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Data: 29/06/2017

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Redução da meta de inflação é positiva, mas dificulta ajuste fiscal, apontam economistas
29/06/2017

Lucianne Carneiro e Rennan Setti - O Globo Tamanho do texto A A A RIO  - Economistas apontam que a redução da meta da inflação para os anos de 2019 e 2020, anunciada nesta quinta-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é uma medida positiva e ajuda a dar mais mais confiança em um momento de incerteza. A decisão, no entanto, gera um efeito colateral: dificulta o ajuste fiscal. Com uma inflação menor, o governo fica com menos espaço para expandir gastos, já que o limite de expansão é exatamente a inflação. A lei do teto de gastos públicos, aprovada no fim de 2016, prevê que as despesas de um ano devem ser iguais às do ano anterior, corrigidas apenas pela inflação acumulada em doze meses do período anterior. 

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ANÁLISE: Decisão de cortar meta aproveita espaços na economia, mas mira efeitos políticos

— É muito positiva a sinalização de que se quer uma meta menor em 2020, estamos há muito tempo com a mesma meta. Considerando que a inflação deve ficar em torno de 3% em 2017, é interessante aproveitar para deixar claro que se quer trazer a inflação para 3% ao ano em bases permanentes. (...) Só que isso cria um problema de administração fiscal. Por causa do teto dos gastos públicos, os gastos primários não podem crescer mais que a inflação — afirma o professor de Economia da FEA/USP Heron do Carmo. 

Ele explica que a inflação mais baixa dificulta o cumprimento do ajuste fiscal e que isso ocorrerá principalmente em 2018, já que é a inflação corrente que está em nível mais baixo e será usada como referência para a expansão dos gastos no próximo ano. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 3,6% nos doze meses encerrados em maio — a menor taxa nessa comparação em dez anos. Para Heron, no entanto, isso pode até ser considerado bom, já que o ajuste fiscal tem que ser feito de qualquer maneira. 

— É verdade que um ambiente de inflação mais baixa torna o ajuste fiscal mais difícil. Mas ninguém deve recomendar que se faca ajuste fiscal via inflação. Inflação é tributar sem legislar. Inflação sempre foi um imposto regressivo sobre os mais pobres. Assim, o a juste fiscal é necessário e critico mas não deve ser feito com inflação, porque ajuste fiscal via inflação é ajuste de péssima qualidade — diz o chefe de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. 

A avaliação de Ramos também é positiva em relação à redução da meta. Segundo ele, a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) vai na direção de uma inflação baixa e estável, o que ele considera como “a melhor contribuição para criar as condições para crescimento sólido e sustentável”. Ramos acredita que as novas metas são “críveis e alcançáveis”, diante do atual cenário de credibilidade da autoridade monetária e o ambiente benigno da inflação. 

— Numa fase tão dramática e tão incerta, a demonstração de confiança na economia é importante e a decisão de reduzir a meta é mais uma demonstração de confiança. A princípio, não vai mudar a ação do Banco Central a curto prazo, já que porque a inflação está baixa por causa da recessão e de um nível muito baixo dos preços de alimentos — afirma o professor de Economia da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha. 

Ele minimiza uma possível preocupação que poderia surgir com uma meta de inflação mais baixa: a possibilidade de dificultar a saída da recessão. Isso porque o país já terá que enfrentar o desafio de não avançar nas reformas.

— Teoricamente, uma meta de inflação de 4% em 2020 poderia dificultar a saída da recessão. Mas para isso teríamos que ter avançado nas reformas, um cenário que não existe. 

Segundo Solange Srour, economista da ARX Investimentos, a decisão de reduzir a meta para 4,25% é, além de bem vinda, necessária. 

— A expectativa de inflação para 2019 já está em 4,25%, segundo o boletim Focus. Se o CMN mantivesse a meta em 4,5%, a expectativa subiria até convergir para esse nível. Isso desancoraria a inflação e atrapalharia o ciclo atual de queda de juros. Aconteceu algo parecido em 2007, quando o CMN definiu a meta para 2009 em 4,5% no momento em que a expectativa pelo Focus já estava em 4% para aquele ano — disse Solange. 

A redução da meta também para 2020 foi um destaque ainda mais positivo segundo os economistas. Para Heron do Carmo, este foi o principal ganho da notícia, já que a redução para 4,25% em 2019 já era esperada: 

— Até acho que poderia ter reduzido a meta já para 2018. Mas essa história de reduzir a meta da inflação dois anos em sequência foi o grande ganho. 

— Ampliar o prazo de convergência é muito saudável. É o que os países que já tem a inflação controlada fazem. Diminui a incerteza para os agentes econômicos mas não quer dizer que não vai haver incerteza, dada toda o cenário por que passamos. se mantido o quadro fiscal controlado, é claro — afirmou Solange Srour. 

De acordo com a economista, a decisão do CMN terá impacto nos juros longos dentro do médio prazo. 


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