Zero Hora

Tipo de Clipping: WEB

Veículo: Zero Hora

Data: 13/03/2016

Como os protestos impactam no governo, na oposição e no futuro da Lava-Jato
13/03/2016

  Nunca houve um domingo como 13 de março de 2016. Em uma mobilização histórica, 3,3 milhões de brasileiros vestindo verde e amarelo tomaram as ruas de pelo menos 257 cidades de todos os Estados do país em protesto contra o governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. Em São Paulo, a Polícia Militar estimou a presença de 1,4 milhão de pessoas, o maior contingente popular a ocupar a Avenida Paulista. No Rio, a manifestação chegou a oito quarteirões da orla de Copacabana. Em Porto Alegre, segundo a Brigada Militar, havia 100 mil pessoas no entorno do Parcão.

A insatisfação ganhou as ruas das capitais, de cidades interioranas e do Exterior. Houve atos de brasileiros em Londres, Nova York, Paris, Barcelona, Lisboa e Frankfurt. Em todos os lugares, o brado mais insistente pedia o impeachment da presidente Dilma e a prisão de Lula.

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– É o fim da inocência. O Brasil cansou dessa política perversa, incestuosa, que nos levou ao fundo do poço. Foi uma procissão cívica, uma tomada de consciência talvez inédita na história do país – sintetiza o antropólogo Roberto da Matta, professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio.

Se em São Bernardo do Campo, Lula saiu à rua para agradecer a solidariedade de 400 petistas que foram lhe consignar apoio, em Brasília Dilma permaneceu isolada no Palácio da Alvorada, avaliando o açodamento da crise com assessores próximos. No final do dia, a Secretaria de Comunicação da Presidência lançou nota em que elogiou "o caráter pacífico das manifestações". Nos bastidores políticos e na opinião de especialistas, o gigantismo dos atos populares fragilizou ainda mais a situação da presidente.

Como no sábado o PMDB havia anunciado uma debandada iminente do governo e na próxima quarta-feira o Supremo Tribunal Federal irá julgar o rito do impeachment, a perspectiva é de que a erosão da base governista e a insatisfação expressa nas ruas possam apressar um processo de deposição da petista.

– O descontentamento é exponencial e não há um indicativo de horizonte para o governo. A presidente não consegue mais liderar. Estamos diante de um dilema institucional, já que há a possibilidade real de se tirar da Presidência uma pessoa tida como honesta, mas ninguém vai aguentar um governo moribundo por mais dois anos e meio – afirma o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP) Renato Janine Ribeiro, que por cinco meses foi ministro da Educação de Dilma.

Juiz Sergio Moro é tratado como herói

Apesar da preponderância contra o PT, ninguém escapou à alça de mira dos manifestantes. Houve vaias e apupos ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do Supremo, Ricardo Lewandowski. Os maiores líderes do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foram hostilizados e tiveram de deixar às pressas a Avenida Paulista.

No local, centenas de bonecos infláveis de Lula vestido de presidiário ladeavam três enormes patos de borracha levados pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) como símbolos da campanha "Não vou pagar o pato", contra o aumento dos impostos. Em muitas cidades, as manifestações ganharam contornos de festa popular, com bandas musicais e coreografias.

No Parcão, o grupo La Banda Loka Liberal tocou clássicos de Sidney Magal, Reginaldo Rossi e marchinhas de carnaval antes de os discursos monopolizarem os microfones. Na Goethe, havia manifestantes vestidos de palhaço, de japonês da Federal e de petista preso.

– A descrença é geral. Já fui filiado ao PT e nunca mais voto no partido. O dinheiro corrompeu todo mundo – reclamava no Parcão um médico que não quis se identificar.

Fantasiado de detento, ele disse que se chamava Luiz Inácio. Entre os personagens da crise, o único a receber elogios era o juiz Sergio Moro. Responsável pela operação Lava-jato, o magistrado foi incensado em faixas, cartazes e camisetas que tinham seu rosto estampado. Em nota oficial, Moro se disse "tocado pelo apoio às investigações".

Para o filósofo José Arthur Gianotti, professor da USP e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, a onipresença da figura de um juiz nos atos Brasil afora demonstra o cansaço da população com o atual sistema político-partidário.

– A mobilização foi nacional, em todos os lugares teve protesto, sempre com apoio ao Moro e à Lava-jato. Isso revela que há uma enorme demanda por regeneração do político brasileiro – interpreta Gianotti.

Diante do ensurdecedor recado das ruas e da incapacidade de reação demonstrada pelo governo até agora, políticos tarimbados e cientistas sociais consideram que o Planalto está em uma encruzilhada. Petistas sugerem uma guinada à esquerda, com a formação de um novo ministério liderado pelo ex-presidente Lula e a adoção de políticas afinadas com os movimentos sociais. Para os analistas, essa postura acirraria ainda mais os ânimos da população.

– A única saída seria retomar o crescimento econômico, mas talvez não haja tempo para isso. Até porque há uma crise de identidade: este é um governo de esquerda, com uma política econômica de direita. O governo está engessado e não tem mais meta, nem mesmo a da utopia – avalia Janine Ribeiro.  


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