquilidade e respeitabilidade. Tem que tomar cuidados em sua postura e ser mais criativo e inovador porque só assim será um construtor do desenvolvimento e consolidar seu espaço nas mentes e crenças do povo brasileiro de que é um líder. Líder se faz pelos enfrentamentos de adversidades e pelas lutas implacáveis pela verdade, pela ética, pela moral e, sobretudo, pelo desejo do bem estar e desenvolvimento do seu povo. Que tenha alguma sobra de ensinamentos dos estragos de 26 de outubro. 

Rapphael Curvo é jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes. E-mail: raphaelcurvo@hotmail.com