Zero Hora

Tipo de Clipping: WEB

Data: 17/03/2016

Veículo: Zero Hora

Onda de manifestações desperta reflexões e desafia pesquisadores
17/03/2016

Em tempos de redes sociais, protestos respondem aos acontecimentos de maneira cada vez mais rápida e organizada


As manifestações de rua que recrudesceram nos últimos dias — acompanhando a velocidade das notícias que vêm de Brasília — desafiam analistas, que buscam compreendê-las no calor dos acontecimentos. Em uma situação de acirramento dos ânimos e crescente polarização ideológica, multidões saem às ruas em defesa de mudanças no status político do país. Mas aonde poderão levar os protestos? Os manifestantes conseguirão articular a insatisfação e a revolta na forma de uma nova visão de país?

Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, que estuda e acompanha presencialmente as manifestações de rua, observa que é preciso distinguir três componentes: os insatisfeitos, os mobilizados e as lideranças.

 — Os insatisfeitos estão espalhados pelas classes sociais e pelo Brasil. Há pessoas com baixa e alta escolaridade. Já a mobilização nas ruas está concentrada na classe média profissional. São pessoas com alta renda e escolaridade. Os líderes dos protestos não devem ser confundidos com os mobilizados. Em uma pesquisa que fizemos no ano passado, os mobilizados defendem o sistema de saúde e educação público, gratuito e universal. Isso está em desacordo com as lideranças, que são grupos ultraliberais e buscam a privatização disso — explica o professor.

Mais espontaneidade e comunicação imediata

Embora organizações como Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre tenham um papel de proa, chama a atenção de estudiosos o caráter espontâneo das manifestações, estimuladas pelo imediatismo da comunicação pelas redes sociais. Na quarta-feira, pouco depois da nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, uma ampla mobilização se espalhou pelo país — em Porto Alegre, uma passeata saiu do Parque Moinhos de Vento e terminou no Palácio Piratini.

O professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio Luiz Werneck Vianna interroga se a força das ruas será articulada em um projeto de efetiva transformação de um sistema político percebido como viciado e corrupto:

— Esses movimentos são refratários à política, aos políticos e partidos. Isso faz com que funcionem como instrumento de pressão poderoso, mas sem rumo.

Para Werneck, o contexto de insatisfação social e radicalização de parte a parte é "preocupante":

— O país está dividido.A classe média está dividida, os trabalhadores também. Uns apoiam o governo, outros se recusam a apoiá-lo. Isso é muito ruim. A divisão cria um clima de polarização.O cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que "corremos o risco de sofrer consequências sérias e negativas pela frente" quanto ao "caráter odiento" do enfrentamento político. Uma partidarização teria contaminado importantes substratos sociais e institucionais.

Otimista com o potencial transformador das massas, o professor de ética e filosofia política da Unicamp Roberto Romano lembra que o Brasil viveu um hiato de mobilizações desde o impeachment de Collor aos protestos de 2013. Ele aponta a presença da internet como uma novidade na agitação atual:

— As pessoas não estão mais dispostas a voltar da manifestação para ficar em casa assistindo à TV. É uma massa cada vez mais exigente, que demanda uma mudança radical do Estado. Claro que isso não ocorrerá em pouco tempo, mas tende a acontecer.

Embora as redes sociais tenham se tornado a maneira mais rápida, eficiente e barata de convocar a população às ruas, seu impacto não está circunscrito à metade dos brasileiros que tem acesso à rede, na visão de Raquel Recuero, professora de Comunicação da UFRGS e da UCPel:

— O que é discutido na internet não fica apenas lá. As pessoas falam sobre isso nas ruas. O acesso a essas informações é pluralizado em diferentes classes sociais. Tudo isso chega muito mais longe do que a própria internet.


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