Zero Hora

Tipo de Clipping: WEB

Data: 09/01/2016

Veículo: Zero Hora

"Mein Kampf", o pérfido livro de Hitler, cai em domínio público
09/01/2016

Entrada do livro em domínio público abre debate sobre o quanto é apropriado reeditar uma das obras mais infames da história

*Jornalista e doutora em Letras pela PUC-Rio. Pesquisadora da história do livro.2016 será o “Ano Hitler”. Pelo menos para o mercado editorial. Isso porque Mein Kampf – um misto de livro de memórias e projeto político do ditador mais odiado da História – entrou em domínio público em 31 de dezembro de 2015. Passados 70 anos da morte de Adolf Hitler, sua reedição continua provocando acaloradas discussões na Alemanha e no mundo. Tachada de ‘maldita’, a “Bíblia názi”, porém, é mais conhecida por sua fama do que por seu conteúdo. Escrito em 1924, enquanto o líder do partido trabalhista cumpria prisão depois de tentar um golpe de Estado em Munique, o primeiro volume foi publicado no ano seguinte pela editora do partido nazista, a Eher-Verlag, e o segundo, em dezembro de 1926. Até 1945, 12 milhões de exemplares haviam sido vendidos na Alemanha. Com a queda do regime nazista, passaram a ser considerados uma herança infame e comprometedora e foram, em sua maioria, destruídos. Em outubro de 1945, Mein Kampf foi formalmente proibido de ser divulgado e vendido no país, e seus direitos autorais foram entregues ao governo da Baviera. "Minha Luta", o controverso livro de Hitler, terá novas edições a partir desta semanaO libelo nazista, porém, não se limitou a circular apenas na Alemanha. Com a ascensão de Hitler ao poder em 1933, foi traduzido em mais de 20 idiomas, tornando-se em um best-seller mundial. No Brasil, Minha Luta foi lançado pela Editora Globo, de Porto Alegre, em setembro de 1934. Proscrito pela ditadura Vargas em 1942, toda a tiragem foi queimada a mando do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Minha Luta só seria reimpresso em 1962, pela editora paulista Mestre Jou. A edição foi apreendida e proibida logo após a publicação de uma portaria de 26/07/1962. Com a ditadura militar, permaneceu vetado. Em 1983, apesar da interdição, foi publicado pela paulista Editora Moraes. Em 1987, a Editora Pensamento, de São Paulo, lançou sua versão, baseada na edição de 1934 da Globo. Em 1990, foi a vez da gaúcha Editora Revisão lançar a sua. Uma nova edição da Editora Moraes, rebatizada como Centauro, saiu em 2001, sendo reimpressa em 2004 e 2005. Novas tiragens foram suspensas após uma série de processos na Justiça em que os donos da Centauro foram acusados de racismo. Com a liberação dos direitos autorais, a largada na corrida pela publicação da nova edição brasileira foi dada pela Geração Editorial, editora paulista que tem por tradição publicar livros considerados “polêmicos”.Professores alemães querem incluir 'Minha luta', de Hitler, nos programas escolaresMoradora da Capital que sobreviveu a Auschwitz relembra os horrores do nazismoJá na Alemanha, desde 2009 o governo bávaro prepara, com a colaboração de pesquisadores do Instituto de História Contemporânea de Munique, uma versão historicamente comentada com base no texto completo de Hitler, a ser lançada ainda neste mês. De suas 2 mil páginas, 780 contêm os 27 capítulos originais de Mein Kampf. Nas demais, vão introdução, índice e mais de 5 mil comentários. O volume custará 59 euros. Outras três versões estão sendo planejadas: uma em inglês, outra no formato de livro eletrônico e a terceira como audiolivro. Também está sendo estudada uma edição escolar.Se Mein Kampf nunca deixou de ser publicado em sua versão impressa, com a Internet descolou-se de sua materialidade e tornou-se acessível, mundial e gratuitamente, a todos os leitores. É possível adquirir, na web, exemplares impressos na língua inglesa em plataformas comerciais internacionais como o Ebay e a Amazon, e, no Brasil, no site Estante Virtual, que agrupa sebos de todo o país. Nele há desde uma versão de 1933, em alemão gótico, até edições em português das diferentes editoras nacionais que o publicaram. Também é fácil encontrar longos trechos do manifesto de Hitler, ou mesmo a obra integral, em formato eletrônico, em diversos idiomas, incluindo o português, para download gratuito, ou à venda em formato e-book. Desde novembro de 2012, a versão em inglês em formato digital está disponível nos websites da Amazon e do iTunes, tendo chegado à lista de mais vendidos encabeçando a categoria “Propaganda e  Psicologia Política”, após ter sido baixada mais de 100 mil vezes. Diante de tamanha popularidade e da liberdade de circulação de Mein Kampf no mundo virtual, uma pergunta se impõe: proibir sua reimpressão não seria uma medida anacrônica, uma vez que o texto de Hitler já se encontra em uma espécie de domínio público informal?"Diário de Anne Frank" poderá servir para fins científicosA entrada de Mein Kampf em domínio público a partir de 1º de janeiro de 2016 é a ponta do iceberg de um debate maior, o da censura de livros versus a liberdade de expressão. Essa disputa não é nova, mas se agrava pelo fato de seu autor ser um dos líderes políticos mais odiados da Humanidade e de seu livro ter entrado para a história como um legado ‘maldito’. Para os que se colocam contra a reedição de Meink Kampf, ele é um insulto às vítimas do Holocausto e deveria ser permanentemente esquecida no lixo da História. Para os que defendem a publicação de uma edição crítica da obra, esta é melhor forma de combater a mistificação do texto de Hitler e o racismo presente nele. Afinal de contas, não é dentro de si que o veneno carrega seu próprio antídoto?


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