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Data: 22/05/2017

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Levantamento revela que 75% da população da Maré reprova ocupação militar na região
22/05/2017

O levantamento também revelou que as pessoas que vivem na região não confiam muito na presença das tropas que ocupam as comunidades. 98,5% dos entrevistados afirmaram que nunca pediram auxílio para os agentes do exército na região. O levantamento indagou aos entrevistados se eles teriam tido direitos violados pelos representantes das Forças Armadas, 9% afirmou que sim e 34% disseram ter sido submetidos à revista pessoal, dentre esse contingente, 44,5% eram negros. Além disso, a pesquisa estimou que cerca de quatro mil, dos 47 mil, domicílios da região já teriam sido revistados pelos militares.


Cerca de 75% da população da Maré considera ocupação militar regular, ruim ou péssima
Gabriela Lino / Divulgação



Uma pesquisa realizada pela Ong Redes da Maré em parceria com o Peoples Palace Projects, da Queen Mary University of London, e com o apoio do Newnton Found, revelou que cerca de 75% da população do Complexo da Maré, na zona norte do Rio, considera a ocupação dos militares regular, ruim ou péssima. Apenas 4% considerou a intervenção ótima e 19,9% boa. Foram ouvidos, durante o mês de fevereiro de 2015, mil moradores com idade entre 18 e 69 anos, das 15 comunidades ocupadas na região.

O levantamento também revelou que as pessoas que vivem na região não confiam muito na presença das tropas que ocupam as comunidades. 98,5% dos entrevistados afirmaram que nunca pediram auxílio para os agentes do exército na região. O levantamento indagou aos entrevistados se eles teriam tido direitos violados pelos representantes das Forças Armadas, 9% afirmou que sim e 34% disseram ter sido submetidos à revista pessoal, dentre esse contingente, 44,5% eram negros. Além disso, a pesquisa estimou que cerca de quatro mil, dos 47 mil, domicílios da região já teriam sido revistados pelos militares.

Para a coordenadora da pesquisa, Eliana Silva, doutora em Serviço Social pela Puc-Rio, o foco da intervenção militar não foi a garantia dos direitos dos moradores, mas o controle do território e das práticas sociais. Para ela, em nome do combate aos grupos criminosos,a favela é tratada como um “território de exceção”, onde direitos não precisam ser efetivamente obedecidos.

— Isso explica porque o Exército usa, com naturalidade, tanques para fazer o patrulhamento das ruas, anda com armas de guerra de alto calibre e coloca arames e sacos de areia em viase ciclovias, tornando a paisagem, efetivamente, uma arena de guerra — ressalta Eliana.

A pesquisa diz ainda que estes dados coincidem com as pontuais e violentas operações policiais que ocorrem com cada vez mais frequência na Maré. O estudo aponta que a ausência de uma postura preventiva dos agentes de segurança pública, o saldo dessas incursões é um número expressivo de pessoas assassinadas e feridas, além de violações de direitos dos moradores, fechamento de escolas, creches, clínicas da família, comércio e outras atividades que impactam diretamente a rotina de quem vive na região.

Eliana destacou que o treinamento, competências e habilidades diversas daquelas necessárias para a garantia da segurança pública em um aglomerado residencial, aliado ao uso de táticas da política de “guerra às drogas”, fizeram com que a ocupação do Exército fosse cara e ineficiente. Ela ressalta os casos de desrespeito aos moradores, violação de direitos e perda de vidas de pessoas inocentes.

— Não há como não considerar a ocupação um fracasso, tendo em vista as expectativas da sociedade – e dos próprios moradores – frente a um investimento tão vultoso do ponto de vista econômico, logístico, militar, político e social — afirma Eliana Silva — O preço que se pagou foi muito alto para que nenhum avanço estrutural tenha ocorrido — completou.

Manifestação marcada para esta quarta (24)

Com o objetivo de chamar atenção da sociedade e exigir uma solução do poder público para a escalada da violência na Maré, moradores, comerciantes, lideranças comunitárias e religiosas, organizações, representantes de órgãos públicos e artistas realizam na quarta-feira (24) a Marcha Contra a Violência na Maré. O evento é organizado pelo Fórum "Basta de Violência! Outra Maré é Possível".

Apenas nos três primeiros meses de 2017, 14 operações de forças de segurança pública e sete dias de conflitos entre grupos armados deixaram 13 pessoas mortas nas favelas que formam o Complexo da Maré. Durante todo o ano de 2016, foram 17 mortos e 16 feridos em 33 incursões da polícia. Até o momento as crianças e jovens da Maré ficaram 11 dias sem aula e os moradores já contabilizam 17 dias de postos de saúde fechados, inclusive no dia da campanha de vacinação.

O Fórum também contesta a falta de transparência, por parte do Governo do Estado, sobre os motivos desta atuação violenta nas favelas do Rio de Janeiro, em uma estratégia que se repete há anos, e que eles avaliam não apresentar resultados efetivos. De acordo com o Fórum, durante os quinze meses em que as Forças Armadas ocuparam o conjunto de favelas da Maré, foram gastos R$ 1,6 milhões por dia, totalizando R$ 600 milhões durante todo o período de ocupação. O órgão alega que em contrapartida, entre 2009 e 2015, o investimento da Prefeitura em programas sociais na região foi de R$ 303,63 milhões – metade do investimento realizado com a Força de Pacificação em um ano e três meses.

Diversos artistas declararam apoio à marcha. Personalidades como Maria Flor, Patrícia Pillar, Bruno Gagliasso, Rico Dalasam, Adriana Varejão, Camila Pitanga e Lázaro Ramos se manifestaram publicamente sobre o tema e alguns gravaram depoimentos que foram publicados na página oficial do Fórum.


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