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Tipo de Clipping: WEB

Data: 11/10/2015

Veículo: Extra

Colégios passam a incentivar convívio virtual de alunos e professores
11/10/2015

RIO - Bastaram cinco minutos na entrada da escola para o professor Renato Pellizzari ser cercado por alunos. Enquanto uns perguntavam sobre reuniões, outros queriam tirar dúvidas ou ouvir dicas de vestibular. Numa resposta, o docente pediu a uma representante de turma para enviar mensagem via rede social confirmando o horário de uma reunião entre eles e outro professor. Para o coordenador de vestibular do Colégio QI, o uso dessas mídias como extensão da sala de aula é natural e positiva. Torna a comunicação muito mais dinâmica.
— As redes ajudam em muitos aspectos. É evidente que o professor deve tomar cuidado com o que publica para os alunos nas redes. Da mesma forma que ele toma cuidado com o que fala em sala de aula. Cabe ao professor estabelecer um limite — afirma Pellizzari.
Esse limite profissional nem sempre é respeitado. No último dia 27 de setembro, investigações da Controladoria Geral de Minas Gerais terminaram com a exoneração de seis professores da rede estadual acusados de assediar alunas usando redes sociais como o aplicativo de mensagens WhatsApp e o Facebook. Em um caso na cidade de Barbacena, o docente começou a enviar mensagens via WhatsApp com o conteúdo que seria cobrado na prova e, depois, passou a mandar vídeos e fotos pornográficas. Em um episódio em São João Del Rei, o professor usou o Facebook para assediar algumas de suas estudantes.
ORIENTAR É PRECISO
Maus exemplos existem, mas a comunicação via mídias sociais chegou à comunidade escolar para ficar, e pode trazer uma série de vantagens. Dois recentes seminários internacionais de educação no Brasil trouxeram casos sobre o bom uso de redes como o Facebook na prática educacional. Mas especialistas dizem que as escolas precisam orientar essa interação. Alguns colégios assumiram o meio virtual de tal forma que adotaram plataformas como Moodle, Google Escolar e Kahoot, que possibilitam criar ambientes virtuais restritos a uma determinada instituição de ensino. Com elas, professores podem mandar exercício, responder questões e dar dicas. É uma forma de o colégio oficializar a interação virtual, com controle.
A Escola Parque, na Gávea, adotou a plataforma Moodle para que alunos e professores se comuniquem fora da sala. A instituição também utiliza outros aplicativos, como o Kahoot, dentro do colégio. Com o Moodle, um docente pode enviar exercícios para a turma e saber quem viu o trabalho e por quanto tempo o aluno visualizou a tarefa. Ele também responde a eventuais dúvidas on-line. Até mesmo em sala, professores como Igor França usam a ferramenta para criar questionários que são respondidos pelos alunos com seus celulares. As respostas são conferidas pelo docente em tempo real. 
— As redes sociais estão aí, e temos que lidar com elas da melhor forma. Gosto de pensar sobre o viés pedagógico. O que elas podem agregar à minha aula? Tem muita coisa que pode ser feita — comenta o professor de Ciências da Escola Parque, que também tem um perfil no Facebook criado só para tirar dúvidas de estudantes.
Igor não apenas permite, ele incentiva o uso de celular dentro de sala. Para o professor, é uma forma de tornar o aprendizado mais interessante. Um dos objetivos aqui é justamente acabar com a ideia de que as novas ferramentas estão restritas ao lazer, à conversa com os amigos. Os resultados desse estímulo podem ser vistos na própria sala. A aluna Clara Sussekind, de 10 anos, mantém um blog sobre sustentabilidade com suas amigas. Sua última postagem foi sobre os perigos dos transgênicos. 
— No blog, já teve até gente desconhecida acessando — orgulha-se Clara.
Redes sociais mais populares, como Twitter, Facebook e WhatsApp, também podem ter direcionamento pedagógico. O professor de História Paulo Alexandre Filho, de Recife, explicou a Segunda Guerra Mundial de forma inovadora utilizando a rede de Mark Zuckerberg. Ele criou perfis no site com os nomes dos diferentes personagens do conflito, como o alemão Adolf Hitler e o britânico Winston Churchill. Em seguida, publicou diálogos imaginários entre eles usando gírias contemporâneas. A iniciativa foi um sucesso entre seus estudantes, mas também viralizou por todo o país.
Em redes sociais abertas, porém, alguns cuidados extras são necessários para se manter a comunicação entre alunos e professores dentro dos limites pedagógicos. Para Rosália Duarte, coordenadora de Educação e Mídia da PUC-Rio, o colégio precisa deixar claro se inclui as redes sociais em seu projeto pedagógico e, nesse caso, indicar como deve acontecer esse relação entre seus professores e os alunos.
— O aluno está nas redes sociais, o professor também. Há várias formas de se explorar bem isso. Mas alguns cuidados são necessários. O professor pode, por exemplo, ter dois perfis. Um para uso pessoal e outro para interagir com os seus alunos. Ter cuidado com o que publica também é importante — aconselha Rosália. — Além disso, se a escola adota as mídias sociais como ambiente de diálogo entre aluno e professor fora de sala, deve pagar horas extras, porque é um esforço elaborar questões, tirar dúvidas e dar dicas.
‘COERÊNCIA E BOM SENSO’
Criar perfil exclusivo para conversar com alunos é uma estratégia disseminada entre professores para que vida pessoal e profissional não se confundam diante dos estudantes. Um docente de escola particular de Minas Gerais que não quis se identificar conta que foi orientado pela direção de seu colégio a deletar sua conta no Facebook após um episódio no mínimo desagradável. Ele tinha apenas um perfil, e sua rede de amigos incluía alguns estudantes.
— Certa vez, um aluno tirou uma nota baixa em uma prova minha, de Literatura, e os pais foram na escola reclamar. Eles mostraram uma foto publicada no meu perfil em que eu aparecia num bar com amigos, bebendo cerveja, e questionaram: “Que moral esse professor tem para dar nota baixa?”. Na imagem, não havia nem três garrafas na mesa, e eu sequer estava segurando um copo — conta o professor.
Para Renato Pellizzari, do QI, é importante ter coerência e alguns cuidados nesse novo ambiente de interação com os estudantes. 
— Não existe mais aquele professor distante do aluno e que detém uma moral só por ser professor. Acho que a rede social humaniza e aproxima o professor dos seus estudantes. Mas é necessário que o profissional tenha coerência e bom senso. Exatamente como é esperado dele dentro da sala de aula — afirma o coordenador.


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