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Tipo de Clipping: WEB

Data: 11/07/2019

Veículo: Extra

Moradores de condomínio na Avenida Niemeyer temem deslizamentos de terra
11/07/2019

Em relatório de peritos indicados pelo TJ, blocos de rocha na encosta são apontados como um risco na Avenida Niemeyer
Em relatório de peritos indicados pelo TJ, blocos de rocha na encosta são apontados como um risco na Avenida Niemeyer Foto: Fabiano Rocha / Agência O GLOBO

Gustavo Goulart
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RIO — Moradores do condomínio Ladeira das Yukas, localizado na Avenida Niemeyer 550, estão temerosos com o risco de desmoronamento de terra da encosta da via pelos fundos do terreno. Essa possibilidade foi atestada por um engenheiro geólogo e por um biólogo da PUC-Rio, especialista em reflorestamento, que foram contratados pela associação de moradores para fazerem vistoria nos limites do imóvel. Em carta encaminhada à Geo-Rio, os moradores relataram que duas barreiras já desmoronaram.

Segundo o síndico do condomínio, o arquiteto Anibal Sabrosa, o geólogo verificou que há instabilidade no terreno em dois pontos nos fundos do imóvel. Na carta enviada à prefeitura, o condomínio pede providências para "eliminar o evidente risco das próprias casas e da vida de diversas pessoas que moram ou aqui trabalham".

Um técnico do da Geo-Rio esteve no local em março deste ano depois das chuvas de fevereiro. Ele constatou o rompimento de uma obra estabilizante no lote 19, que está desocupado e sem construções. E pediu a identificação do dono do imóvel para intimá-lo para apresentar, no prazo de 30 dias, um projeto de obras estabilizantes e inicia-lá logo após o licenciamento. Mas foi informado por vizinhos que o dono era estrangeiro e os herdeiros moram fora do Brasil.

De lá para cá, a situação só piorou no condomínio Ladeira da Yukas. O que fez com que a associação de moradores pedisse à Geo-Rio nova vistoria no dia 29 de maio. O síndico do condomínio está aflito:

— Há risco de aumento de erosão e de acontecer um deslizamento como aquele último que interditou toda a Avenida Niemeyer. Conheço o morador da casa que foi destruída no deslizamento de terra, e ele antes havia me dito que toda semana costuma para tirar muito lixo e até esgoto nos fundos de sua residência. Isso indica que pessoas que moravam em casas no alto do Vidigal jogavam objetos de toda sorte da rua que passa lá em cima do trecho do deslizamento. Até carcaças de carro eram jogadas na mata — lamentou Anibal Sabrosa.

Além dos riscos de deslizamentos de terra sobre algumas das 40 residências do condomínio, os moradores sofrem com a precariedade de mobilidade ocasionada pela interdição da Avenida Niemeyer. Sabrosa destacou que os moradores estão gastando mais dinheiro para pagar a seus funcionários o transporte em mototáxis ou em carros chamados por aplicativos. E que mudou sua rotina. Hoje ele precisa sair pelo menos 15 minutos mais cedo de casa para levar a filha ao colégio e trabalhar em Botafogo.

— É muito estressante o trânsito que temos que pegar todos os dias, que é muito grande. Moro num lugar maravilhoso, mas volto para casa desanimado sabendo que vão enfrentar um grande congestionamento por causa do fechamento da Avenida Niemeyer. Hoje saio pelo menos 15 minutos mais cedo para levar minha filha no colégio e ir para o escritório no Largo dos Leões — comentou.

A moradora Maria Cristina Ferraz também sofre com a carência de mobilidade. Sua filha, a dubladora Remata Ferraz, de 40 anos, vai se mudar, nesta sexta-feira, da casa dos pais no condomínio, que tem uma das vistas mais deslumbrantes do mar de São Conrado, para um apartamento em Copacabana.

— Ficou complicado para minha filha ir trabalhar. Se vai de carro, não há lugar para estacionar. Motoristas de Uber não entram na Niemeyer com medo de serem multados. Só nos resta táxis de um ponto em São Conrado que costumam nos atender, mas nem sempre eles estão lá. Minha filha precisa de mobilidade. Em Copacabana, ela tem acesso fácil ao metrô. Isso sem contar os engarrafamentos. Só podemos acessar o condomínio por São Conrado. E na hora de sair para ir ao Leblon, por exemplo, precisamos ir por São Conrado e pegar o túnel (Zuzu Angel). Na noite de quarta-feira, saí de Copacabana para casa às 20h e levei uma hora para chegar porque estava tudo parado — contou.

Nesta quinta-feira, repórteres do GLOBO foram até a Avenida Niemeyer e constataram o que peritos da Justiça relataram no documento elaborado sobre a situação da via. No trecho onde houve o maior deslizamento, a cerca de 150 m do condomínio Ladeira da Yukas, não é possível acessar e ver um conjunto enorme de blocos de pedras que podem rolar com uma chuva mais forte.

No documento os peritos registraram o seguinte: "Existência de diversos blocos de rocha de tamanhos variados na encosta, que estão sendo objeto de desmonte, e outras que estão sendo objeto de deslocamento por escavadeiras, procedimento necessário, mas que, no curso de sua execução, oferece risco não desprezível de ser iniciada uma movimentação de blocos isolados, o que eventualmente poderia atingir a via, concorrendo para isto inúmeros fatores que não se podem dominar".

Veja o que diz a carta da associação à Geo-Rio

"Somos a organização da associação da Ladeira das Yukas, conjunto de residências e terrenos localizados a Avenida Niemeyer 550, entre os bairros do Vidigal e São Conrado. Como é do conhecimento de todos, nossa querida cidade sofreu fortemente com as chuvas ocorridas no dia 6 de fevereiro, no dia 21 de março, dia 9 de abril e no dia 16 de maio.

Todos esses eventos se concentraram na região litorânea, especialmente na Zona Sul, onde mais foram castigados os bairros do Vidigal e Rocinha. E a Avenida Niemeyer une justamente essas duas comunidades.

É sabido o que ocorreu, e ainda vem ocorrendo, em nossa região. Nossas casas são limítrofes à Mata Atlântica e entendemos haver necessidade de obras emergenciais, especialmente nas áreas posteriores e ao lado das casas 01, a casa 2, casa 10, casa 12 e casa 35, eliminando o evidente risco das próprias casas e da vida de diversas pessoas que moram ou aqui trabalham.

Já houve queda de duas barreiras nessas proximidades, razão pela qual (contratamos) um engenheiro geotécnico, que confirmou a instabilidade do trecho. Estamos buscando minimizar os danos com reflorestamentos pontuais e verificação de tubulações. Assim, se torna imprescindível uma urgente vistoria dos locais mencionados para definição e implantação das soluções mitigadoras. Solicitamos também que esta associação seja mantida informada das providências adotadas para tranquilidade de nós moradores tão sobressaltados com a hipótese de uma catástrofe anunciada, qual seja o deslizamento total desta área".


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